São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2000

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MERCADO GLOBAL
Sinais de pressão inflacionária derrubam Bolsa de NY e ação do BCE
Desemprego nos EUA segura euro

DA REDAÇÃO

A manutenção da taxa de desemprego dos EUA em seu menor índice em 30 anos e salários em alta derrubaram a Bolsa de Nova York e frearam a valorização do euro diante do dólar ontem.
O BCE (Banco Central Europeu) comprou euros, com o objetivo de fortalecer a sua moeda. Ela chegou a subir, mas logo caiu diante do dólar, abatida pela falta de credibilidade e pelo temor de pressão inflacionária nos EUA.

Economia norte-americana
A taxa de desemprego de outubro nos EUA permaneceu no menor patamar em 30 anos -3,9%, o mesmo valor de setembro.
Se o fato isolado já poderia levantar preocupações, a divulgação dos ganhos dos trabalhadores criou mais instabilidade.
Em outubro, os salários por horas trabalhadas tiveram aumento de 0,4% -o maior verificado no país desde abril. Em setembro, a alta havia sido de 0,2%.
O que pode parecer uma boa notícia é, de fato, uma preocupação para a economia do país.
A combinação entre desemprego baixo e pessoas ganhando bem pode estimular o consumo e gerar inflação. Do mesmo modo, salários maiores também podem obrigar donos de fábricas a aumentar o custo de seus produtos -o que também geraria inflação.
Analistas esperavam para outubro taxa de desemprego de 4% e elevação média de 0,3% no salário por hora trabalhada.
No entanto outubro também registrou criação de menos vagas novas, quando comparado ao mês de setembro. Em outubro foram criados 137 mil novos postos de trabalho, ante 195 mil em setembro.
Os pedidos às fábricas dos EUA, divulgados ontem, aumentaram 1,6% em setembro, totalizando US$ 388,6 bilhões, ante crescimento de 2% em agosto.
Segundo o Departamento de Comércio, os pedidos foram impulsionados pela grande procura por equipamentos eletrônicos e veículos. O resultado ficou bem acima do estimado pelos analistas -alta de 0,9%.
A Bolsa de Nova York operou no vermelho durante todo o dia devido ao medo de que a pressão inflacionária no país estimule o Federal Reserve (BC do país) a elevar as taxas de juros.
A Nasdaq (Bolsa eletrônica que concentra ações de tecnologia) conseguiu operar no azul e fechou em alta de 0,66%, estimulada pelos resultados positivos de algumas empresas do setor de tecnologia.
O Dow Jones (principal indicador da Bolsa de Nova York) caiu 0,57%, também afetado pelo clima de ansiedade política que existe no país. As eleições presidenciais são na próxima semana.

Intervenção
O BCE fez ontem sua segunda intervenção para fortalecer o euro. A primeira havia sido uma ação conjunta entre ele, o Fed e o Banco do Japão em setembro, que falhou em sustentar a alta da moeda por mais de alguns dias.
O BCE não divulgou o quanto injetou no mercado. O euro chegou a subir para US$ 0,8796, mas terminou cotado a US$ 0,8631 em Londres -na quinta-feira a moeda havia sido cotada a US$ 0,8601.
Segundo analistas, o BCE foi malsucedido pois o banco não conseguiu dar credibilidade à moeda e também por ter sofrido os efeitos da instabilidade que os indicadores dos EUA geraram.



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