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Fusão cria competidor de porte internacional
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Itaú e Unibanco têm muitas
agências quase coladas, diversos clientes em comum e sua
fusão exigirá grande volume de
recursos em integração tecnológica. Para os especialistas, no
entanto, a fusão criará uma instituição mais lucrativa e forte
do que se ambas permanecessem separadas. Será uma soma
em que um mais um resulta em
três, no jargão do mercado.
"O novo banco nasce com
porte para ser um competidor
importante inclusive no mercado internacional", diz Luis
Miguel Santacreu, analista de
instituições financeiras da
agência de classificação de risco Austin Rating.
Os negócios dos dois bancos
são complementares em diversas áreas. Em seguros, por
exemplo, o Itaú é forte em veículos, enquanto o Unibanco
tem boa carteira em saúde.
Na área de crédito popular, o
Unibanco, por meio da Fininvest, tem presença importante
em pessoal e consignado. Já o
Itaú, com a Taií, tem relevância
em veículos. O Itaú também é
forte em "private banking", enquanto o Unibanco não tem
tanta presença em fortunas.
Duplicidade
A sobreposição de estruturas, entretanto, também será
grande. "Não os vejo ganhando
grande participação de mercado", afirma William Eid Junior,
coordenador do centro de estudos em finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Isso porque muitas agências
dos dois bancos ficam na mesma vizinhança, e o posicionamento nos segmentos de atuação, em áreas nas quais estão o
grosso dos negócios, é bastante
semelhante tanto para o Itaú
quanto para o Unibanco.
De acordo com Celso Grisi,
professor da FIA-USP e sócio
da consultoria Fractal, a média
de aproveitamento numa fusão
bancária é de 40% dos ativos.
Do ponto de vista do pessoal,
a fusão tende a ter cortes de
10% a 15%, depois de somadas
as estruturas, segundo Marcelo
de Lucca, diretor-executivo da
empresa de recrutamento Michael Page.
"Se, por um lado, a fusão é positiva porque cria um banco
mais forte institucionalmente e
para o país, por outro é negativo no médio prazo para o mercado de trabalho", diz Lucca.
"Fusões estimulam a concorrência a fazer o mesmo movimento e há o conseqüente enxugamento de vagas."
Itaú e Unibanco, no entanto,
podem não perder profissionais do mesmo modo que aconteceu quando o Itaú comprou o
Boston ou quando o Real foi
comprado pelo Santander.
Muitos dos profissionais
mais qualificados rejeitaram o
banco comprador e mudaram-se para a concorrência. Para
Lucca, há desaquecimento no
mercado de trabalho em razão
da crise financeira global, e as
oportunidades são menores.
Para os especialistas, a crise
internacional também ajudou a
fazer com que a última porta de
entrada de um banco estrangeiro no mercado financeiro no
Brasil fosse fechada. Há muitos
anos, as expectativas eram de
que uma grande instituição estrangeira, de olho no Brasil, adquiriria o Unibanco, que tinha
problemas de sucessão. A redução da liquidez internacional
pode ter mudado esse quadro.
"O Unibanco não é um banco
barato, e o Itaú sozinho não teria como comprá-lo", diz Santacreu. "A crise facilitou a venda para um brasileiro."
A união também resolveu a
questão da sucessão no Unibanco. "A solução foi muito boa
nesse aspecto", diz Eid Jr.
"Apenas um dos herdeiros do
Unibanco atua na área financeira e, agora, todos os acionistas podem ficar mais seguros."
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