São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comgás diz que não vai faltar gás na Grande SP

Bolívia admitiu que não enviará volume acertado

YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE

A Comgás -companhia responsável pelo abastecimento de gás natural para a Grande São Paulo, Vale do Paraíba, Baixada Santista e a região de Campinas- garantiu ontem o abastecimento do produto, independente de um possível descumprimento de contrato de fornecimento do combustível pela Bolívia.
Na quinta-feira, o ministro dos hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, admitiu que não poderá atender integralmente os contratos de fornecimento de gás para o Brasil e a Argentina neste ano.
Entre os acordos, está um com a empresa Comgás, que atua em São Paulo. Esse contrato prevê o fornecimento de 650 mil metros cúbicos de gás por dia. Uma termelétrica de Cuiabá (MT) também pode enfrentar problemas com a quebra de contrato.
A crença da Comgás reside na garantia de que o contrato com a Petrobras -que fornece 14,75 milhões de metros cúbicos de gás por dia à empresa- é superior à demanda de 14 milhões de metros cúbicos e que não serão interrompidos pelos bolivianos.
Mas o próprio contrato com a Petrobras não garante totalmente a entrega de 1,5 milhão de metros cúbicos, baseado em um contrato do tipo interruptível. Caso esse gás não seja entregue -hipótese considerada remota- o risco de desabastecimento pode se tornar real.
"Para que isso não ocorra, a Comgás precisa negociar com as empresas que possuam contratos firmes aceitem um contrato firme flexível (onde a Petrobras banca a conversão para óleo combustível) ou interruptível", explica o consultor Pedro Camarota, diretor de negócios da Gás Energy. "Para isso, terá que oferecer vantagens, como um preço mais em conta", afirma.
Segundo o diretor de mercado de grandes consumidores GNV (Gás Natural Veicular) e suprimento de gás da Comgás, Sérgio Luiz da Silva, a garantia é baseada nos contratos com a estatal, que foram ampliados em dezembro do ano passado dos 11,75 milhões de metros cúbicos de gás por dia para os 14,75 milhões atuais.
"Dentro das negociações com a Petrobras toda a necessidade foi suprida", disse. "Por isso não há risco algum de desabastecimento", garante o diretor de mercado.
Silva lembrou que o contrato com a BG já é sistematicamente descumprido pela Bolívia desde maio do ano passado. "Na média vêm 150 mil metros cúbicos desde então", explicou.
Porém, ele admite que, nos próximos dois anos, o mercado de gás natural não poderá crescer mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) do período. Mesmo com este "freio", a Comgás pretende manter o plano de expansão do gás residencial -que responde hoje por apenas 2,4% da demanda. O maior consumidor é o setor industrial, com 80% do total.

Remanejamento
O Ministério de Minas e Energia informou que, em fevereiro, haverá uma reunião entre representantes dos governos brasileiro, boliviano e argentino. Nessa reunião deverá ser discutido um mecanismo que permita que o gás não enviado para um determinado país possa ser usado no outro. Ou seja, se houver sobra nos contratos entre Bolívia e Argentina, o gás poderia ser enviado para a termelétrica de Cuiabá e para a Comgás. O ministério informou ainda que o problema de fornecimento de gás não afeta o principal contrato com o Brasil, que é o da Petrobras.


Colaborou a Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Operação de câmbio entre bancos fica isenta
Próximo Texto: Vaivém das commodities
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.