São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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EM TRANSE

Risco-país sobe; falta de liquidez, vencimentos de débitos e má avaliação de títulos da dívida externa pressionam moeda

Dívidas e nota do JP Morgan elevam dólar

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar fechou em alta de 1,79%, cotado a R$ 3,69. Pressionado pelos vencimentos de dívidas de empresas brasileiras em moeda estrangeira e pelo rebaixamento da recomendação de compra de títulos da dívida externa brasileira pelo banco JP Morgan, a moeda norte-americana atingiu o maior valor desde 30 de outubro.
O risco-país subiu 1,3%, para 1.547 pontos, impulsionado pela desvalorização do C-Bond em 2,15%, título de maior peso na composição do índice.
Para Maurício Zanella, do banco Lloyds TSB, o dólar deve continuar em alta nos próximos dias. "A liquidez está baixa e há U$ 5 bilhões de dívida privada vencendo esse mês".
As empresas com dívida no exterior precisam comprar dólares para efetuar o pagamento. Segundo Zanella, algumas companhias devem renovar uma parte da dívida, mas boa parte deverá ser paga.
Como esses vencimentos estão distribuídos ao longo do mês, é difícil para o Banco Central (BC) conter a alta vendendo dólares no mercado à vista.
A expectativa do anúncio da equipe do próximo governo tem deixado os investidores mais cautelosos e contribuído para reduzir o volume de negócios no mercado, deixando a moeda brasileira mais vulnerável.
Segundo um analista, qualquer movimentação de compra de dólares tem sido alardeada como uma "grande alta", devido à baixa liquidez. A remessa de uma única empresa para o exterior teria movimentado quase um terço de todo o volume transacionado no mercado de câmbio ontem.
A notícia de que o banco JP Morgan reduziu a classificação dos títulos brasileiros de "neutro" para "abaixo da média" piorou o humor dos investidores.
Segundo o banco, há a preocupação de que o novo governo não consiga sustentar o atual clima favorável nos mercados.

Inflação
Adicionalmente, a alta da inflação continua a preocupar os investidores. Segundo analistas, os índices que serão divulgados nos próximos dias não serão nada animadores. Para eles, certamente haverá uma nova alta na Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), dias 17 e 18 de dezembro.
As taxas de juros refletiram essa expectativa dos investidores. Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os contratos DI -que consideram os negócios entre os bancos- fecharam em alta. Para os contratos com vencimento em abril, os mais negociados do dia, a taxa avançou de 26,4% para 26,78% ao ano, alta de 1,44%.
Os contratos de dólar futuro, negociados na BM&F, também fecharam com forte alta. Após a queda de 1,37% na segunda-feira, o dólar com vencimento em janeiro subiu 1,25%.


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