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Produção de máquinas cresce e indica reação da indústria
Setor de bens de capital tem primeira expansão trimestral em um ano, diz IBGE
Segmento funciona como indicativo do desempenho da indústria e da própria
economia, pois está ligado à retomada dos investimentos
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Em alta pelo nono mês consecutivo,
a indústria brasileira
registrou em setembro um salto
na produção de bens de capital
(máquinas e equipamentos)
e reforçou a expectativa de recuperação
ao longo de 2010.
Com crescimento pouco expressivo
nos meses anteriores,
o segmento funciona como
uma espécie de indicativo do
desempenho e das perspectivas
da indústria e da própria economia,
já que está ligado à retomada de investimentos.
De acordo com o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística), a produção industrial
em setembro cresceu0,8%
em relação ao mês anterior, um
pouco abaixo da variação de
1,2%verificada em agosto, e fechou
o trimestre com alta de
4,1% sobre o período de abril a
junho -a maior desde o quarto
trimestrede2003.
No caso dos bens de capital, o
crescimento sobre agosto foi de
5,8%, bem acima do 1,6% registrado na média mensal dos últimos
seis meses.
Com isso, pela primeira vez
desde o terceiro trimestre de
2008, a produção de máquinas
e equipamentos teve expansão
em relação ao trimestre anterior,
de 6,1%.O incremento, porém,
não foi suficiente para levar
o segmento a um patamar
próximo ao do período pré-crise:
a produção de setembro
deste ano ainda é 20,5%menor
do que a de setembro do ano
passado.
A situação se repete na indústria
como um todo, que,
apesar das nove altas consecutivas,
cresceu apenas 14,6%entre
dezembro e setembro -as
perdas de setembro a dezembro
do ano passado foram de
19,8%, e, para zerá-las, o setor
precisaria ter crescido quase
25%. Com isso, a produção ainda
está no patamar verificado
entre fevereiro e março de
2007 e é 7,8% inferior à de setembrode2008.
A expansão dos bens de capital,
porém, é vista como um
bom sinal. Para Isabella Nunes,
da coordenação de indústria do
IBGE, o impulso dessa categoria
confirma a recuperação recente
do setor de investimento,
que, de acordo com dados do
PIB, teve no segundo trimestre
do ano a maior queda da série
histórica.
Segundo ela, a retomada está
ligada ao avanço do uso da capacidade
instalada nas indústrias,
à melhora das expectativas
dos empresários e a políticas
de incentivo do governo
-um dos destaques foi justamente
a produção de caminhões,
fomentada simultaneamente pela
redução do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados)
e pelo lançamento
de uma linha de crédito com juros
mais baixos pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
Ambas as medidas ficam em vigor
até o fim do ano.
Decepção
O desempenho dos bens de
consumo duráveis (como eletrodomésticos
e veículos), porém,
decepcionou analistas
-pela primeira vez no ano,
houve queda de um mês para
outro: -1,1%. "A gente esperava
um resultado um pouco melhor,
ainda mais que setembro
é o Natal da indústria", diz a
economista Thaís Marzola Zara,
da Rosenberg Consultores
Associados, explicando que é
nesse mês que os produtos que
abastecerão as lojas no fim do
ano começam a ser fabricados.
Nunes, do IBGE, ressalta que
dois fatores afetaram o segmento
no período: o fato de setembro
deste ano ter tido um
dia útil a menos do que o de
2008 e as paralisações nas indústrias
automobilísticas devido
às negociações de reajuste
salarial.
No trimestre, no entanto, o
crescimento dos bens duráveis
chega a 9,2% em relação ao período
de abril a junho, estimulado
principalmente pelos eletrodomésticos
da linha branca
e pelos veículos.
Apesar da expectativa de recuperação
da indústria, porém,
a analista Ariadne Vitoriano, da
consultoria Tendências, ainda
vê o setor externo com o motivo
de preocupação. Segundo ela,
mesmo que atinja cada vez
mais atividades (em setembro,
foram17 das 27 pesquisadas), a
recuperação da indústria ainda
está calcada sobretudo no mercado
interno, que vem se sustentando
devido à manutenção
dos níveis de emprego e renda.
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