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Comgás diz que não vai faltar gás na Grande SP
Bolívia admitiu que não enviará volume acertado
YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE
A Comgás -companhia responsável pelo abastecimento
de gás natural para a Grande
São Paulo, Vale do Paraíba, Baixada Santista e a região de
Campinas- garantiu ontem o
abastecimento do produto, independente de um possível
descumprimento de contrato
de fornecimento do combustível pela Bolívia.
Na quinta-feira, o ministro
dos hidrocarbonetos da Bolívia,
Carlos Villegas, admitiu que
não poderá atender integralmente os contratos de fornecimento de gás para o Brasil e a
Argentina neste ano.
Entre os acordos, está um
com a empresa Comgás, que
atua em São Paulo. Esse contrato prevê o fornecimento de
650 mil metros cúbicos de gás
por dia. Uma termelétrica de
Cuiabá (MT) também pode enfrentar problemas com a quebra de contrato.
A crença da Comgás reside
na garantia de que o contrato
com a Petrobras -que fornece
14,75 milhões de metros cúbicos de gás por dia à empresa- é
superior à demanda de 14 milhões de metros cúbicos e que
não serão interrompidos pelos
bolivianos.
Mas o próprio contrato com a
Petrobras não garante totalmente a entrega de 1,5 milhão
de metros cúbicos, baseado em
um contrato do tipo interruptível. Caso esse gás não seja entregue -hipótese considerada
remota- o risco de desabastecimento pode se tornar real.
"Para que isso não ocorra, a
Comgás precisa negociar com
as empresas que possuam contratos firmes aceitem um contrato firme flexível (onde a Petrobras banca a conversão para
óleo combustível) ou interruptível", explica o consultor Pedro Camarota, diretor de negócios da Gás Energy. "Para isso,
terá que oferecer vantagens,
como um preço mais em conta", afirma.
Segundo o diretor de mercado de grandes consumidores
GNV (Gás Natural Veicular) e
suprimento de gás da Comgás,
Sérgio Luiz da Silva, a garantia
é baseada nos contratos com a
estatal, que foram ampliados
em dezembro do ano passado
dos 11,75 milhões de metros cúbicos de gás por dia para os
14,75 milhões atuais.
"Dentro das negociações
com a Petrobras toda a necessidade foi suprida", disse. "Por isso não há risco algum de desabastecimento", garante o diretor de mercado.
Silva lembrou que o contrato
com a BG já é sistematicamente descumprido pela Bolívia
desde maio do ano passado.
"Na média vêm 150 mil metros
cúbicos desde então", explicou.
Porém, ele admite que, nos
próximos dois anos, o mercado
de gás natural não poderá crescer mais do que o PIB (Produto
Interno Bruto) do período.
Mesmo com este "freio", a
Comgás pretende manter o plano de expansão do gás residencial -que responde hoje por
apenas 2,4% da demanda. O
maior consumidor é o setor industrial, com 80% do total.
Remanejamento
O Ministério de Minas e
Energia informou que, em fevereiro, haverá uma reunião
entre representantes dos governos brasileiro, boliviano e
argentino. Nessa reunião deverá ser discutido um mecanismo
que permita que o gás não enviado para um determinado
país possa ser usado no outro.
Ou seja, se houver sobra nos
contratos entre Bolívia e Argentina, o gás poderia ser enviado para a termelétrica de
Cuiabá e para a Comgás. O ministério informou ainda que o
problema de fornecimento de
gás não afeta o principal contrato com o Brasil, que é o da
Petrobras.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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