São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Empresas cortam 250 mil vagas nos EUA

Relatório do BC americano aponta enfraquecimento geral da economia e eleva expectativa de novo corte nos juros

Com a grave crise do setor, principal sindicato automotivo aceitou incluir uma série de concessões em acordo com as empresas

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Cereja no bolo de lama que virou a economia norte-americana, o chamado livro bege do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), divulgado ontem, reporta que a atividade econômica se retraiu por todo o país no último mês. Nem setores como energia e mineração, que tinham apresentado atividade positiva em outubro, resistiram.
O relatório ausculta a economia em 12 grandes regiões dos EUA, como Nova York e entorno e Chicago e adjacências, e sua conclusão serve de bússola para a reunião em que o Fed decide sobre a taxa de juros básicos da economia do país, hoje em 1%. O próximo encontro ocorre nos dias 15 e 16. Baseado no relatório e em declarações recentes do presidente do Fed, Ben Bernanke, o mais provável é que o BC dos EUA opte por um novo corte na reunião.
Segundo o livro bege, além dos já citados, tiveram queda os setores lojista, de vendas de veículos, turismo, manufatura e serviços. Caíram as vendas de casas e de imóveis comerciais, e o crédito está mais apertado em geral. Diminuiu o emprego, e os preços em geral caíram. A avaliação foi feita entre 15 de outubro e 24 de novembro.
Outro indicador da crise que vive a maior economia mundial foi a divulgação de que 250 mil postos de trabalho foram fechados no setor privado no mês passado, segundo a consultoria ADP. Em outubro, de acordo com o mesmo levantamento, foram 179 mil reduções e, em setembro, 26 mil de setembro.
Os cortes de novembro foram o segundo maior da história da pesquisa, só perdendo para os realizados em janeiro de 2002, quando as empresas aéreas fizeram grandes demissões, resultado da crise do setor após os ataques terroristas do 11 de Setembro.
O levantamento, feito com dados de 399 mil empresas, mostra que o emprego se contraiu em todos os setores da economia e afetou pequenas, médias e grandes companhias.
Ele é divulgado dias antes do relatório oficial do governo, que sai amanhã, e geralmente é mais "benevolente" que os dados do Departamento de Trabalho. Em outubro, por exemplo, para o governo, foram 263 mil reduções no setor privado -84 mil mais que para a ADP. O relatório oficial deve mostrar que mais de 300 mil perderam o trabalho no mês passado.
Ontem ainda, o ISM, índice que mede a atividade no setor de serviços, chegou a 37,3 pontos, ante 44,4 de outubro. É o pior número desde que a aferição começou a ser feita, em 1997. O setor é o motor do crescimento da economia americana, responsável por 75% dos empregos e 80% do PIB.
Com ferramentas de eficácia cada vez mais limitada para reavivar a economia, o Departamento do Tesouro cogitava ontem utilizar a segunda parte do pacote de US$ 700 bilhões aprovados pelo Congresso como auxílio ao setor financeiro.
Ainda no Congresso, hoje e amanhã os executivos das três maiores montadoras dos EUA voltam a pedir um pacote de auxílio que começou em US$ 25 bilhões e ontem batia nos US$ 40 bilhões. Sem o dinheiro, a GM corre o risco de pedir concordata ainda neste mês.
Como maneira de facilitar o acordo, o UAW, principal sindicato do setor, aceitou incluir no plano proposto o atraso no pagamento de planos de saúde pelos empregadores e a suspensão de um polêmico programa de desemprego.


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