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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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País "merece respeito" do FMI, diz Alencar

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente interino da República, José Alencar, disse que o Brasil "merece um tratamento respeitoso" do FMI (Fundo Monetário Internacional) e sugeriu que o fundo pode considerar os pleitos do país num novo acordo.
Questionado se o Brasil conseguiria incluir melhores condições num eventual novo contrato, Alencar afirmou: "Se há um país que merece um tratamento respeitoso [diferenciado] por parte do FMI, é o Brasil".
"Esse tratamento respeitoso não é por acaso. É pelo comportamento que o Brasil tem adotado", afirmou Alencar, em entrevista, após a abertura do 44º Congresso da Ilafa (Instituto Latino-Americano do Ferro e Aço), no Rio.
O Brasil discute com o Fundo a prorrogação do atual acordo, que vence neste ano.
Alencar não afirmou quais as novas bases que o governo quer negociar com o Fundo. Uma missão do FMI está no Brasil para analisar dados do atual acordo.
O presidente interino voltou a criticar as altas taxas de juro. Indagado sobre o nível dos juros no mercado, sua resposta foi lacônica: "Um roubo".
Ele atacou ainda os "spreads" bancários. "São os mais altos do mundo. Há casos de "spreads" de 700% em relação à taxa básica. Isso não pode continuar. É um forte inibidor do crescimento."
Segundo Alencar, "enquanto o custo de capital for mais elevado do que a remuneração de uma atividade produtiva, não há investimento". Ou seja: o investidor prefere deixar o dinheiro numa aplicação a que investi-lo numa fábrica, por exemplo.
Em relação à Alca (Aérea de Livre Comércio das Américas), defendeu uma participação mais ativa dos empresários. Disse que o Itamaraty deveria ouvir mais o setor produtivo e que nenhum tipo de ideologia deve "perturbar" as negociações. "O Itamaraty é ideal para formatar as negociações, desde que bem assessorado pelos setores que conhecem produção e mercado internacional", afirmou.
Alencar disse que o único interesse do Brasil na Alca deve ser o econômico: "Temos de negociar com firmeza, sem nenhum tipo de ideologia que perturbe os trabalhos de negociação".


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