São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Petrobras tira dinheiro de pequenos ao pegar empréstimo na Caixa, afirma Lula

SIMONE IGLESIAS
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o empréstimo concedido pela Caixa Econômica Federal à Petrobras, no valor de R$ 2 bilhões, reduziu a possibilidade de pequenas empresas recorrerem ao banco estatal para se financiarem em meio à crise econômica mundial. Ele determinou que a Petrobras não utilize mais financiamentos da CEF, pedindo que recorra a bancos estrangeiros.
"A Petrobras é tão poderosa que [o fato de] ir à Caixa pegar dinheiro obviamente tira de uma pequena empresa, da construção civil, do comércio. Então, é importante que a gente estabeleça com bancos estrangeiros a possibilidade de financiar projetos de infra-estrutura para que grandes [empresas] como Petrobras e Vale do Rio Doce não disputem com pequenas empresas no sistema financeiro nacional", enfatizou.
Lula fez a declaração dois dias depois de o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmar que a estatal poderia voltar a tomar recursos para financiamento de capital de giro em bancos públicos, já que há dificuldade em conseguir linhas de crédito em bancos internacionais.
Apesar da determinação para que a operação entre Caixa Econômica e Petrobras não se repita, Lula afirmou não ver ilegalidades no fato de a estatal recorrer a entidades públicas.
"Quando vejo notícias de que a Petrobras tomou dinheiro emprestado na Caixa, ora, sinceramente, qualquer um de nós vai tomar dinheiro onde tem. O que vocês não podem é pedir pra mim", disse, durante abertura de convenção internacional de engenharia.
Após participar do evento, Lula se reuniu com José Sergio Gabrielli e os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil), no Palácio do Planalto, para discutir os investimentos da estatal.
A Petrobras terá R$ 3,5 bilhões a mais do que o previsto para investimentos só em dezembro. O dinheiro foi liberado pelo governo porque a empresa teve faturamento maior do que o esperado.
A decisão da equipe econômica foi não mudar a meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) da estatal. Por isso, o governo autorizou o aumento das despesas em decreto publicado no "Diário Oficial" da União.
Com isso, a estatal do petróleo passa a ter R$ 44 bilhões para investimentos neste ano. Como gastou R$ 34 bilhões até o fim de outubro, sobram R$ 10 bilhões em caixa para novos aportes. Pela programação anterior, os investimentos da maior empresa brasileira seriam de R$ 40,5 bilhões.
O decreto de programação orçamentária do último bimestre trouxe a previsão de receitas e despesas das estatais e do governo para este ano.
O faturamento foi reestimado em mais R$ 52,9 bilhões. As despesas ordinárias, que excluem os investimentos, cresceram R$ 55 bilhões.


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