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Petrobras tira dinheiro de pequenos ao pegar empréstimo na Caixa, afirma Lula
SIMONE IGLESIAS
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o
empréstimo concedido pela
Caixa Econômica Federal à Petrobras, no valor de R$ 2 bilhões, reduziu a possibilidade
de pequenas empresas recorrerem ao banco estatal para se financiarem em meio à crise econômica mundial. Ele determinou que a Petrobras não utilize
mais financiamentos da CEF,
pedindo que recorra a bancos
estrangeiros.
"A Petrobras é tão poderosa
que [o fato de] ir à Caixa pegar
dinheiro obviamente tira de
uma pequena empresa, da
construção civil, do comércio.
Então, é importante que a gente estabeleça com bancos estrangeiros a possibilidade de financiar projetos de infra-estrutura para que grandes [empresas] como Petrobras e Vale
do Rio Doce não disputem com
pequenas empresas no sistema
financeiro nacional", enfatizou.
Lula fez a declaração dois
dias depois de o presidente da
Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmar que a estatal poderia
voltar a tomar recursos para financiamento de capital de giro
em bancos públicos, já que há
dificuldade em conseguir linhas de crédito em bancos internacionais.
Apesar da determinação para
que a operação entre Caixa
Econômica e Petrobras não se
repita, Lula afirmou não ver ilegalidades no fato de a estatal recorrer a entidades públicas.
"Quando vejo notícias de que
a Petrobras tomou dinheiro
emprestado na Caixa, ora, sinceramente, qualquer um de nós
vai tomar dinheiro onde tem. O
que vocês não podem é pedir
pra mim", disse, durante abertura de convenção internacional de engenharia.
Após participar do evento,
Lula se reuniu com José Sergio
Gabrielli e os ministros Guido
Mantega (Fazenda) e Dilma
Rousseff (Casa Civil), no Palácio do Planalto, para discutir os
investimentos da estatal.
A Petrobras terá R$ 3,5 bilhões a mais do que o previsto
para investimentos só em dezembro. O dinheiro foi liberado
pelo governo porque a empresa
teve faturamento maior do que
o esperado.
A decisão da equipe econômica foi não mudar a meta de
superávit primário (economia
para pagar os juros da dívida)
da estatal. Por isso, o governo
autorizou o aumento das despesas em decreto publicado no
"Diário Oficial" da União.
Com isso, a estatal do petróleo passa a ter R$ 44 bilhões para investimentos neste ano. Como gastou R$ 34 bilhões até o
fim de outubro, sobram R$ 10
bilhões em caixa para novos
aportes. Pela programação anterior, os investimentos da
maior empresa brasileira seriam de R$ 40,5 bilhões.
O decreto de programação
orçamentária do último bimestre trouxe a previsão de receitas e despesas das estatais e do
governo para este ano.
O faturamento foi reestimado em mais R$ 52,9 bilhões. As
despesas ordinárias, que excluem os investimentos, cresceram R$ 55 bilhões.
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