São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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Para analistas, pragmatismo deve imperar

DA REPORTAGEM LOCAL

O setor privado precisa participar de maneira mais ativa e coordenada das discussões relativas à política comercial do país, que deve ser pautada por interesses pragmáticos e não por questões ideológicas, avaliaram Maria Regina Soares de Lima e Marcos Jank.
"Um equívoco da política externa tem sido o não trazer a discussão para o âmbito doméstico, para que fique claro quais são os ganhos e as perdas [de cada opção]", afirmou Lima.
Na opinião de Jank, além de faltar coordenação com o setor privado, é necessária maior coordenação dentro do próprio governo. "Não pode ter ambigüidades. Vimos nos últimos três anos um enorme conflito entre um grupo do Itamaraty, o [Luiz Fernando] Furlan [ministro do Desenvolvimento] e o Roberto Rodrigues [ex-ministro da Agricultura]."
Jank sustentou que a alta média de 21% ao ano nas exportações desde 2000 não teve nenhuma relação com políticas comerciais do governo, mas sim com o aumento da demanda internacional. Para ele, o Brasil precisa de acordos comerciais para ampliar suas vendas ao exterior e ter maior crescimento econômico.
Lima afirmou que há uma íntima relação entre política comercial e política industrial e lembrou que os acordos tratam de várias questões além das comerciais. Entre elas, a regulamentação de compras governamentais, que os EUA querem que sejam liberadas nos acordos que negociam na região.
A abertura do setor de compras governamentais significa que empresas estrangeiras poderiam disputar em pé de igualdade com as brasileiras nas licitações governamentais. "Isso tem implicações para as empresas brasileiras nas áreas de saneamento, construção civil, infra-estrutura", disse.
Daí a necessidade de haver coordenação do governo com todo o setor privado, incluindo os que não são exportadores, observou Lima. (CLÁUDIA TREVISAN)

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