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TELES
Executivo da Algar afirma que presidente da Gradiente ameaçou a sua empresa de devassa fiscal, a ser feita pela Receita
Staub sofre acusação de "assédio fiscal"
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do conselho de administração do grupo Algar, que
controla a operadora de celular
ATL (RJ) e a de telefonia fixa
CTBC (MG), Luiz Alberto Garcia,
disse que o presidente da Gradiente, Eugênio Staub, ameaçou a
sua empresa de devassa fiscal a ser
feita pela Receita Federal.
O episódio teria acontecido em
1998, quando Garcia era presidente da Acel (Associação Nacional dos Prestadores de Serviço
Móvel Celular). Segundo Garcia, a
ameaça teria acontecido porque
Staub queria que as operadoras fizessem um cadastro de todos os
celulares para evitar contrabando.
Segundo Garcia, Staub teria dito, por telefone: "Olha, ou vocês
vão fazer isso aí ou o Everardo
[Maciel, secretário da Receita Federal] vai fazer uma devassa no
grupo Algar". Nesse ponto do diálogo, Garcia disse ter replicado:
"Aí eu dei uma risada e falei: olha
Staub, manda fazer a devassa logo, que nós não vamos fazer isso".
Staub seria parte interessada
porque, como a Gradiente fabrica
aparelhos celulares no país, sua
empresa era prejudicada com o
contrabando. Na ocasião, os fabricantes de celular já haviam
procurado a Receita para informar que o número de telefones
habilitados era superior aos fabricados no país e que isso poderia
ser um indício de contrabando.
Em outubro de 1998, a Receita
chegou a anunciar que o cadastro
seria feito. Se um viajante brasileiro trouxesse um aparelho do exterior, iria cadastrá-lo na alfândega.
A idéia não foi implementada.
As declarações de Garcia foram
feitas durante discurso na cerimônia na qual transferiu o cargo
de presidente da Acel para Mario
Cesar Pereira de Araujo, presidente da TCO, empresa de telefonia celular que opera na região
Centro-Oeste. O discurso de Garcia foi feito na presença do ministro Juarez Quadros (Comunicações), empresários do setor e do
ex-presidente da Anatel Renato
Guerreiro.
Garcia começou dizendo que ia
relatar um episódio com a Receita
Federal que pouca gente conhecia. Foi interrompido por Antônio José Ribeiro dos Santos (presidente da Telemig Celular e vice
da Acel), que disse que era um
episódio de "assédio fiscal".
O presidente da Algar continuou dizendo que havia recebido
um recado de que a Acel deveria
capitanear um processo para que
as operadoras fizessem um cadastro dos celulares. Negou o pedido
e depois teria recebido ligação de
Staub com a ameaça de devassa.
Garcia então relatou aos presentes que pensou o seguinte: "Ele
[Staub] vai fazer um troço desse?
Não pode fazer um negócio desse,
uma ameaça desse estilo". O então presidente da Acel disse que
tomou a decisão de marcar uma
reunião com a Receita. Nessa reunião, disse Garcia, Everardo Maciel teria insistido com o cadastro
e, diante dos argumentos apresentados pela Acel, se irritado.
"Ele [Everardo] bateu a mão na
mesa e falou assim: "Não tem mais
reunião, vou me retirar"."
Depois disso, de acordo com
sua versão, ele disse que quem iria
sair da reunião era ele. "Eu falei
não. O senhor não vai fazer isso,
eu me retiro e os senhores continuam na reunião." Garcia disse
que ficou para fazer as pazes com
Maciel. "Fui expulso da sala, e
agora vou embora sem fazer as
pazes com esse homem? Fiquei
até as dez da noite lá esperando
ele me receber".
Depois do discursos, Garcia,
que tem 67 anos, disse que, por
causa da sua idade, podia falar o
que quisesse. "Alguém um dia
disse para mim que, na idade que
eu estou, eu já tenho o direito de
falar aquilo que eu tenho vontade
de falar porque o castigo vai ser
menor. Muito obrigado por vocês
terem me ouvido."
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