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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Itaú e Unibanco serão menos rentáveis juntos que separados
A fusão de Itaú e Unibanco
criará um banco menos rentável que se as instituições permanecessem separadas. Com o
aumento do patrimônio líquido
pela união dos negócios, os
bancos terão de fazer um esforço maior para rentabilizar o volume de recursos. A análise é do
economista-chefe da Austin
Rating, Alex Agostini.
Itaú e Unibanco reúnem um
patrimônio líquido de R$ 44,5
bilhões -cerca de R$ 10 bilhões
a mais que o Bradesco-, segundo levantamento da Austin
com base em dados divulgados
no terceiro trimestre pelos
bancos. As duas instituições
formam um gigante com
R$ 575,1 bilhões em ativos
-ante R$ 422,7 bilhões do Bradesco e R$ 301,7 bilhões do
Santander.
Calculada pela Austin em
24,2% em setembro deste ano,
a rentabilidade sobre o patrimônio líquido da instituição
formada pela união de Itaú e
Unibanco vai cair, diz Agostini.
"O Itaú tinha R$ 31,6 bilhões de
patrimônio líquido sozinho, e o
Unibanco, R$ 12,9 bilhões.
Rentabilizar R$ 31 bilhões exige um esforço bem menor que
rentabilizar R$ 44,5 bilhões."
Segundo Agostini, a fusão
dos bancos trará um ganho de
competitividade para as instituições e, provavelmente, um
lucro maior.
Para explicar o que deve
acontecer com o lucro e a rentabilidade do novo banco,
Agostini cita um exemplo de
duas empresas: uma que eleva
seus lucros em 100%, de R$ 1
para R$ 2, e de outra que aumenta em 50%, de R$ 10 para
R$ 15. "A rentabilidade de
quem ganhou 100% é maior,
mas quem aumentou o lucro
em R$ 5 ganhou mais", diz.
Agostini afirma que o negócio deve impulsionar a consolidação e a concentração no setor
financeiro. "Os bancos que tinham aquisições na gaveta vão
correr para fechar os negócios".
Segundo ele, os grandes bancos privados, como o Bradesco
e o Santander, vão partir para
as compras de bancos menores.
E essa disputa fica mais acirrada com a entrada dos bancos
estatais, permitida pela MP
443, editada no mês passado.
O primeiro grande negócio
que deve ser concluído é a compra da Nossa Caixa pelo Banco
do Brasil, diz Agostini. "O Banco do Brasil vai acelerar esse
processo. Mas com a fusão
anunciada hoje [ontem], esse
mercado se aqueceu e a Nossa
Caixa já vale mais."
NEBULOSO
Os impactos da crise definitivamente chegaram ao mercado de arte, segundo a agência especializada em informações do mercado Artprice. Desde o início de setembro, o mercado de arte teve uma contração que não ocorria desde 1990. Os preços nas vendas públicas de arte em outubro tiveram retração de 14,5% ante janeiro. Sobrevivente no 11 de Setembro, o mercado de "investimento prazeroso" não resistiu ao atual derretimento da economia global. Segundo a Artprice, a crise atual vai trazer uma forte correção dos preços e nenhum mercado está livre. As quedas não afetam apenas Londres, Paris e Nova York -coração do mercado- mas também novas áreas como Honk Kong, Cingapura e Dubai.
RELAÇÕES
Forma de cobrança de juros e falta de transparência
em relação ao parcelamento
de dívidas são alguns dos
problemas nas relações entre usuários e administradoras de cartão de crédito, segundo estudo da Direito GV e da Pro Teste que será divulgado na quinta. O objetivo do trabalho é buscar uma
política de regulamentação
para o setor. Hoje, apenas as
bandeiras ligadas a banco
passam por uma fiscalização
do Banco Central. Entre outros problemas detectados
pelo estudo está a questão da
adesão a propostas enviadas
sem solicitação do usuário.
NO CLIMA
Nicolas Stern, economista
inglês especialista em mudanças climáticas, vai ser recebido hoje por Fábio Barbosa e José Berenguer, presidente e vice do Santander
Brasil. Stern quer conhecer
as iniciativas do Banco Real
para sustentabilidade.
PREÇO MANTIDO
Miguel Dieckmann, sócio do grupo MMLink, colocou
um cartaz informando que está segurando os preços
mesmo com a alta do dólar na porta da MisterTech,
empresa de produtos tecnológicos do grupo. Ele negociou com os fornecedores a manutenção de preços.
Com crédito captado antes da crise, o MMLink mantém
os investimentos e abrirá três lojas neste ano. Apesar
de rever as projeções de 2009 em razão da crise, o grupo quer inaugurar 80 lojas da MisterTech em dez anos.
Ajuste no Brasil será com cortes, diz consultoria
Enquanto nos EUA, as
empresas vão renegociar os
salários com os funcionários
para reduzir custos diante
da crise, no Brasil, elas vão
partir direto para a demissão. A análise é de Carlo
Hauschild, diretor brasileiro
da consultoria de RH Hewitt, com base em uma pesquisa realizada com 411 empresas americanas.
"Diferente dos EUA, a legislação brasileira não permite redução salarial, então
as empresas só têm um caminho, que é a demissão."
Com a crise, as empresas
americanas cortaram as
projeções de reajuste salarial de 4,1% para 3,1%, o menor patamar desde o 11 de
Setembro, diz a pesquisa.
Apesar de não ter dados
do Brasil, Hauschild diz que
a tendência nos EUA, de corte de orçamento e de contratações, se repetirá no país.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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