São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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BC não dá "muita importância", e Palocci não vê "razão nenhuma"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL

Segundo avaliação da equipe econômica do governo sobre a decisão do JP Morgan, que rebaixou a cotação dos títulos da dívida brasileira, esse tipo de análise muda muito com o tempo e, portanto, deve ser relativizada. Já a equipe do presidente eleito Lula disse considerar que não há nenhuma razão para novas avaliações.
"Não dá para dar muita importância para eles, não", disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn.
O coordenador da transição, pelo lado petista, Antônio Palocci Filho, disse ser injustificada a avaliação feita pelo Morgan. "Não há razão nenhuma para essa avaliação. É duvidar do processo positivo pelo qual passa a economia brasileira", declarou Palocci.
Segundo ele, a economia brasileira, que assiste à alta do dólar, dos juros e da inflação, passa por um bom momento. Citou como evidência disso a balança comercial, que tem registrado superávits recordes nos últimos meses.
"As condições agora são melhores do que há dois meses. No começo do ano, a previsão para a balança comercial era de US$ 5,5 bilhões, agora vai passar de US$ 11 bilhões", disse.
Palocci declarou que o JP Morgan, ao relacionar o rebaixamento da qualificação do Brasil a uma suposta falta de firmeza do PT, "não conhece o perfil do partido".
Ele disse acreditar que não haja relação entre a análise feita pelo banco e o fato de Lula não ter anunciado ainda o seu ministério.
"A equipe de governo vai começar a ser anunciada a partir de agora, como inclusive já anunciou o presidente eleito", disse Palocci.

Incertezas
O chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Joaquim Levy, disse que as incertezas em relação ao novo governo não se justificam se forem levadas em conta as atuações da nova equipe. "As declarações do novo governo têm sido positivas."
Para Levy, é preciso minimizar as análises feitas pelos bancos porque elas mudam "a toda hora". "É uma decisão tática. Nada impede que daqui a duas semanas estejam dizendo o contrário."
Na mesma linha, Goldfajn explicou que o governo não tem se baseado nessas análises. "Não dá para entrar nesse jogo. Temos de fazer o nosso dever de casa."
Desde o início do ano, a atual equipe econômica critica algumas análises das agências de risco e dos bancos de investimento, classificando-as de "prematuras".

Contramão
Ontem, no mesmo dia em que rebaixou os títulos da dívida brasileira, a corretora do banco JP Morgan mais comprou do que vendeu ações de empresas brasileiras na Bovespa, em São Paulo.
Segundo dados da Blank.Sys Consultoria e Sistemas, a corretora comprou cerca de R$ 18 milhões (foi a maior compradora do dia) e vendeu R$ 8,6 milhões em papéis de empresas brasileiras.
Ou seja, apenas ontem, o JP Morgan deixou no mercado acionário brasileiro R$ 9,4 milhões.


Colaborou a Folha Online


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