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PECUÁRIA
Segunda maior empresa do setor no país, grupo Margen opera hoje em 17 locais; demissões até fevereiro chegarão a 1.810
Aftosa leva frigorífico a fechar 6 unidades
ANA RAQUEL COPETTI
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O grupo Margen, a segunda
maior empresa frigorífica do Brasil, vai fechar seis das 17 unidades
que possui no país até fevereiro.
Dos 7.000 funcionários da empresa, 1.810 serão demitidos. O abate
mensal, que totaliza em média
6.000 cabeças de gado, deve cair
para 3.500 a partir do próximo
mês.
O fechamento, segundo o gerente administrativo da Margen,
Adalberto José da Silva, é decorrente da crise na pecuária provocada pela descoberta de focos de
febre aftosa em Mato Grosso do
Sul, em outubro do ano passado, e
da política econômica do governo
federal, que tem desvalorizado os
rebanhos.
Mato Grosso do Sul, Estado responsável pela maior parte da produção do frigorífico, vai perder
três unidades: Paranaíba, Naviraí
e Bataiporã. Com isso, 950 pessoas perderão os empregos a partir de fevereiro.
No Estado de Mato Grosso, a
Margen anunciou o fechamento
do frigorífico da capital, Cuiabá,
onde 280 funcionários serão demitidos. No Estado de Goiás, as
unidades dos municípios de
Goiarina e Goiás serão desativadas e 580 trabalhadores também
perderão seus empregos.
De acordo com Adalberto José
da Silva, todos os funcionários
das seis unidades devem ser comunicados oficialmente sobre a
demissão até hoje à tarde. Os 1.810
empregados cumprem aviso-prévio até o início de fevereiro, mas a
previsão da empresa é encerrar
todas as atividades a partir do dia
14 deste mês.
"A decisão de fechar as unidades nos três Estados é irreversível.
Com a crise provocada pela aftosa, a empresa analisou cada filial e
optou por encerrar as atividades
nos locais onde já não havia lucro", afirmou Adalberto José da
Silva.
"Não chegamos ao prejuízo,
mas as unidades não rendiam o
suficiente, o que poderia gerar
números negativos num futuro
próximo", completou.
Depois da descoberta dos focos
de febre aftosa no município de
Eldorado (MS) e em outros municípios do Estado ainda no ano
passado, diversos países da Europa, principal consumidor da carne de Mato Grosso do Sul, embargaram a compra do produto.
"O mercado interno não é suficiente para absorver a demanda.
Acabaríamos com carne nas câmaras frias e isso significaria perda alta", disse Silva.
Antes da crise causada pela febre aftosa a empresa frigorífica
possuía 21 unidades em todo o
país. O segundo motivo apontado
por Silva para justificar o fechamento é a política econômica
adotada pelo governo federal.
"O câmbio é desfavorável ao
mercado produtor, o que refletiu
em queda no fornecimento de
carne. Com a queda no valor da
arroba, que varia entre R$ 45 e
R$ 49 nos Estados que perdem filiais da Margen, o pecuarista deixou de investir no rebanho. Cai a
produção, cai a qualidade, cai a
rotatividade nos frigoríficos",
afirma ele.
Segundo pesquisa divulgada
pela CNA (Confederação Nacional de Agricultura) e a USP (Universidade de São Paulo) em dezembro passado, enquanto a arroba do boi gordo desvalorizou
13,14% em Mato Grosso do Sul de
janeiro a outubro deste ano, os
custos totais dos pecuaristas tiveram aumento de 6,09%, acirrando o descompasso entre a renda e
os gastos.
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