UOL


São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FRAUDES DO CAPITAL

Supostas irregularidades na administração de carteiras pode abalar investimentos que movimentam US$ 7 tri

Onda de acusações ameaça fundos nos EUA

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Uma recente onda de denúncias de irregularidades na administração de diversos fundos mútuos nos EUA abala a credibilidade do mercado e ameaça gerar uma fuga em massa de investidores dessas aplicações, nas quais 95 milhões de americanos movimentam US$ 7 trilhões.
O estopim da desconfiança surgiu com a acusação de fraude administrativa envolvendo a Putnam Investments. A empresa, a quinta maior administradora de fundos mútuos dos EUA, foi acusada de fraude pela SEC (Securities and Exchange Commission, equivalente à CVM brasileira), por agentes reguladores de Massachusetts e pelo procurador-geral de Nova York, Eliot Spitzer.
A maior acusação recai sobre a prática de "market timing". O jargão financeiro significa um modelo de gestão segundo o qual os corretores compram e vendem os fundos rapidamente. Embora não seja ilegal, o "market timing" pode ser considerado irregular. Para isso, basta que nos prospectos apresentados para os clientes as corretoras mencionem que a prática não é recomendada, pois pode prejudicar a performance dos fundos a longo prazo.
O "after-hours trading" também está na mira nos investigadores. Depois do fechamento de mercados de ações nos EUA, os operadores podem continuar negociando em mercados na Ásia ou na Europa graças à diferença de fuso horário. A prática, em si, não é ilegal. O problema, entretanto, é que essas negociações, consideradas arriscadas, têm sido feitas à revelia dos clientes.
Um dos jogos dos corretores acusados de fraude consiste em remunerar os clientes pelo preço de fechamento das ações em Nova York. Mas esses corretores, em alguns casos com a conivência dos gestores dos fundos, continuam a negociar -com o dinheiro desses clientes- em outros mercados após o horário determinado e desviam os eventuais lucros para eles mesmos ou para clientes envolvidos no esquema.
A Strong Capital Management, que tem na sua carteira mais de US$ 43 bilhões aplicados em fundos mútuos e em fundos de pensão, também é alvo das investigações de Spitzer, acusada das mesmas irregularidades. Desta vez, porém, Richard Strong, presidente da empresa, é o principal suspeito, por desviar dinheiro dos fundos para a sua própria conta e para a conta de amigos e parentes.
Em nota, a Strong afirma que está promovendo investigações internas sobre irregularidades administrativas. A Putnam diz que coopera com a SEC e que "restituirá integralmente as perdas que clientes tenham sofrido em decorrência de atividades impróprias de "market timing'".


Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto: Setor industrial tem o melhor nível desde 2000
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.