São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Brasil cresce 2% em 2009, afirma Itaú

O Brasil não entrará em recessão no ano que vem, mas o PIB crescerá apenas 2%. O país também é um dos mais preparados entre os emergentes para enfrentar a crise.
A análise é do economista John Welch, que acaba de desembarcar no Departamento de Economia do Itaú, depois de ter trabalhado em Nova York nos bancos Lehman Brothers e Bear Stearns, ambos atingidos pela crise. Especialista em América Latina, desde o mês passado ele passou a ocupar o cargo de economista-chefe global do Itaú.
Apesar de a previsão do Itaú para o PIB do ano que vem ser pequena, Welch afirma que será muito melhor do que a maioria dos países.
De acordo com o economista, os países desenvolvidos vão entrar em recessão, mas alguns emergentes vão evitar que o mundo mergulhe numa depressão. Entre eles, China, Brasil, Chile, Peru e México.
Para Welch, o Brasil vai conseguir resistir bem à crise basicamente por dois motivos. Em primeiro lugar, pelo fato de ser pequeno o saldo comercial entre o que o Brasil exporta e importa de commodities, de menos de 5% do PIB.
O Brasil é um grande exportador de commodities. Do total de suas vendas externas, 60% são commodities, mas é também um grande importador (derivados de petróleo, arroz, trigo e outros). As commodities respondem por 40% das importações.
O Brasil não é tão dependente das exportações de commodities como países como Venezuela, Chile, Rússia, Equador, Peru e Argentina.
Outros países se sentirão aliviados com a queda nos preços das commodities. São eles Polônia, Turquia, Hungria, República Tcheca e Israel, que vinham sofrendo nos últimos dois anos com a forte alta nos preços das importações de commodities.
Mas, segundo Welch, o choque das commodities só conta a metade da história. Outro ponto importante para determinar os países que estão mais preparados para enfrentar a crise é saber quais os que se prepararam na última década para enfrentar o tsunami.
Para o economista, países como Venezuela, Argentina e Equador desperdiçaram a bonança dos últimos anos gastando a maior parte dos recursos em conta corrente.
"Além disso, os atuais governos desses países desfizeram muitas das reformas estruturais feitas pelos seus antecessores, adotando políticas fiscais expansionistas, praticando controles de preços, não investindo em infra-estrutura e aumentando a intervenção discricionária na economia."
Já Chile e Peru, de acordo com Welch, instituíram profundas reformas que os levaram a uma situação fiscal sólida, com baixa inflação e crescimento elevado. Brasil, Colômbia e México também adotaram políticas macroeconômicas consistentes e devem resistir bem à crise.
"No conjunto, os países emergentes devem resistir relativamente bem ao efeito da atual queda nos preços das commodities, certamente melhor do que se esperava", diz Welch. "Aqueles países que mantiveram políticas monetária e fiscal prudentes e aprofundaram suas reformas estruturais estarão muito melhor do que aqueles que não o fizeram."

SEBRAE

Cai receita de micros do varejo e da indústria

O faturamento das micro e pequenas empresas paulistas dos setores de comércio e indústria caiu em outubro, aponta levantamento do Sebrae-SP que será divulgado hoje.
Na indústria, as maiores quedas ficaram para os setores de bens de capital e bens duráveis. Já no comércio, o impacto negativo foi maior no atacado e na venda de bens com preços mais elevados.
Para o Comitê de Monitoramento da Crise do Sebrae-SP, o resultado negativo se deve a "uma súbita retração da demanda sem necessariamente representar uma tendência, resultante de um comportamento mais defensivo dos consumidores ante o forte noticiário sobre a crise internacional".
No setor de serviços, que abrange um terço das empresas de micro e pequeno porte de São Paulo, houve aumento na receita. Para o Sebrae, isso confirma que a queda não é generalizada.
"Os setores mais afetados são os que foram mais atingidos pela escassez de crédito", diz o Sebrae.

BULA

A indústria de genéricos espera ser beneficiada pela crise. Como remédio é produto de primeira necessidade, os genéricos, mais baratos, serão favorecidos, segundo a Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos). Com preços em média 50% menores que os medicamentos de referência, a categoria de produtos teve alta 25% em volume de vendas em outubro ante o mesmo mês do ano anterior. O setor comercializou 25,4 milhões de unidades e movimentou US$ 155 milhões no período. "Enquanto a percepção acerca da economia piora, nossas vendas aumentam. Foi assim nos últimos dois meses", diz Odnir Finotti, vice-presidente da Pró Genéricos.

ISCA
Será lançado hoje, em São Paulo, o livro "Tudo o Que Sei Sobre Negócios Aprendi Com a Pescaria - E não é História de Pescador" (Editora Original, 120 páginas), do economista Alexandre Rangel, sócio-fundador da SBQ (Sociedade Brasileira da Qualidade). No livro, o autor aborda conceitos relacionados ao gerenciamento de negócios por meio de metáforas com a pescaria.

PROPOSTA
A Vale vai propor aos sindicatos a adoção da suspensão temporária do contrato de trabalho, um mecanismo que já foi adotado no Brasil no qual o funcionário fica afastado por um tempo sem deixar de receber o salário. Ele pára de receber outros benefícios, como o 13º.

ESTACA ZERO
A Justiça indeferiu ontem o pedido da Camargo Corrêa/Suez para reconsiderar a decisão que suspendeu a licença parcial de instalação de Jirau. Assim, o licenciamento voltou à estaca zero. A batalha agora será em Brasília, através ações de agravo e suspensão de segurança.

MASTER
O Fórum de Líderes Empresariais lançou ontem em São Paulo, durante jantar em homenagem a lideranças do empresariado, o embrião do Master Fórum. Vários grupos de trabalho em áreas como sustentabilidade, educação e defesa nacional foram formados antes do lançamento oficial da entidade, em março do ano que vem. Inspirado na organização empresarial japonesa Keidanren, a entidade tem como objetivo formular propostas de políticas de Estado e influir na agenda do país.

RECEIO
A preocupação do brasileiro com sua capacidade de honrar obrigações financeiras essenciais aumentou neste segundo semestre, de acordo com um levantamento da multinacional de TI Unisys feito com 1.500 pessoas de 18 a 65 anos das principais regiões metropolitanas do Brasil. O número de pessoas extremamente preocupadas com a questão subiu de 16% no mês de março deste ano para 19% em setembro, após o aprofundamento da crise econômica internacional. Os muito preocupados saltaram de 29% para 35%. Já os despreocupados caíram de 26% para 23% no período.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e MAURICIO MORAES



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