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LEILÃO
Venda está marcada para dia 20
BC prepara estratégia para leilão do Banespa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central está montando uma estratégia para evitar que
ações judiciais emperrem a venda
do Banespa durante a reta final
para a realização do leilão, marcado para o próximo dia 20.
O diretor de Finanças Públicas
do BC, Carlos Eduardo de Freitas,
disse que o governo já está se preparando para contestar uma possível ação judicial a ser movida
pelo procurador da República em
Brasília Luiz Francisco de Souza.
Freitas acusou o procurador de
ter vazado informações contidas
no laudo de avaliação do Banespa
para, em seguida, tentar paralisar
o leilão com base em uma suposta
irregularidade apontada pela imprensa.
"Em geral, ele usa esse expediente. Vaza o material e, com base nas reportagens, entra com
ações judiciais", afirmou. A revista "Carta Capital" publica reportagem nesta semana, baseado em
estudo de economistas da Unicamp e do Dieese que questiona a
avaliação do Banespa.
"Estamos tomando medidas
cautelares para responder a ações
judiciais com base nessa reportagem", disse o diretor do BC. A Folha tentou falar com o procurador
Luiz Francisco, mas não conseguiu localizá-lo.
Freitas disse que os advogados
do BC e da União estão se preparando para questionar possíveis
decisões judiciais em processos
sobre o Banespa que correm na
15ª Vara Federal em São Paulo.
"Poderemos ter alguma decisão
nessa vara às vésperas do leilão. Já
estamos nos preparando para, se
for o caso, recorrer", afirmou.
Lucros
Ontem, o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo,
João Vaccari, criticou a decisão do
BC de conceder ao futuro controlador do Banespa o direito aos lucros apurados em 2000.
"Nós estamos denunciando que
o preço mínimo do leilão é baixo
há muito tempo. Dar os lucros para o novo controlador é o mesmo
que subavaliar ainda mais o patrimônio do banco."
Segundo Vaccari, técnicos do
Sindicato devem analisar o material publicado pela revista "Carta
Capital". "Na segunda-feira teremos uma avaliação melhor sobre
os problemas apontados pela revista", disse.
Os lucros (ou prejuízos) dos
bancos privatizados nos últimos
anos ficaram para os novos controladores. A novidade no caso do
Banespa talvez seja o fato de ser a
primeira instituição pública a ser
vendida que dará um bom lucro
no período anterior ao leilão.
Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, o Banerj, vendido ao Itaú em junho de 97, apresentou lucro de R$ 4,93 milhões
no primeiro semestre daquele
ano. O Baneb, comprado pelo
Bradesco em julho do ano passado, registrou resultado positivo
de R$ 6,142 milhões nos primeiros seis meses de 99.
O Banestado, vendido no mês
passado para o Itaú, deu lucro no
primeiro semestre de R$ 20,5 milhões.
Até setembro, o Banespa já acumulou lucro de R$ 749,467 milhões.
Os analistas avaliam, no entanto, que isso não significará perda
para o governo. A previsão de lucro foi incluída na avaliação do
preço da instituição. No edital de
venda, as consultorias que fizeram o cálculo do preço mínimo
do banco utilizaram o método do
fluxo de caixa descontado.
A conta é feita da seguinte forma: projeta-se quais serão os resultados do banco em um determinado período e calcula-se
quanto isso valerá hoje. No caso
do Banespa, o período estimado
foi de dez anos, com a data de início em 31 de dezembro de 99. Ou
seja, os resultados de 2000 foram
incluídos.
Para Bruno Zaremba, analista
do Pactual, o lucro a receber será
considerado pelos nove bancos
que estão na disputa na hora de
fazer a oferta de compra. Ele acredita que o leilão será bastante disputado e que, por isso, seria como
se o lucro fosse "incorporado" ao
preço mínimo na hora de os concorrentes avaliaram o quanto de
ágio pagarão.
Os funcionários do Banespa decidiram ontem continuar a greve
iniciada na última terça-feira. Segundo o Sindicato dos Bancários,
mais de 90% das agências estão
paralisadas. A direção do Banespa
não divulgou uma avaliação da
extensão da greve ontem.
Os sindicalistas garantiram que
os clientes do banco que recebem
seus salários na próxima semana
não terão problemas.
O sindicato comprometeu-se,
segundo Vaccari, a garantir que
os funcionários responsáveis pelo
setor de compensação cuidem
para que não haja problemas com
o crédito dos salários.
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