São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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PECUÁRIA

Segunda maior empresa do setor no país, grupo Margen opera hoje em 17 locais; demissões até fevereiro chegarão a 1.810

Aftosa leva frigorífico a fechar 6 unidades

ANA RAQUEL COPETTI
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O grupo Margen, a segunda maior empresa frigorífica do Brasil, vai fechar seis das 17 unidades que possui no país até fevereiro. Dos 7.000 funcionários da empresa, 1.810 serão demitidos. O abate mensal, que totaliza em média 6.000 cabeças de gado, deve cair para 3.500 a partir do próximo mês.
O fechamento, segundo o gerente administrativo da Margen, Adalberto José da Silva, é decorrente da crise na pecuária provocada pela descoberta de focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, em outubro do ano passado, e da política econômica do governo federal, que tem desvalorizado os rebanhos.
Mato Grosso do Sul, Estado responsável pela maior parte da produção do frigorífico, vai perder três unidades: Paranaíba, Naviraí e Bataiporã. Com isso, 950 pessoas perderão os empregos a partir de fevereiro.
No Estado de Mato Grosso, a Margen anunciou o fechamento do frigorífico da capital, Cuiabá, onde 280 funcionários serão demitidos. No Estado de Goiás, as unidades dos municípios de Goiarina e Goiás serão desativadas e 580 trabalhadores também perderão seus empregos.
De acordo com Adalberto José da Silva, todos os funcionários das seis unidades devem ser comunicados oficialmente sobre a demissão até hoje à tarde. Os 1.810 empregados cumprem aviso-prévio até o início de fevereiro, mas a previsão da empresa é encerrar todas as atividades a partir do dia 14 deste mês.
"A decisão de fechar as unidades nos três Estados é irreversível. Com a crise provocada pela aftosa, a empresa analisou cada filial e optou por encerrar as atividades nos locais onde já não havia lucro", afirmou Adalberto José da Silva.
"Não chegamos ao prejuízo, mas as unidades não rendiam o suficiente, o que poderia gerar números negativos num futuro próximo", completou.
Depois da descoberta dos focos de febre aftosa no município de Eldorado (MS) e em outros municípios do Estado ainda no ano passado, diversos países da Europa, principal consumidor da carne de Mato Grosso do Sul, embargaram a compra do produto.
"O mercado interno não é suficiente para absorver a demanda. Acabaríamos com carne nas câmaras frias e isso significaria perda alta", disse Silva.
Antes da crise causada pela febre aftosa a empresa frigorífica possuía 21 unidades em todo o país. O segundo motivo apontado por Silva para justificar o fechamento é a política econômica adotada pelo governo federal.
"O câmbio é desfavorável ao mercado produtor, o que refletiu em queda no fornecimento de carne. Com a queda no valor da arroba, que varia entre R$ 45 e R$ 49 nos Estados que perdem filiais da Margen, o pecuarista deixou de investir no rebanho. Cai a produção, cai a qualidade, cai a rotatividade nos frigoríficos", afirma ele.
Segundo pesquisa divulgada pela CNA (Confederação Nacional de Agricultura) e a USP (Universidade de São Paulo) em dezembro passado, enquanto a arroba do boi gordo desvalorizou 13,14% em Mato Grosso do Sul de janeiro a outubro deste ano, os custos totais dos pecuaristas tiveram aumento de 6,09%, acirrando o descompasso entre a renda e os gastos.


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