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ANO DO DRAGÃO
Alta do alimento força fornecedor a trocar produtos em refeitório
Empresa muda cardápio e corta custos
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas fornecedoras de alimentação para restaurantes corporativos começaram a trocar
itens de seus cardápios para se
ajustar ao aumento nos preços
dos alimentos. Substituir carne
bovina por frango, por exemplo,
foi uma saída encontrada por algumas delas para manter os preços fixados em contrato.
O problema para essas empresas é que o preço do fornecimento
de alimentos, por contrato, só pode ser renegociado a cada 12 meses. Assim, as variações nos preços dos alimentos entre as renegociações são absorvidas integralmente pelas fornecedoras.
Segundo a Aberc (Associação
Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas), para aliviar a situação das empresas seria necessária uma antecipação de 6% em
média dos próximos aumentos
nos contratos. Ou seja, os clientes
deveriam pagar 6% a mais às fornecedoras, percentual que seria
abatido na próxima renegociação.
"Continuando do jeito que estão as coisas, o ideal mesmo seria
tentar negociar alterações mais
profundas, como adotar a renegociação semestral em lugar da
anual", afirma Antônio Guimarães, diretor-superintendente da
associação.
Simone Galante, diretora de suprimento e logística da GR Serviços Alimentares, que serve mais
de 550 mil refeições por dia, diz
que está negociando com seus
clientes tanto a modificação de alguns itens dos cardápios como a
antecipação dos reajustes anuais.
"Trocamos, em alguns casos,
cortes mais caros por outros mais
baratos para reduzir o custo sem
precisar repassar para o cliente e
mantendo o valor nutricional das
refeições", diz ela.
Segundo Galante, dos clientes
da empresa, 20% já aceitaram renegociar os contratos. O objetivo,
diz, é conseguir o mesmo com
70% das companhias para as
quais presta serviços.
A rede Bom Lanche, que vende
lanches e sucos a preços populares nas estações de trem da CPTM
(Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos), também foi
obrigada a elevar o preço do seu
produto por causa do aumento
nos alimentos. A rede, que pertence à própria CPTM, cobra,
desde domingo, R$ 0,60 por um
sanduíche e um suco, contra os
R$ 0,40 que cobrava desde maio.
Segundo Cláudio Falótico, encarregado do programa, a farinha
de trigo aumentou, desde o início
das operações da rede, 43,6%, e o
suco, 23,9%. Além disso, afirma,
outros custos também influenciaram no aumento, como o da gasolina utilizada pelos caminhões de
abastecimento da rede.
Renato Pinheiro do Nascimento, 20, cliente do Bom Lanche do
Brás, disse que ficou assustado
com o aumento e que, apesar de
ter comprado ontem, essa foi a última vez. "É muita coisa R$ 0,60, a
qualidade é boa, mas não dá. Eu
não compro mais, prefiro pagar
R$ 1 em um cachorro-quente."
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