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Sindicato propõe suspensão de contratos de trabalho em Manaus
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Na Zona Franca de Manaus,
cerca de 58 mil motos deixaram
de ser fabricadas pelas duas
maiores montadoras do setor
-Moto Honda e Yamaha- em
quase duas semanas.
Os 12 mil trabalhadores colocados em férias coletivas no período estão voltando ao trabalho, mas o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas diz que,
se não forem tomadas medidas,
haverá demissões ainda neste
mês. Por isso, lançou às empresas proposta de acordo para
suspender o contrato de trabalho -isto é, os salários- por até
quatro meses. Em troca, os empregados poderão receber benefícios como seguro-desemprego e cursos de qualificação.
As férias parciais no pólo de
duas rodas foram dadas para
evitar estoques nas fábricas
diante da crise econômica, que
afetou o setor com restrição ao
crédito nos financiamentos, segundo as montadoras. A decisão provocou um efeito dominó
nas fornecedoras que produzem peças como velocímetros,
conjuntos de geradores e CDI
(peças da parte elétrica) para as
fabricantes de motocicletas.
De 20 a 31 de outubro, a Moto
Honda e a Yamaha dispensaram 4.659 empregados no período. Os outros 7.341 trabalhadores que retornaram das férias são contratados de 13 fornecedores de componentes.
O Sindicato dos Metalúrgicos
do Amazonas, ligado a CUT, diz
que a proposta de suspender o
contrato de trabalho por até
quatro meses já tem o aval dos
governos estadual e federal.
O presidente do sindicato,
Valdemir Santana, diz que uma
empresa procurou informações sobre a proposta, mas até
ontem nada foi concretizado.
"Nós conversamos com os
sindicatos patronais e eles acenaram que, antes de fazer qualquer demissão, vão sentar à
mesa para que os trabalhadores
não sejam demitidos", afirma.
A Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus),
autarquia federal que concede
os incentivos fiscais às industrias, avalia que as férias coletivas no pólo de duas rodas foram
um ajuste de produção.
"Faz parte de um ciclo normal a desaceleração da produção no final de setembro e início de outubro", diz José Alberto Machado, coordenador-geral de Estudos Econômicos.
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