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FRAUDES DO CAPITAL
Supostas irregularidades na administração de carteiras pode abalar investimentos que movimentam US$ 7 tri
Onda de acusações ameaça fundos nos EUA
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Uma recente onda de denúncias
de irregularidades na administração de diversos fundos mútuos
nos EUA abala a credibilidade do
mercado e ameaça gerar uma fuga
em massa de investidores dessas
aplicações, nas quais 95 milhões
de americanos movimentam US$
7 trilhões.
O estopim da desconfiança surgiu com a acusação de fraude administrativa envolvendo a Putnam Investments. A empresa, a
quinta maior administradora de
fundos mútuos dos EUA, foi acusada de fraude pela SEC (Securities and Exchange Commission,
equivalente à CVM brasileira),
por agentes reguladores de Massachusetts e pelo procurador-geral de Nova York, Eliot Spitzer.
A maior acusação recai sobre a
prática de "market timing". O jargão financeiro significa um modelo de gestão segundo o qual os
corretores compram e vendem os
fundos rapidamente. Embora não
seja ilegal, o "market timing" pode ser considerado irregular. Para
isso, basta que nos prospectos
apresentados para os clientes as
corretoras mencionem que a prática não é recomendada, pois pode prejudicar a performance dos
fundos a longo prazo.
O "after-hours trading" também está na mira nos investigadores. Depois do fechamento de
mercados de ações nos EUA, os
operadores podem continuar negociando em mercados na Ásia
ou na Europa graças à diferença
de fuso horário. A prática, em si,
não é ilegal. O problema, entretanto, é que essas negociações,
consideradas arriscadas, têm sido
feitas à revelia dos clientes.
Um dos jogos dos corretores
acusados de fraude consiste em
remunerar os clientes pelo preço
de fechamento das ações em Nova
York. Mas esses corretores, em alguns casos com a conivência dos
gestores dos fundos, continuam a
negociar -com o dinheiro desses
clientes- em outros mercados
após o horário determinado e
desviam os eventuais lucros para
eles mesmos ou para clientes envolvidos no esquema.
A Strong Capital Management,
que tem na sua carteira mais de
US$ 43 bilhões aplicados em fundos mútuos e em fundos de pensão, também é alvo das investigações de Spitzer, acusada das mesmas irregularidades. Desta vez,
porém, Richard Strong, presidente da empresa, é o principal suspeito, por desviar dinheiro dos
fundos para a sua própria conta e
para a conta de amigos e parentes.
Em nota, a Strong afirma que
está promovendo investigações
internas sobre irregularidades administrativas. A Putnam diz que
coopera com a SEC e que "restituirá integralmente as perdas que
clientes tenham sofrido em decorrência de atividades impróprias
de "market timing'".
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