São Paulo, quarta-feira, 04 de novembro de 2009

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Lucro do Itaú estaciona após freio no crédito

Terceiro trimestre mostrou lenta recuperação de empréstimos e inadimplência crescente; para o futuro, perspectiva é otimista

No 3º tri lucro do banco ficou em R$ 2,3 bi, recuo de 12% ante o 2º tri, mas estável ante 2008 se excluídas as despesas extraordinárias

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os balanços do setor bancário têm mostrado que não foi ainda no terceiro trimestre que as instituições financeiras deixaram para trás a crise. Com carteira de crédito estagnada e inadimplência em alta, o Itaú Unibanco apresentou resultado em linha com o divulgado pelo Santander na semana passada. Hoje é a vez de o Bradesco anunciar seus números.
Nos primeiros nove meses do ano, o lucro líquido do maior banco privado do país ficou em R$ 6,854 bilhões -baixa de 15,7% em relação ao mesmo período de 2008. No terceiro trimestre, o lucro foi de R$ 2,268 bilhões, o que representou recuo de 11,8% em relação ao segundo trimestre do ano.
O Santander apresentou lucro líquido de R$ 1,472 bilhão no período de julho a setembro.
A carteira de crédito do Itaú Unibanco se manteve praticamente estável entre os trimestres -teve leve alta de 1%- e encerrou setembro com R$ 268,69 bilhões. Em relação a dezembro de 2008, o montante ainda é 1,2% inferior.
O que foi encarado como positivo pelo mercado foi o resultado recorrente -sem efeitos extraordinários, como o pagamento feito ao Pão de Açúcar pelo fim da exclusividade, que teve impacto de cerca de R$ 360 milhões. Por esse critério, o banco lucrou R$ 2,687 bilhões entre julho e setembro, muito próximo ao resultado obtido em igual período de 2008 (R$ 2,677 bilhões), quando a crise ainda não tinha atingido seu auge.
Silvio de Carvalho, diretor-executivo de Controladoria do Itaú Unibanco, mostrou-se otimista em relação ao desempenho nos próximos trimestres.
Para o executivo, a economia vai ganhar maior fôlego daqui para a frente, o que deve se refletir em aumento mais substancial da carteira de crédito e queda na inadimplência.
"Com a melhora da economia, devemos ter ampliação na demanda por financiamentos. A expectativa é a de que a nossa carteira de crédito cresça 12% neste ano e entre 20% e 25% em 2010", disse Carvalho.
Antes de a crise econômica se agravar, em setembro do ano passado, os grandes bancos vinham conseguindo elevar sua carteira de crédito em torno de 30% a 35% ao ano.

Inadimplência elevada
No caso da inadimplência no banco, que subiu de 5,4% em junho para 5,9% em setembro, considerando os atrasos acima de 90 dias, o executivo prevê que ela se estabilize no atual patamar por algum tempo. Para 2010, a previsão é que recue para cerca de 4,5% durante o segundo semestre.
Na opinião de Kelly Trentin, analista da corretora SLW, "a inadimplência do banco atingiu um nível elevado".
"O que surpreendeu é que houve alta na inadimplência da pessoa jurídica, enquanto a pessoa física ficou estável." A analista afirma esperar que o quarto trimestre "seja melhor, com uma aceleração da carteira de crédito do banco".
No fim do pregão da Bovespa, as ações do Itaú Unibanco ganharam fôlego e terminaram o dia com ganhos de 5,31%.


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