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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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ACORDO

Decisão técnica pode sair hoje

Missão do Fundo vê inflação sob controle

Marco Antonio Teixeira/"O Globo"
Ruarte, do FMI, que almoçou no turístico Garota de Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro


DA SUCURSAL DO RIO

O chefe da missão do FMI (Fundo Monetário Internacional), o argentino Jorge Márquez-Ruarte, disse ontem, no Rio, estar otimista com os rumos da economia. Para ele, a inflação ficará próxima da meta de 8,5% deste ano e de 5,5% em 2004, como prevê a equipe econômica.
Ruarte afirmou que já há "sinais de crescimento" econômico e que há confiança externa no governo e na sua política econômica.
"A inflação está controlada e está controlada para 2004. Isso é claro e é por isso que o Banco Central está reduzindo os juros. Estou muito otimista com a situação do Brasil. Todos os indicadores econômicos estão melhorando e já se vê sinais de crescimento", afirmou Ruarte, que passou o fim de semana hospedado num hotel da zona sul do Rio.
Ruarte reafirmou que recomendará à direção do Fundo a aprovação da quinta e última parcela do acordo de US$ 30 bilhões firmado com a instituição em setembro do ano passado.
O valor da parcela é de US$ 8 bilhões. Ele deixou claro que o Brasil cumpriu todas as metas estabelecidas pelo FMI.
"Nós recomendamos que [o FMI] aprove, mas é a direção do Fundo que decide isso", afirmou.
Segundo ele, a recomendação será submetida à direção do FMI, que decidirá em 30 dias. Neste caso, o dinheiro poderá ser sacado pelo Brasil ainda em dezembro.
A missão do Fundo está no país há uma semana e deverá voltar a Washington em dez dias. Ele deu a entender que "notícias sobre um novo acordo" já estarão disponíveis no fim desta semana. Ruarte não adiantou as bases desse novo acordo.
Segundo ele, ainda não foi discutida a proposta do governo de excluir os investimentos das estatais como despesas públicas para o cálculo do superávit primário. Hoje, apenas a Petrobras conta com o benefício. Ruarte afirmou que o acordo com o FMI não deverá incluir metas sociais, como quer o governo brasileiro.
"É claro que o governo tem a sua agenda social, que apoiamos, mas é ele quem decide onde irá aplicar os recursos. Geralmente, não somos nós que dizemos: "Gaste nisso, gaste naquilo"."
Ontem, Ruarte almoçou no Garota de Ipanema, tradicional restaurante de Ipanema (zona sul), onde nos anos 60 Tom Jobim e Vinícius de Moraes compuseram a música que dá nome ao lugar. O almoçou custou R$ 60. O chefe da missão do FMI foi presenteado com uma camisa com a letra da música "Garota de Ipanema".

Decisão
O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, afirmou ontem, à agência de notícias Reuters, que o governo decidirá hoje se leva adiante ou não as negociações para um novo acordo.
"Até amanhã [hoje], vamos bater o martelo. Amanhã [hoje] será a decisão técnica", disse, acrescentando que, amanhã, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, definirá, caso a decisão seja favorável a um novo acordo, os termos do programa.


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