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Importação atinge o maior patamar do ano e reduz saldo
Indústria aproveita real forte para importar mais insumos para a produção
Importações reduzem ganho com recuperação de exportações para EUA e AL, que adquirem mais bens industrializados do país
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o dólar barato e a economia ganhando fôlego, as importações bateram o recorde
mensal do ano em outubro, somando US$ 12,754 bilhões. Esse desempenho contribuiu para que o saldo comercial registrasse no mês passado o menor
resultado mensal em 2009.
Nesse cenário de recuperação, a indústria, que sofre para
exportar com o real valorizado,
aproveitou o câmbio para elevar as importações de insumos
para atender à demanda maior.
O aumento das importações
reduziu o impacto do crescimento das exportações para
EUA e América Latina.
Assim, o saldo de US$ 1,328
bilhão na balança comercial no
mês passado só foi melhor que
o resultado de janeiro, que registrou deficit de US$ 524 milhões em plena crise global.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento,
apesar de o superavit comercial
acumulado até outubro superar o obtido no mesmo período
de 2008, a corrente de comércio do Brasil com exterior ainda
é 26,8% menor que a de 2008.
"O resultado já era esperado,
uma vez que o real apreciado e a
recuperação da economia doméstica estimulam as importações", disse Felipe Salto, economista da Tendências, que
projeta um saldo comercial de
US$ 26,6 bilhões para 2009.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o crescimento dos desembarques no país ocorre de forma significativa desde agosto.
"Não se trata de um surto, mas
é um aumento contínuo devido
ao efeito de fim de ano, além do
incentivo cambial", afirmou.
Normalmente, as importações tendem a se acelerar nos
primeiros meses do segundo
semestre, devido à formação
dos estoques para o Natal e o
aumento de produção da indústria nacional, que usa insumos importados. Como praticamente metade da pauta brasileira de importações é formada por matérias-primas e bens
intermediários para a indústria, disse Barral, esse aumento
tem grande peso na balança.
Para Barral, o crescimento
deve arrefecer nos últimos meses do ano, com uma estabilização do volume de entrada de
produtos. "A tendência é de
equilíbrio, com queda normal
nas importações de bens de
consumo, ao mesmo tempo em
que o dólar favorável faz aumentar as compras de insumos", avaliou.
Aumento que, alerta Salto,
deve prejudicar os segmentos
da indústria brasileira que fornecem materiais usados na cadeia de produção de outras
mercadorias. "O câmbio e o ímpeto dos empresários em produzir mais podem resultar até
na substituição de insumos
produzidos nacionalmente por
similares importados."
Se o aumento da produção
industrial brasileira está diretamente ligado à dinâmica do
mercado interno, a recuperação dos EUA e de parte da América Latina tendem a estimular
ainda mais a demanda das fábricas por esses bens, como
produtos químicos, peças e
acessórios. Em outubro, o Brasil registrou aumentos significativos nas vendas para essas
regiões, que consomem mais
industrializados, ao contrário
da China, que compra mais
commodities. "O Brasil está
voltando a exportar bens de
maior valor agregado, mas o
mercado mundial está mais
competitivo, resultando na
queda dos preços de alguns
produtos, como calçados", ressalta Barral. E, com mais competição, a apreciação do real
encarece produtos brasileiros.
"Dá para ficar otimista com a
recuperação americana, mas é
preciso cautela, porque todo
mundo vai entrar no barco,
acirrando a concorrência",
completou Salto.
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