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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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DATAFOLHA

Pesquisa mostra que 44% dos consumidores pretendem adquirir menos presentes; 19% dizem que vão gastar mais

Brasileiro planeja comprar menos no Natal

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender da disposição de compra do brasileiro, o Natal de 2003 será mais fraco que o de 2002. Segundo pesquisa Datafolha feita nos últimos dias 28 e 29, 44% dos consumidores pretendem adquirir menos presentes neste fim de ano. Outros 35% têm intenção de comprar o mesmo que em dezembro passado.
Ou seja, apesar da recente recuperação de indicadores macroeconômicos e da facilitação do acesso ao crédito, se depender de 79% dos entrevistados o comércio lucrará menos ou, na melhor das hipóteses, o mesmo que no ano passado.
Apenas 19% dos entrevistados disseram que vão comprar mais presentes neste fim de ano.
Outros 2% responderam que não sabem se comprarão mais, menos ou a mesma quantidade de presentes no próximo Natal em relação ao último.
A margem de erro da pesquisa, que ouviu 3.627 pessoas em 130 cidades de todo o país, é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A perspectiva de médio prazo é melhor, mas está longe de revelar as chances de um boom de demanda. Perguntados sobre sua intenção de consumo nos próximos seis meses em relação aos últimos seis, 41% responderam que devem ficar na mesma.
Outros 25% disseram que deverão consumir menos. E 32% afirmaram que pretendem gastar mais nos próximos seis meses. Os consumidores que não sabem o quanto devem consumir somaram 2% do total.
Novamente, consumidores que gastarão menos ou a mesma quantidade somam bem mais que a metade do total: 66%.
Segundo especialistas, isso mostra que a recente melhora dos indicadores macroeconômicos ainda não é suficiente para estimular o brasileiro a voltar às compras.
Isso porque, apesar do controle da inflação e da redução dos juros básicos da economia, a renda continua em queda e o desemprego em alta.
Além disso, apesar do acesso facilitado ao crédito nos programas estimulados pelo governo e redução dos juros, atualmente em 19% ao ano, as taxas finais para o consumidor ainda são altas.
Para Cláudio Felisoni, coordenador-geral do Provar-USP (Programa de Administração de Varejo), esses são os três principais fatores que barram uma retomada da demanda por bens e serviços no Brasil.
"Os resultados da pesquisa Datafolha mostram que, embora tenha havido mudanças macroeconômicas positivas, como a queda dos juros, ainda não estão dadas as condições objetivas para a retomada do consumo", afirma.
Segundo Felisoni, esse cenário só deverá começar a mudar depois do Carnaval do próximo ano.
"Inícios de ano, geralmente, são fracos mesmo. Acho que uma retomada do consumo só deverá ocorrer depois do Carnaval de 2004", afirma Felisoni.

Baixa renda
A intenção de compra da população de baixa renda tanto para o Natal como para os próximos seis meses é maior que a das classes mais altas, segundo os resultados da pesquisa Datafolha.
Por exemplo, entre os brasileiros com renda familiar de até cinco salários mínimos, 33% dizem que pretendem consumir mais nos próximos seis meses que nos últimos seis. Dentro dessa mesma faixa salarial, 20% responderam que comprarão mais presentes neste Natal do que no último.
Já entre aqueles consumidores com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, esses percentuais caem, respectivamente, para 29% e 12%.
Outro dado interessante da pesquisa Datafolha diz respeito à intenção de consumo por ocupação principal. Depois dos estudantes (41%), os desempregados brasileiros que estão buscando trabalho (36%) são os que mais pretendem aumentar seu consumo nos próximos seis meses em relação aos últimos seis.


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