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Agrônomos divergem sobre riscos para os consumidores
DAS ENVIADAS AO VALE DO RIBEIRA
O consumidor pode ou não
correr risco ao consumir a banana produzida no Vale do Ribeira? Três agrônomos consultados pela Folha divergem em
suas opiniões, mas são unânimes em afirmar que a pulverização tem de seguir regras em
relação a sua aplicação, para
não causar riscos ao trabalhador e ao ambiente.
Antonio Carlos Avancini, engenheiro agrônomo e subcoordenador do grupo móvel de fiscalização rural da Delegacia
Regional do Trabalho em SP,
diz estar "chocado" com a forma como a pulverização é feita
na região do Vale do Ribeira.
"Corre risco o trabalhador, corre risco o ambiente e pode até
correr risco o consumidor."
Avancini afirma que a intoxicação pode não ser "aguda",
mas pode haver risco. "Vamos
comunicar a Secretaria da
Agricultura e encaminhar nossos relatórios para a Vigilância
Sanitária. É preciso avaliar se
há resíduos nas frutas e saber
qual o nível de contaminação."
Ele afirma que um dos produtos usados -o inseticida Furadan líquido- deveria ser
aplicado nas mudas para combater a praga que atinge a raiz
da planta. "Mas encontramos
trabalhadores aplicando esse
inseticida em plantas com frutos, o que não deveria ocorrer.
O tempo de ação desse produto
é de cerca de 120 dias."
Avancini diz que as pulverizações não são proibidas, mas
têm restrições. "O receituário
agronômico, que determina a
quantidade e o tipo de fungicida, informa que não pode haver
pulverização em área de 500
metros em torno de moradias e
em áreas de manancial."
Agnaldo José de Oliveira, engenheiro agrônomo da Cati
(Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral, órgão da Secretaria da Agricultura), produtor e presidente da Associação dos Bananicultores do Vale, diz que as plantações da região são pulverizadas de sete a
oito vezes por ano, enquanto
na Costa Rica e no México são
de 40 a 60 aplicações anuais.
"Os EUA, um dos países mais
rigorosos com a análise dos alimentos, compram desses países, onde as pulverizações são
muito mais freqüentes do que
no Brasil", diz o engenheiro.
Oliveira afirma que a secretaria acompanha os produtos
aplicados e que os frutos não
oferecem risco. "A pulverização é feita com a mistura de
óleo mineral, fungicida e água
para conter a sigatoka negra
[doença que atinge as folhas].
Toda plantação usa agrotóxicos para conter doenças. Os
produtos usados nos bananais
são controlados e testados pelos órgãos competentes."
O que ocorre em parte dos sítios, segundo ele, é o descumprimento da NR-31, norma que
estabelece regras para a pulverização -como a que determina que o trabalhador tem de ser
avisado com 48 horas de antecedência e retirado das plantações. "A região tem pequenos
produtores, que carecem de informação. É preciso orientação
para depois haver fiscalização."
Para o engenheiro agrônomo
Roberto Kobori, consultor técnico, o correto é adubar a planta, fazer drenagem e irrigação
adequadas para conter o uso de
agrotóxicos. "A pulverização é
a última fase para conter a sigatoka negra, que, desde 2004,
atinge a região." Diz que é preciso ter avisos e placas com dias
e horários da pulverização. "As
empresas têm usado defensivos em níveis permitidos. Pode
haver abuso com o óleo usado,
no afã de economizar, mas não
no defensivo."
(CR e FF)
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