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Empresas cortam 250 mil vagas nos EUA
Relatório do BC americano aponta enfraquecimento geral da economia e eleva expectativa de novo corte nos juros
Com a grave crise do
setor, principal sindicato automotivo aceitou incluir uma série de concessões em acordo com as empresas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Cereja no bolo de lama que
virou a economia norte-americana, o chamado livro bege do
Fed (Federal Reserve, o banco
central norte-americano), divulgado ontem, reporta que a
atividade econômica se retraiu
por todo o país no último mês.
Nem setores como energia e
mineração, que tinham apresentado atividade positiva em
outubro, resistiram.
O relatório ausculta a economia em 12 grandes regiões dos
EUA, como Nova York e entorno e Chicago e adjacências, e
sua conclusão serve de bússola
para a reunião em que o Fed decide sobre a taxa de juros básicos da economia do país, hoje
em 1%. O próximo encontro
ocorre nos dias 15 e 16. Baseado
no relatório e em declarações
recentes do presidente do Fed,
Ben Bernanke, o mais provável
é que o BC dos EUA opte por
um novo corte na reunião.
Segundo o livro bege, além
dos já citados, tiveram queda os
setores lojista, de vendas de
veículos, turismo, manufatura
e serviços. Caíram as vendas de
casas e de imóveis comerciais, e
o crédito está mais apertado em
geral. Diminuiu o emprego, e os
preços em geral caíram. A avaliação foi feita entre 15 de outubro e 24 de novembro.
Outro indicador da crise que
vive a maior economia mundial
foi a divulgação de que 250 mil
postos de trabalho foram fechados no setor privado no mês
passado, segundo a consultoria
ADP. Em outubro, de acordo
com o mesmo levantamento,
foram 179 mil reduções e, em
setembro, 26 mil de setembro.
Os cortes de novembro foram o segundo maior da história da pesquisa, só perdendo
para os realizados em janeiro
de 2002, quando as empresas
aéreas fizeram grandes demissões, resultado da crise do setor
após os ataques terroristas do
11 de Setembro.
O levantamento, feito com
dados de 399 mil empresas,
mostra que o emprego se contraiu em todos os setores da
economia e afetou pequenas,
médias e grandes companhias.
Ele é divulgado dias antes do
relatório oficial do governo,
que sai amanhã, e geralmente é
mais "benevolente" que os dados do Departamento de Trabalho. Em outubro, por exemplo, para o governo, foram 263
mil reduções no setor privado
-84 mil mais que para a ADP.
O relatório oficial deve mostrar
que mais de 300 mil perderam
o trabalho no mês passado.
Ontem ainda, o ISM, índice
que mede a atividade no setor
de serviços, chegou a 37,3 pontos, ante 44,4 de outubro. É o
pior número desde que a aferição começou a ser feita, em
1997. O setor é o motor do crescimento da economia americana, responsável por 75% dos
empregos e 80% do PIB.
Com ferramentas de eficácia
cada vez mais limitada para
reavivar a economia, o Departamento do Tesouro cogitava
ontem utilizar a segunda parte
do pacote de US$ 700 bilhões
aprovados pelo Congresso como auxílio ao setor financeiro.
Ainda no Congresso, hoje e
amanhã os executivos das três
maiores montadoras dos EUA
voltam a pedir um pacote de
auxílio que começou em US$
25 bilhões e ontem batia nos
US$ 40 bilhões. Sem o dinheiro, a GM corre o risco de pedir
concordata ainda neste mês.
Como maneira de facilitar o
acordo, o UAW, principal sindicato do setor, aceitou incluir no
plano proposto o atraso no pagamento de planos de saúde pelos empregadores e a suspensão de um polêmico programa
de desemprego.
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