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Economistas criticam "subsídio" para consumo, e indústria pede desoneração
DA REPORTAGEM LOCAL
Economistas criticaram ontem a proposta de abrir uma linha de financiamento com dinheiro do BNDES para baratear os conversores de TV digital, como anunciou no domingo
o presidente Lula. A proposta
foi entendida como a "correção
de uma distorção" no preço dos
aparelhos, que deveriam sair
por cerca de R$ 200, mas que
na estréia das transmissões
chegam a até R$ 1.100.
Para o vice-presidente da
Anefac (Associação Nacional
dos Executivos de Finanças),
Miguel Oliveira, não há garantia de que os recursos do
BNDES consigam reduzir o
preço ao consumidor. "Nada
garante que vá chegar ao consumidor final. A não ser que
vincule os recursos a compromisso formal de oferecer a custo mais baixo. Mas isso é difícil
amarrar [no contrato]."
Para Oliveira, se o objetivo é
diminuir o custo, o mais indicado seria criar competição. "Vale
mais incentivar a competição,
fazer com que mais "players"
entrem."
Para Edgard Pereira, economista do Iedi, os recursos do
BNDES só serão bem aplicados
se o governo fizer com que subsidiem a cadeia de produção da
TV digital como um todo. "Você financia a aquisição e faz
com que aumente a produção
no Brasil. O cuidado que se deve ter é que seja um benefício
para a produção, não para o
consumo. É um setor estratégico, que vale a pena ter como
parte da política industrial. Há
toda uma disputa no mundo sobre a localização da produção
desses produtos. Ele dissipa benefícios para economia como
um todo."
Segundo Roberto Barbieri,
diretor da Semp Toshiba, a desoneração sobre a fabricação de
conversores seria uma medida
mais efetiva para reduzir preços. "Sobre isso, ele [o presidente Lula] não falou nada. Essa seria a medida que reduziria
imediatamente o preço."
De acordo com os fabricantes, o aumento da escala e a redução no preços dos insumos
também devem contribuir para
a diminuição dos preços.
Sem saber as condições de financiamento, as redes varejistas Casas Bahia, Magazine Luiza, Ponto Frio, Lojas Americanas e Carrefour preferiram não
comentar o assunto. O Wal-Mart se limitou a dizer que as
vendas ficaram além da expectativa nos primeiros dias, mas
não divulgou números.
Avelino Nogueira, gerente da
área de Informática do Extra,
disse que o programa Computador para Todos do BNDES
-que pode servir de parâmetro
para financiar o conversor-
mais desoneração e o câmbio
ajudaram a alavancar as vendas
de computadores em 400% em
2006. A Caixa Econômica Federal, que financiará a compra
de conversores, não informou
data de início nem taxas.
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