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BC argentino tenta conter fuga de capitais
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Em mais uma medida para
tentar conter a fuga de capitais
e a alta do dólar no país, o Banco Central argentino determinou ontem que investidores e
instituições financeiras retenham títulos e ações em suas
carteiras por ao menos três dias
antes de vendê-los.
O governo quer desestimular
a aquisição de dólares por fora
do mercado de câmbio formal.
Nessas operações, investidores
usam pesos para comprar ações
de empresas estrangeiras na
Bolsa local e as revendem em
seguida no exterior, conseguindo dólares.
Pela nova regra, a operação
deverá passar pelo crivo do
Banco Central quando o vendedor não puder demonstrar que
manteve os recursos em portfólio por três dias.
A escalada do dólar na Argentina se intensificou após o governo Cristina Kirchner ter divulgado, no dia 21 de outubro,
um projeto de lei que visa a estatizar os fundos de pensão privados do país. A moeda americana subiu 16 centavos desde o
anúncio e fechou ontem estável, a 3,40 pesos.
O projeto de reforma previdenciária, apontado pela oposição como manobra governista
para fazer caixa, deve passar
pela primeira votação no Congresso nesta semana.
Também aumentou a desconfiança dos mercados em relação à capacidade do governo
de pagar os vencimentos de sua
dívida, que rondam os US$ 20
bilhões em 2009.
Com a estatização, o Estado
absorveria US$ 30 bilhões do
patrimônio dos fundos privados, além de outros US$ 5 bilhões de arrecadação anual. O
governo diz que o dinheiro dos
usuários da previdência privada estava ameaçado pela má
administração das empresas do
setor e pela crise mundial.
Tentativa de negociação
Ontem, em uma última tentativa de sobrevivência, a entidade que reúne as administradoras de previdência privada divulgou sua proposta de reforma do sistema.
O documento procura fazer
propostas simpáticas ao governo. Prevê, por exemplo, o fim
da cobrança de comissões pelas
empresas em caso de rentabilidade negativa dos fundos. Defende a diversificação da carteira dos fundos privados para redução de risco e a manutenção
de um sistema misto (público e
privado) de aposentadorias.
A resposta do governo foi
fria. O diretor-executivo da Anses (o INSS local), Amado Boudou, classificou o documento
das administradoras como uma
"autocrítica demolidora", e ironizou o fato de as empresas só
defenderem agora a rentabilidade assegurada.
Repatriação
O governo argentino também oficializou ontem uma resolução determinando que os
fundos de pensão privados repatriem cerca de US$ 550 milhões que estão investidos em
países do Mercosul, principalmente no Brasil.
Trata-se de outra tentativa
de injetar liqüidez no mercado
e conter o avanço do dólar.
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