|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DATAFOLHA
Pesquisa mostra que 44% dos consumidores pretendem adquirir menos presentes; 19% dizem que vão gastar mais
Brasileiro planeja comprar menos no Natal
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender da disposição de
compra do brasileiro, o Natal de
2003 será mais fraco que o de
2002. Segundo pesquisa Datafolha feita nos últimos dias 28 e 29,
44% dos consumidores pretendem adquirir menos presentes
neste fim de ano. Outros 35% têm
intenção de comprar o mesmo
que em dezembro passado.
Ou seja, apesar da recente recuperação de indicadores macroeconômicos e da facilitação do
acesso ao crédito, se depender de
79% dos entrevistados o comércio lucrará menos ou, na melhor
das hipóteses, o mesmo que no
ano passado.
Apenas 19% dos entrevistados
disseram que vão comprar mais
presentes neste fim de ano.
Outros 2% responderam que
não sabem se comprarão mais,
menos ou a mesma quantidade
de presentes no próximo Natal
em relação ao último.
A margem de erro da pesquisa,
que ouviu 3.627 pessoas em 130
cidades de todo o país, é de dois
pontos percentuais para mais ou
para menos.
A perspectiva de médio prazo é
melhor, mas está longe de revelar
as chances de um boom de demanda. Perguntados sobre sua
intenção de consumo nos próximos seis meses em relação aos últimos seis, 41% responderam que
devem ficar na mesma.
Outros 25% disseram que deverão consumir menos. E 32% afirmaram que pretendem gastar
mais nos próximos seis meses. Os
consumidores que não sabem o
quanto devem consumir somaram 2% do total.
Novamente, consumidores que
gastarão menos ou a mesma
quantidade somam bem mais que
a metade do total: 66%.
Segundo especialistas, isso mostra que a recente melhora dos indicadores macroeconômicos ainda não é suficiente para estimular
o brasileiro a voltar às compras.
Isso porque, apesar do controle
da inflação e da redução dos juros
básicos da economia, a renda
continua em queda e o desemprego em alta.
Além disso, apesar do acesso facilitado ao crédito nos programas
estimulados pelo governo e redução dos juros, atualmente em 19%
ao ano, as taxas finais para o consumidor ainda são altas.
Para Cláudio Felisoni, coordenador-geral do Provar-USP (Programa de Administração de Varejo), esses são os três principais fatores que barram uma retomada
da demanda por bens e serviços
no Brasil.
"Os resultados da pesquisa Datafolha mostram que, embora tenha havido mudanças macroeconômicas positivas, como a queda
dos juros, ainda não estão dadas
as condições objetivas para a retomada do consumo", afirma.
Segundo Felisoni, esse cenário
só deverá começar a mudar depois do Carnaval do próximo ano.
"Inícios de ano, geralmente, são
fracos mesmo. Acho que uma retomada do consumo só deverá
ocorrer depois do Carnaval de
2004", afirma Felisoni.
Baixa renda
A intenção de compra da população de baixa renda tanto para o
Natal como para os próximos seis
meses é maior que a das classes
mais altas, segundo os resultados
da pesquisa Datafolha.
Por exemplo, entre os brasileiros com renda familiar de até cinco salários mínimos, 33% dizem
que pretendem consumir mais
nos próximos seis meses que nos
últimos seis. Dentro dessa mesma
faixa salarial, 20% responderam
que comprarão mais presentes
neste Natal do que no último.
Já entre aqueles consumidores
com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, esses
percentuais caem, respectivamente, para 29% e 12%.
Outro dado interessante da pesquisa Datafolha diz respeito à intenção de consumo por ocupação
principal. Depois dos estudantes
(41%), os desempregados brasileiros que estão buscando trabalho (36%) são os que mais pretendem aumentar seu consumo nos
próximos seis meses em relação
aos últimos seis.
Texto Anterior: Bancos: BB e Caixa vão compartilhar atendimento Próximo Texto: Automóveis: Corte no IPI leva venda de carro ao maior nível desde maio de 2001 Índice
|