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EM TRANSE
Banco corta sugestão sobre quanto investidores devem manter de papéis brasileiros e vê falta de empenho do PT
JP Morgan reduz a "recomendação" Brasil
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O banco de investimentos JP
Morgan rebaixou sua recomendação para os títulos da dívida do
governo brasileiro. O banco cita
como motivos a falta de empenho
legislativo do PT e prevê a nomeação de um ministério excessivamente político.
O banco mudou de "neutro"
para "abaixo da média" a sugestão periódica sobre o volume de
papéis brasileiros que os investidores devem manter em suas carteiras. A principal justificativa do
banco é a de que, pelas ações do
PT observadas até o momento, o
novo governo não será capaz de
sustentar a atmosfera favorável
observada desde a vitória eleitoral
de Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, o JP Morgan previu
que o governo será capaz de hon-
rar seus compromissos externos
em 2003, embora várias companhias brasileiras, segundo o banco, venham a ser obrigadas a dar o
calote em suas dívidas.
Foi a primeira análise negativa
sobre papéis do governo brasileiro desde as eleições, quando a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva
promoveu uma lua-de-mel entre
os mercados e o PT, melhorou a
cotação da dívida brasileira e fortaleceu o real.
Segundo analistas de outros
bancos de investimentos ouvidos
ontem pela Folha, ainda é cedo
para decretar o fim dessa lua-de-mel. Duas instituições em Nova
York sugeriram que vão manter
suas classificações atuais.
Em 21 de outubro passado, a
agência classificadora de riscos
Fitch havia baixado a classificação
de longo prazo do Brasil de "B+"
para "B" e julgado "negativa" a
perspectiva do país.
Diferentemente das notas da
Fitch, que influenciam diretamente decisões de gestores de
fundos de investimento, as recomendações do JP Morgan são sugestões que normalmente provocam mais destaque na mídia do
que entre investidores.
Segundo Graham Stock, vice-presidente de pesquisa de renda
fixa para mercados emergentes
do JP Morgan, a fase de apreciação dos papéis brasileiros "esgotou-se". Autor do relatório do
banco, Stock disse, numa conferência telefônica, que o PT tem
demonstrado menos compromisso com o avanço das reformas
do que se imaginava. O maior
exemplo usado por ele foi a concordância do partido em excluir o
fim da cobrança em cascata do
PIS/Pasep nas negociações da votação da medida provisória 66,
em discussão no Congresso.
Além disso, o banco analisa que
o partido do presidente eleito terá
dificuldades para aprovar qualquer tema nos primeiros dois meses de 2003. "Será difícil produzir
algo em dois a três meses. O Congresso entra em recesso em janeiro. Em fevereiro, estará imobilizado pelas eleições das lideranças
das duas casas", disse Stock.
Além disso, o JP Morgan antevê
um ministério "pior" para os investidores do que se imaginava,
pois apenas a presidência do BC
(Banco Central) deverá ficar com
um técnico de fora do partido.
"As indicações apontam para um
ministério não tão amigo dos
mercados quanto os mercados esperavam", disse ele. Segundo o JP
Morgan, os títulos da Colômbia e
da Rússia terão melhor performance que os brasileiros num
prazo de alguns meses.
Stock não quis dizer quando o
JP Morgan irá rever o rebaixamento anunciado ontem.
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