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Vale anuncia corte de 1.300 funcionários
Mineradora atribui decisão à crise internacional; demissões ocorrem no Brasil e no exterior, sendo 20% do total em Minas Gerais
Empresa decide ainda colocar
5.550 empregados em férias
coletivas até fevereiro,
à
espera de melhora na
demanda por minério
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Afetada pela crise, a Vale
anunciou ontem a demissão de
1.300 funcionários em todo o
mundo, sendo 20% do total em
Minas Gerais. A mineradora
colocou ainda outros 5.550 empregados em férias coletivas até
fevereiro, à espera de uma melhora na demanda mundial por
minério de ferro. A empresa
tem 62 mil empregados.
Por meio da assessoria, a Vale informou que o cenário de
crise internacional levou a uma
redução brusca do consumo de
aço -cujo principal insumo, o
minério de ferro, é fornecido
pela Vale. Diante disso, as demissões foram inevitáveis.
Segundo a Vale, os cortes são
uma "adaptação do quadro de
funcionários" à demanda menor. A empresa não informou
quantos foram dispensados no
Brasil e no exterior. Limitou-se
a informar que 20% das demissões ocorreram em Minas.
A empresa afirmou que tenta
reduzir as demissões ao mínimo possível. Uma das medidas
foi a realocação de 1.200 funcionários, colocados em treinamento para atuar em outras
atividades na companhia.
Já entre os trabalhadores em
férias coletivas, 80% estão em
Minas. Eles ficarão parados de
modo escalonado até fevereiro.
Com a queda da demanda
-especialmente das siderúrgicas chinesas-, a Vale já havia
anunciado um corte de produção de 30 milhões de toneladas
de minério, concentrado em
Minas, onde a companhia paralisou quatro minas de custo
mais alto e menos rentáveis.
A mineradora também anunciou a parada de duas pelotizadoras (fábricas que agregam o
minério em pequenas pelotas)
no Espírito Santo, além de cortar a produção de alumínio,
manganês, níquel e ferro-ligas
no Brasil e no exterior.
O anúncio do corte de produção ocorreu há um mês. À época, o presidente da Vale, Roger
Agnelli, disse que o movimento
era "momentâneo" e representava "um ajuste normal de dia-a-dia e gestão de companhia".
Agnelli afirmou que preferia
cortar a produção a vender o
minério a qualquer preço.
Ontem, o diretor administrativo de vendas da Vale, Fidel
Blanco, afirmou, em Paris, que
os preços de matérias-primas
não subirão como nos últimos
anos por conta da desaceleração global da economia.
"Nós temos uma crise de crédito, contração na economia,
grandes processos de redução
de estoques de matérias-primas em andamento e a demanda está realmente fraca", disse.
Representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Vale, João Batista Cavallieri, presidente do Sindicato dos Ferroviários de Minas
Gerais e Espírito Santo, disse
que uma "empresa do porte e
da importância da Vale" não
pode demitir. Ele afirmou ter
solicitado uma reunião com a
direção da companhia, que deve acontecer na terça, para obter mais informações e "poder
tranqüilizar" os empregados.
O presidente do Metabase
(Sindicato dos Trabalhadores
na Indústria Extrativa de Ferro
e Metais Básicos de Itabira,
MG), Paulo Soares da Silva, disse que a Vale "esconde" informações sobre demissões diante
do revelado ontem e o que de
fato está sendo anunciado na
cidade. "São 400 demissões
anunciadas s[o em Itabira, e esse número pode chegar a 600."
Com PAULO PEIXOTO, da Agência Folha,
em Belo Horizonte, e a Reuters
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