São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Vale anuncia corte de 1.300 funcionários

Mineradora atribui decisão à crise internacional; demissões ocorrem no Brasil e no exterior, sendo 20% do total em Minas Gerais

Empresa decide ainda colocar 5.550 empregados em férias coletivas até fevereiro, à espera de melhora na demanda por minério

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Afetada pela crise, a Vale anunciou ontem a demissão de 1.300 funcionários em todo o mundo, sendo 20% do total em Minas Gerais. A mineradora colocou ainda outros 5.550 empregados em férias coletivas até fevereiro, à espera de uma melhora na demanda mundial por minério de ferro. A empresa tem 62 mil empregados.
Por meio da assessoria, a Vale informou que o cenário de crise internacional levou a uma redução brusca do consumo de aço -cujo principal insumo, o minério de ferro, é fornecido pela Vale. Diante disso, as demissões foram inevitáveis.
Segundo a Vale, os cortes são uma "adaptação do quadro de funcionários" à demanda menor. A empresa não informou quantos foram dispensados no Brasil e no exterior. Limitou-se a informar que 20% das demissões ocorreram em Minas.
A empresa afirmou que tenta reduzir as demissões ao mínimo possível. Uma das medidas foi a realocação de 1.200 funcionários, colocados em treinamento para atuar em outras atividades na companhia. Já entre os trabalhadores em férias coletivas, 80% estão em Minas. Eles ficarão parados de modo escalonado até fevereiro.
Com a queda da demanda -especialmente das siderúrgicas chinesas-, a Vale já havia anunciado um corte de produção de 30 milhões de toneladas de minério, concentrado em Minas, onde a companhia paralisou quatro minas de custo mais alto e menos rentáveis.
A mineradora também anunciou a parada de duas pelotizadoras (fábricas que agregam o minério em pequenas pelotas) no Espírito Santo, além de cortar a produção de alumínio, manganês, níquel e ferro-ligas no Brasil e no exterior.
O anúncio do corte de produção ocorreu há um mês. À época, o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que o movimento era "momentâneo" e representava "um ajuste normal de dia-a-dia e gestão de companhia".
Agnelli afirmou que preferia cortar a produção a vender o minério a qualquer preço.
Ontem, o diretor administrativo de vendas da Vale, Fidel Blanco, afirmou, em Paris, que os preços de matérias-primas não subirão como nos últimos anos por conta da desaceleração global da economia. "Nós temos uma crise de crédito, contração na economia, grandes processos de redução de estoques de matérias-primas em andamento e a demanda está realmente fraca", disse.
Representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Vale, João Batista Cavallieri, presidente do Sindicato dos Ferroviários de Minas Gerais e Espírito Santo, disse que uma "empresa do porte e da importância da Vale" não pode demitir. Ele afirmou ter solicitado uma reunião com a direção da companhia, que deve acontecer na terça, para obter mais informações e "poder tranqüilizar" os empregados.
O presidente do Metabase (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Extrativa de Ferro e Metais Básicos de Itabira, MG), Paulo Soares da Silva, disse que a Vale "esconde" informações sobre demissões diante do revelado ontem e o que de fato está sendo anunciado na cidade. "São 400 demissões anunciadas s[o em Itabira, e esse número pode chegar a 600."

Com PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte, e a Reuters



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