São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2000

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MERCADO TENSO
Moeda norte-americana teve alta de 1,25% e fechou em R$ 1,943, o maior nível desde outubro de 99
Tensão na Argentina faz o dólar disparar

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de câmbio reagiu com nervosismo à declaração do ex-presidente da Argentina Raul Alfonsín e, pressionado pela baixa liquidez de ontem, o dólar comercial subiu 1,25% para fechar em R$ 1,943 (cotação para venda).
A moeda norte-americana não atingia esse nível desde outubro do ano passado.
Alfonsín disse que a declaração de moratória seria a solução para a crise econômica do país.
Como muitos investidores resolveram emendar o feriado, o volume negociado diminuiu, o que aumentou a pressão sobre a moeda norte-americana.
"A falta de liquidez no mercado facilitou a forte elevação do dólar ontem. Mas acho que houve um certo exagero na cotação final", afirma Mário Battistel, da corretora Novação.
O dólar fechou próximo da cotação máxima do dia -R$ 1,945-, com a maior alta percentual em um dia desde 13 de abril deste ano.
"Se a declaração do ex-presidente tivesse sido em um dia normal, longe do feriado, o dólar não teria subido tanto. E a palavra moratória sempre tem um efeito muito forte sobre os mercados latinos", disse um operador de uma grande corretora.
Com a alta de ontem, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,46% na semana.
O Ptax (preço médio do dólar medido diariamente pelo Banco Central) também fechou em alta, de 0,98%.
Analistas acreditam que na segunda-feira, desde que não haja nenhuma outra notícia negativa vinda do exterior no fim-de-semana, o mercado deva ceder um pouco, e a cotação da moeda, cair.
O dólar começou a subir fortemente no mês passado, refletindo a preocupação do mercado com o cenário externo.
A volatilidade nos preços do petróleo, que piorou depois do início dos combates entre palestinos e israelenses, e os problemas político-econômicos da Argentina, foram os principais motivos apontados nas últimas semanas para a pressão sobre a moeda.
O medo do reflexo da alta do petróleo nas contas do país e o receio de que a crise na Argentina atinja o Brasil por "contágio" fez com que empresas e instituições financeiras passassem a procurar a moeda norte-americana de forma mais intensa em busca de "hedge" (proteção contra as oscilações do câmbio). Especuladores também aproveitaram o momento para pressionar a cotação da moeda.


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