São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Alta do alimento força fornecedor a trocar produtos em refeitório

Empresa muda cardápio e corta custos

JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas fornecedoras de alimentação para restaurantes corporativos começaram a trocar itens de seus cardápios para se ajustar ao aumento nos preços dos alimentos. Substituir carne bovina por frango, por exemplo, foi uma saída encontrada por algumas delas para manter os preços fixados em contrato.
O problema para essas empresas é que o preço do fornecimento de alimentos, por contrato, só pode ser renegociado a cada 12 meses. Assim, as variações nos preços dos alimentos entre as renegociações são absorvidas integralmente pelas fornecedoras.
Segundo a Aberc (Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas), para aliviar a situação das empresas seria necessária uma antecipação de 6% em média dos próximos aumentos nos contratos. Ou seja, os clientes deveriam pagar 6% a mais às fornecedoras, percentual que seria abatido na próxima renegociação.
"Continuando do jeito que estão as coisas, o ideal mesmo seria tentar negociar alterações mais profundas, como adotar a renegociação semestral em lugar da anual", afirma Antônio Guimarães, diretor-superintendente da associação.
Simone Galante, diretora de suprimento e logística da GR Serviços Alimentares, que serve mais de 550 mil refeições por dia, diz que está negociando com seus clientes tanto a modificação de alguns itens dos cardápios como a antecipação dos reajustes anuais.
"Trocamos, em alguns casos, cortes mais caros por outros mais baratos para reduzir o custo sem precisar repassar para o cliente e mantendo o valor nutricional das refeições", diz ela.
Segundo Galante, dos clientes da empresa, 20% já aceitaram renegociar os contratos. O objetivo, diz, é conseguir o mesmo com 70% das companhias para as quais presta serviços.
A rede Bom Lanche, que vende lanches e sucos a preços populares nas estações de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), também foi obrigada a elevar o preço do seu produto por causa do aumento nos alimentos. A rede, que pertence à própria CPTM, cobra, desde domingo, R$ 0,60 por um sanduíche e um suco, contra os R$ 0,40 que cobrava desde maio.
Segundo Cláudio Falótico, encarregado do programa, a farinha de trigo aumentou, desde o início das operações da rede, 43,6%, e o suco, 23,9%. Além disso, afirma, outros custos também influenciaram no aumento, como o da gasolina utilizada pelos caminhões de abastecimento da rede.
Renato Pinheiro do Nascimento, 20, cliente do Bom Lanche do Brás, disse que ficou assustado com o aumento e que, apesar de ter comprado ontem, essa foi a última vez. "É muita coisa R$ 0,60, a qualidade é boa, mas não dá. Eu não compro mais, prefiro pagar R$ 1 em um cachorro-quente."


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