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MEGAFUSÃO / FUTURO
Governo espera mais fusões e aquisições
Avaliação é que a crise atual oferece boas oportunidades para bancos capitalizados e que não querem perder espaço
Especialistas alertam para risco de concentração demasiada do setor bancário brasileiro, que pode prejudicar cliente
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A fusão entre o Itaú e o Unibanco anunciada ontem, marca, na avaliação do governo, o
início de uma onda de fusões e
aquisições comuns no sistema
bancário em períodos de crise
financeira.
Segundo a Folha apurou, a
equipe econômica acredita que
a negociação acirrará o apetite
dos grandes grupos privados
que não querem perder espaço
no mercado. A análise é que a
crise gera boas oportunidades
de negócios para quem está capitalizado e com planos de expandir sua atuação.
Essa tendência de movimentação na área financeira em períodos de crise ocorreu também nos anos 1990. O mercado
brasileiro, que tinha 243 instituições no final de 1994, possuía 156 em junho deste ano.
Os especialistas alertam, no
entanto, para o risco de que essa concentração seja prejudicial aos clientes. "Nos Estados
Unidos, por exemplo, há mais
de 8.000 bancos, e eles são
muito segmentados. Podem,
portanto, oferecer um tratamento mais personalizado e
atencioso", afirma Carlos Daniel Coradi, diretor da consultoria EFC.
João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho, explica que, geralmente, a
consolidação de mercado em
qualquer setor primeiramente
significa benefícios para o consumidor, mas depois acaba
sendo negativo.
"A princípio, são oferecidos
serviços e tarifas melhores; porém, no momento em que o setor fica nas mãos de poucos
atores, a qualidade do atendimento cai."
"Natural"
A procura por instituições à
venda neste momento "é natural" na análise do governo porque a competição entre os bancos de varejo é acirrada no país
e ninguém quer ficar para trás.
Um problema, no entanto, é
que não há mais muitas instituições disponíveis no mercado, como o Unibanco ou a Nossa Caixa, que está sendo negociada com o Banco do Brasil.
Os bancos pequenos e médios não atraem tanto a atenção porque têm nichos específicos, que não contam com interesse dos grandes bancos,
com é o caso das operações com
baixa renda, financiamentos de
longo prazo com prestações pequenas e voltadas para o consumo de bens duráveis. Daí a preferência, atualmente, por análise de carteiras.
No entanto, a disparada do
Itaú no ranking dos maiores
bancos do Brasil e da América
Latina pode fazer com que esse
interesse seja revisto.
Banco do Brasil e Bradesco,
líderes por muito anos, ficaram
em desvantagem. Na avaliação
do governo, há ainda uma lista
enorme de bancos que estão
em boa situação e podem ser
adquiridos nesta fase atual de
crise internacional.
Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), essa tendência
de fusões no sistema bancário
não deverá alterar significativamente o mercado nacional.
"Acredito que o cenário bancário do Brasil vai ficar mais ou
menos como se encontra. Temos cerca de 10 a 15 bancos relevantes, depois bancos menores que também cumprem uma
determinada função. Vai mudar um pouco, mas não muito,
pois já é um setor concentrado.
Mas o importante é que essa
concentração vem no sentido
de fortalecer o sistema financeiro".
Colaborou LEANDRA PERES ,
da Sucursal de Brasília
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