São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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EMPRESAS

CVC, braço do banco americano em Cayman, contrata escritório de advocacia para levantar investimentos de Daniel Dantas

Citibank investiga Opportunity no Brasil

DO PAINEL S.A.

O CVC (Citibank Venture Capital) contratou o escritório de advocacia Mattos Filho para fazer um levantamento completo de todos os investimentos realizados pelo Opportunity, de Daniel Dantas, no Brasil. O CVC é o braço do Citibank com sede nas Ilhas Cayman que cuida dos investimentos feitos no Brasil em parceria com o Opportunity.
De acordo com o que a Folha apurou, essa espécie de auditoria nas contas do Opportunity pode ser o primeiro sinal de que as relações entre o Citibank e o banco de Daniel Dantas hoje não são tão estreitas como no passado recente.
Procurado pela Folha, o Citibank não se pronunciou sobre os motivos que levaram o banco americano a fazer um levantamento completo dos investimentos do Opportunity. O trabalho está sendo coordenado no Brasil pelo advogado Sérgio Spinelli, da Mattos, Filho, que, procurado pela Folha, também preferiu não se pronunciar.
A Folha apurou, no entanto, que Spinelli não se concentra só nos números. A pedido do Citibank, ele estaria também investigando as práticas usadas pelo banco de Dantas em seus negócios e examinando todos os contratos feitos pelo Opportunity.
Na última sexta-feira, em teleconferência, a Folha perguntou, de Brasília, a Maria Amália Coutrin, diretora do CVC/Opportunity, que estava em São Paulo, e a Nélio Machado, advogado do Opportunity, que estava no Rio, se estava em curso algum tipo de levantamento por parte do Citibank a respeito dos negócios que têm em parceria com o banco americano. Coutrin respondeu: "Temos por norma não falar em nome dos nossos clientes [no caso, o Citibank]".
O estremecimento da relação com o Citibank pode representar mais uma grande dor de cabeça na vida de Daniel Dantas, além do que ele já enfrenta com a investigação que está sendo conduzida pela PF para apurar a contratação da Kroll para espionar a Telecom Italia.

Outro front
No sábado passado, a Folha noticiou em primeira mão que o investidor norte-americano Peter Gruber, da Globalvest, entrou no dia 14 com ação na Suprema Corte do Estado de Nova York contra o Citibank. Gruber alega perdas em investimentos que tem em sociedade com o Opportunity e pede indenização de US$ 300 milhões ao Citibank. A ação de Gruber foi a primeira que um sócio de Dantas move contra o Citibank.
O prazo para o Citibank responder à ação movida pela empresa de investimentos Globalvest contra o banco expira no dia 24. Segundo um dos advogados da Globalvest, Mark Zancolli, os próximos passos vão depender do teor da velocidade da defesa a ser apresentada pelo banco.
No entanto o advogado, que representa os interesses do megainvestidor Peter Gruber, afirma que os argumentos apresentados contra o Citibank são contundentes. "Estamos confiantes na vitória", disse Zancolli à Folha.
De acordo com texto da ação, que foi encaminhada à Suprema Corte de Nova York em 14 de outubro deste ano, o banco americano e afiliadas autorizadas "perpetraram atos ilegais num esforço calculado para coagir os autores da ação [a própria Globalvest e outros fundos de investimento] e outros acionistas minoritários de duas empresas de telecomunicação brasileiras -Telemig e Tele Norte Celular- a vender as suas ações para entidades do Citibank por um preço abaixo do valor de mercado".
GUILHERME BARROS)


Colaboraram Cíntia Cardoso, da Reportagem Local, e Andréa Michael, da Sucursal de Brasília)


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