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Receita com alta de imposto terá uso livre
Ao contrário da CPMF, R$ 10 bi previstos com alta de IOF e CSLL irão para o Tesouro, que pode gastá-los livremente
Já dos estimados R$ 38 bi do
imposto do cheque, 40% teriam de ir para saúde, 20%
para a Previdência e 20% ao
fundo contra a pobreza
JULIANA ROCHA
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação extra gerada
pelo aumento das alíquotas do
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) e da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido), estimada em R$ 10 bilhões pelo governo, não irá
obrigatoriamente para Saúde,
Previdência e Bolsa Família,
como com a extinta CPMF.
Segundo o Ministério da Fazenda, a receita nova vai para a
chamada Conta Única do Tesouro Nacional e pode ser usada em qualquer despesa da
União, como o custeio da máquina pública, investimentos e
pagamento de juros da dívida.
Por lei, a receita da CPMF deveria ser destinada para a saúde
(40% da arrecadação), a Previdência (20%) e o Fundo de
Combate à Pobreza (20%), que
sustenta o Bolsa Família. Os
outros 20% o governo federal
poderia gastar livremente, garantido pela DRU (Desvinculação das Receitas da União).
Nada garante que a nova arrecadação do IOF e da CSLL seja usada com a mesma finalidade. Assim que a CPMF foi rejeitada no Senado, o governo alardeou que a Saúde seria a maior
perdedora. Mas Rogério Sobreira, especialista em contas
da públicas da FGV, lembra que
a emenda 29 garante os gastos
na área.
No mínimo, o governo terá
que gastar neste ano o mesmo
valor de 2007 mais a variação
do PIB e da inflação. Se a economia crescer 5% e o IPCA,
4,3%, como estima o governo,
os investimentos obrigatórios
com a Saúde em 2008 serão de
R$ 48 bilhões, alta de cerca de
R$ 4 bilhões em relação a 2007.
Sobreira diz que, se a CPMF
tivesse sido aprovada, a Saúde
poderia ter investimento maior
que o garantido. Até porque a
emenda 29 dizia que, com a
CPMF, os percentuais para a
Saúde deveriam aumentar ano
a ano. Em quatro anos, seriam
R$ 24 bilhões a mais.
No apagar das luzes da negociação em torno da CPMF, o
presidente Lula e o ministro
Guido Mantega (Fazenda) enviaram uma carta ao Congresso
com a proposta de reduzir a alíquota do tributo para 0,25% e
destiná-lo integralmente à Saúde, o que foi rejeitado.
O especialista lembra, porém, que nada garante que o governo usaria na saúde toda a arrecadação com a CPMF, estimada em R$ 38 bilhões neste
ano. "O governo fez essa promessa, mas não havia garantia
de que iria cumpri-la", afirma.
A Receita Federal estima que
a arrecadação com o IOF vai
dobrar neste ano se comparada
com a do ano passado. A previsão para 2007 era de o governo
obter uma receita de R$ 8 bilhões com este tributo. Para
2008, deverão ser R$ 8 bilhões
a mais pelos cálculos dos técnicos da Receita. Para a CSLL, a
estimativa é aumentar a arrecadação em R$ 2 bilhões.
As medidas e as novas previsões de arrecadação foram
anunciadas com base em uma
previsão do governo de o país
crescer 5,3% em 2008 e gerar
um aumento de arrecadação,
apenas com este crescimento
econômico, de mais R$ 10 bilhões. De janeiro a novembro
do ano passado (último dado
divulgado), a receita com IOF
foi de R$ 7,1 bilhões. E com a
CSLL, de R$ 31,9 bilhões.
O presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), Gilberto Luiz do
Amaral, calcula que a carga tributária deve cair com o fim da
CPMF, de 36,02% no ano passado para 35,52% neste ano. Isto porque o aumento da CSLL e
do IOF devem corresponder,
juntos, a aumento de R$ 10 bilhões em arrecadação. O valor é
pouco mais de um quarto da receita que viria com a CPMF.
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