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Lula anunciou como novo crédito antigo à TV digital
Linha de R$ 1 bilhão do BNDES para baratear conversor foi criada em fevereiro
Banco diz que crédito será realocado de recursos não usados por emissoras de TV; Planalto sustenta versão de que dinheiro é novidade
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A linha de crédito de R$ 1 bilhão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para baratear
o conversor da TV digital,
anunciada anteontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em rede nacional de televisão, não tem recurso novo.
Durante a inauguração da
TV, Lula disse ter determinado
ao BNDES que desenvolva um
programa de incentivo à implantação da TV digital. ""No valor de R$ 1 bilhão, ele irá dar
apoio à rede varejista para baratear a venda do conversor
que permite a recepção do sinal
digital pelos atuais televisores
analógicos." A linha de crédito
foi incluída na verba de um programa aprovado em fevereiro.
O discurso do presidente desencadeou informações desencontradas. No domingo à noite,
a assessoria do BNDES confirmou a declaração de que estaria
sendo criada uma nova linha de
R$ 1 bilhão, além do R$ 1 bilhão
aprovado em fevereiro, na criação do programa ProTVD.
O Planalto não quis comentar oficialmente a confusão.
Nos bastidores, sustentou que a
abertura de linha de crédito de
R$ 1 bilhão voltado à rede varejista é uma novidade.
A explicação ouvida pela Folha foi a de que Lula determinou recentemente ao BNDES a
abertura de linha crédito ao varejista e que o banco a aprovou
no dia 27. O ProTVD foi anunciado pelo próprio Lula, em fevereiro, com previsão de três
aplicações: financiamento às
emissoras de TV para a compra
de equipamentos de transmissão; às indústrias para fabricação de transmissores e à produção de programação nacional.
Ontem, o BNDES disse que
os recursos anunciados pelo
presidente são os mesmos do
ProTVD, que estão sendo alocados para financiar o comércio varejista na venda dos conversores, necessários para que
as TVs analógicas captem a
programação digital.
Segundo o diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, não houve demanda
para as finalidades previstas na
criação do ProTVD e, por isso,
será possível alocar os recursos
para financiar o varejo.
Segundo o banco, de fevereiro até agora, foram aplicados só
R$ 9 milhões dos recursos previstos no ProTVD. Só um projeto foi aprovado: do SBT, para
197 retransmissores. Ironicamente, para a melhoria da rede
analógica da rede. As TVs queixam-se de que os critérios do
BNDES são rígidos demais.
O governo se assustou com o
preço de lançamento dos conversores, entre R$ 499 (imagem padrão) e R$ 1.100 (alta definição). Críticos dizem que a
escolha do padrão japonês de
TV digital encarece os produtos
por falta de escala e por sua sofisticação.
O ministro Hélio Costa havia
prometido preço de R$ 250 e na
semana passada pediu que os
consumidores não comprassem o produto ainda.
Para Ferraz, diretor do
BNDES, nem o banco nem Lula
errou no anúncio do financiamento ao varejo, porque a cifra
de R$ 1 bilhão é uma previsão
orçamentária, que pode ser
ampliada, se houver demanda.
Segundo ele, a alocação de recursos para o financiamento à
rede varejista não exclui as outras aplicações previstas no
programa ProTVD. ""É uma política para estruturar esse segmento por meio do puxão da
demanda. Na medida em que o
consumo aumenta, a indústria
tem mais escala de produção, e
os preços cairão."
O financiamento será dado à
rede varejista, que financiará o
comprador, e seguirá o modelo
já consagrado do Computador
Popular. Nos empréstimos
concedidos diretamente pelo
banco, o custo do dinheiro será
a TJLP (taxa de juros de longo
prazo, atualmente de 6,25% ao
ano) mais a remuneração básica do BNDES, de 4,5% ao ano.
Se o lojista tomar o dinheiro
nos bancos credenciados pelo
BNDES, a remuneração do
agente financeiro será de 2,5%
ao ano. Para estimular corte
nos preços, o BNDES se compromete a reduzir sua taxa de
remuneração para 1% ao ano se
o lojista cobrar juro de até 2%
ao ano do consumidor final.
O banco informou que TVs
com conversores embutidos
não serão financiadas com recursos públicos, só as caixas
conversoras. Na visão do
BNDES, as caixinhas é que vão
viabilizar o acesso das camadas
mais pobres à TV aberta digital.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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