São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Economistas criticam "subsídio" para consumo, e indústria pede desoneração

DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas criticaram ontem a proposta de abrir uma linha de financiamento com dinheiro do BNDES para baratear os conversores de TV digital, como anunciou no domingo o presidente Lula. A proposta foi entendida como a "correção de uma distorção" no preço dos aparelhos, que deveriam sair por cerca de R$ 200, mas que na estréia das transmissões chegam a até R$ 1.100.
Para o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), Miguel Oliveira, não há garantia de que os recursos do BNDES consigam reduzir o preço ao consumidor. "Nada garante que vá chegar ao consumidor final. A não ser que vincule os recursos a compromisso formal de oferecer a custo mais baixo. Mas isso é difícil amarrar [no contrato]."
Para Oliveira, se o objetivo é diminuir o custo, o mais indicado seria criar competição. "Vale mais incentivar a competição, fazer com que mais "players" entrem."
Para Edgard Pereira, economista do Iedi, os recursos do BNDES só serão bem aplicados se o governo fizer com que subsidiem a cadeia de produção da TV digital como um todo. "Você financia a aquisição e faz com que aumente a produção no Brasil. O cuidado que se deve ter é que seja um benefício para a produção, não para o consumo. É um setor estratégico, que vale a pena ter como parte da política industrial. Há toda uma disputa no mundo sobre a localização da produção desses produtos. Ele dissipa benefícios para economia como um todo."
Segundo Roberto Barbieri, diretor da Semp Toshiba, a desoneração sobre a fabricação de conversores seria uma medida mais efetiva para reduzir preços. "Sobre isso, ele [o presidente Lula] não falou nada. Essa seria a medida que reduziria imediatamente o preço."
De acordo com os fabricantes, o aumento da escala e a redução no preços dos insumos também devem contribuir para a diminuição dos preços.
Sem saber as condições de financiamento, as redes varejistas Casas Bahia, Magazine Luiza, Ponto Frio, Lojas Americanas e Carrefour preferiram não comentar o assunto. O Wal-Mart se limitou a dizer que as vendas ficaram além da expectativa nos primeiros dias, mas não divulgou números.
Avelino Nogueira, gerente da área de Informática do Extra, disse que o programa Computador para Todos do BNDES -que pode servir de parâmetro para financiar o conversor- mais desoneração e o câmbio ajudaram a alavancar as vendas de computadores em 400% em 2006. A Caixa Econômica Federal, que financiará a compra de conversores, não informou data de início nem taxas.


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