São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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Bolsa tem forte alta após fusão de bancos

Acordo entre Unibanco e Itaú dispara busca por ação

EPAMINODAS NETO
DA FOLHA ONLINE

A Bolsa de Valores de São Paulo estreou o mês de novembro com o pé direito e fechou em alta de 2,66% no pregão de ontem. A fusão dos bancos Itaú e Unibanco disparou uma corrida por ações do setor financeiro. Analistas viram a operação como um sinal de confiança em um setor em que esse "artigo" estava em falta, devido à crise financeira global.
"O mercado viu de forma muito positiva a fusão porque, em primeiro lugar, mostrou um sinal de confiança no sistema bancário brasileiro, num momento que há uma crise de confiança no setor no mundo inteiro. Em segundo lugar, porque a operação cria uma instituição financeira com porte suficiente para competir lá fora", afirma José Góes, economista da Wintrade, o "home broker" da Alpes Corretora.
Analistas de bancos e corretoras destacaram a percepção de que o mercado financeiro pode ter deixado para trás o auge da crise. Para eles, já há sinais de que os trilhões de dólares injetados pelos governos da Europa e dos EUA, principalmente, fazem efeito no sistema bancário. O problema neste momento são os efeitos sobre a economia real, o que os balanços das empresas devem mostrar nos próximos trimestres.
E em um dia de calmaria, as Bolsas européias também concluíram os negócios em terreno positivo, a exemplo de Londres (1,51%), Paris (1,17%) e Frankfurt (0,78%). Mesmo com notícias negativas sobre o varejo, os principais índices das Bolsas americanas tiveram variação pequena. O Dow Jones caiu 0,06%, na menor variação desde a intervenção nas gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac. O S&P 500 teve queda de 0,25%. A Bolsa Nasdaq, das empresas de tecnologia, teve alta de 0,31%.

Câmbio
O dólar comercial encerrou o dia em alta de 0,37%, cotado a R$ 2,168 para venda. O Banco Central agiu por duas vezes: por volta das 11h, vendeu moeda, em quantia não informada, e pouco depois realizou seu habitual leilão de "swap" (contrato que protege contra oscilações do dólar). Os agentes financeiros tomaram quase US$ 900 milhões destes contratos.
O Boletim Focus, preparado pelo Banco Central, mostrou que a maioria dos analistas do setor financeiro projeta a taxa de câmbio a R$ 2 no final de dezembro deste ano. Operadores contam com uma acomodação dos preços da moeda americana nas próximas semanas.
Ontem, o banco Nossa Caixa era visto como o próximo alvo dos demais bancos para recuperarem o terreno perdido para o Itaú. Por esse motivo, a ação do banco estadual disparou 8,76%. O maior ganho entre as 66 ações preferidas ficou por conta dos papéis do próprio Itaú, que valorizaram 16,36%.
"Quem se posicionou em Unibanco na sexta-feira [comprou ações] deve estar rindo sozinho agora. Porque ele sempre foi a ponta mais fraca nesse processo. E há anos que o mercado houve esses rumores", diz Clodoir Viera, analista da corretora Souza Barros. "Já se falou em uma compra [do Unibanco] pelo Itaú, depois se falou no Bradesco e até pelo Citi", acrescenta.
A ação da empresa de participações do grupo, a Itaúsa, avançou 14,30%. A UNT do Unibanco, o outro lado da operação, terminou cm valorização de 8,95%. Os investidores também correram atrás do Bradesco: a ação subiu 4,42%. A ação do Banco do Brasil, no entanto, afundou 3,04% -a instituição é uma das mais cotadas para comprar a Nossa Caixa.


Com IAGO BOLÍVAR , colaboração para a Folha


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