São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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FINANÇAS

Entre janeiro e setembro, lucro foi de R$ 7,6 bi, quase a metade do ganho das 50 maiores instituições que atuam no país

Lucro de banco estrangeiro dobra em 2002

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos estrangeiros que operam no Brasil dobraram seus ganhos neste ano, segundo levantamento feito a partir de dados do Banco Central. Entre janeiro e setembro, essas instituições registraram ganhos de R$ 7,643 bilhões, contra R$ 3,884 bilhões obtidos no mesmo período de 2001.
O lucro dos bancos controlados por estrangeiros representa quase a metade dos ganhos obtidos neste ano pelos 50 maiores bancos que atuam no país, que representam cerca de 95% do lucro obtido por todo o sistema financeiro.
Ao todo, esse conjunto de 50 instituições financeiras registrou um resultado positivo de R$ 15,857 bilhões entre janeiro e setembro -valor 42% maior do que o registrado no mesmo período de 2001. Entre os bancos privados de capital nacional, o lucro recuou 19%, passando de R$ 4,798 bilhões entre janeiro e setembro de 2001 para R$ 3,866 bilhões no mesmo período deste ano.
Um dos destaques entre os bancos estrangeiros foi o lucro de R$ 2,5 bilhões obtido pelo Santander. O Itaú lucrou R$ 1,58 bilhão entre janeiro e setembro -40% do resultado obtido pelos nacionais.
Os bancos estatais também registraram resultados melhores neste ano. O principal motivo foi o socorro oferecido pelo governo, em junho de 2001, aos bancos federais. O saneamento tornou o setor mais lucrativo.
A diferença entre os ganhos de bancos nacionais e estrangeiros pode ser explicada, em parte, pelo perfil de aplicações de cada instituição. Os bancos nacionais, por exemplo, são os que mais aplicam em títulos da dívida interna do governo. Foram, portanto, os mais atingidos pela regra da "marcação a mercado".
No dia 31 de maio, BC e CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinaram que bancos e fundos de investimento passassem a contabilizar os títulos de suas carteiras com base no valor de mercado desses papéis. Com a marcação a mercado, percebeu-se que o valor desses títulos estavam superestimados. Feito o ajuste, veio o prejuízo.
Os bancos nacionais também emprestam mais a seus clientes, ficando mais expostos à inadimplência. Juntos, bancos privados de capital nacional e estatais respondem por 75% das operações de crédito feitas no país.
Os estrangeiros, por sua vez, costumam priorizar os investimentos no mercado de câmbio. Isso porque multinacionais costumam ser obrigadas a cumprir metas de rentabilidade, em dólar, estabelecidas pelas suas matrizes.
Assim, os bancos estrangeiros preferem operar no mercado de câmbio para garantir o retorno, em dólares, de seus investimentos. No ano, o dólar subiu 68%.


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