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Bolsa não deve se recuperar no curto prazo
Aplicações que rendem juros, como renda fixa e fundos DI, tendem a manter-se atrativas em 2009, bem como os CDBs
Ações são aconselháveis para quem pode segurar investimento por três anos; juros e ausência de taxas favorecem aporte em CDBs
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A forte valorização da Bovespa no primeiro pregão de 2009,
de 7,17%, não deve ser encarada
como um sinal de que as ações
vão reverter seu rumo neste
ano. Muito solavanco e incertezas prometem marcar ainda o
mercado acionário, principalmente neste primeiro trimestre. Analistas lembram que,
mesmo que haja boas oportunidades, ninguém pode garantir
que a Bolsa de Valores irá ter
um ano virtuoso em 2009.
Para os investidores que tomaram um susto com o mercado de ações em 2008, as aplicações atreladas aos juros -como
os fundos DI e de renda fixa,
além do CDB- tendem a repetir os bons retornos do ano passado. Isso porque, mesmo que
se espere que o Banco Central
reduza a taxa básica Selic -referência para os juros praticados no mercado- no decorrer
do ano, ela não deve descer para nível muito abaixo do atual.
"O primeiro trimestre ainda
vai ser nebuloso, com as empresas apresentando seus balanços de 2008. Após isso, poderemos ter um panorama
mais claro", afirma Mauro Calil, professor e educador financeiro. "O mercado acionário é
uma boa opção, mas apenas se a
pessoa tiver paciência e puder
manter o dinheiro por mais
tempo aplicado. Bolsa é investimento de longo prazo."
A Bolsa de Valores de São
Paulo encerrou 2008 com desvalorização de 41,22%, tendo
sofrido sua mais forte baixa
desde 1972. Muitas empresas
perderam valor de mercado,
mesmo mantendo fundamentos sólidos. Por isso, tem sido
comum analistas afirmarem
que há muitas ações baratas.
A ação ON do Banco do Brasil, por exemplo, sofreu desvalorização de 49% no ano passado. Os papéis PN da Petrobras
amargaram perdas de 46%.
Mesmo com quedas que parecem exageradas, a Bovespa
pode demorar um bom tempo
ainda para retornar a seus melhores momentos. Em maio de
2008, o índice Ibovespa (que
agrupa as 66 ações brasileiras
mais negociadas) atingiu seu
pico histórico de 73.516 pontos.
Na sexta-feira passada, fechou
em 40.244 pontos. Ou seja, a
Bolsa precisa subir 82,7% para
voltar a seu topo.
Para Calil, quem vai necessitar de suas economias antes de
dezembro de 2009 deve se concentrar em fundos de renda fixa e em CDB. Já os que podem
deixar o dinheiro investido por
cerca de três anos seria interessante dividir as aplicações em
renda fixa e em Bolsa. Para
quem pensa em aplicações para
aproximadamente cinco anos,
aumentar as apostas em ações é
uma alternativa interessante,
segundo o professor.
Juros elevados
Em um momento em que as
principais economias do mundo têm reduzido suas taxas de
juros, o BC brasileiro tem mantido a sua. A taxa básica Selic
está em 13,75%, o que equivale
a juro real (descontada a inflação) em torno de 8% anuais -o
que faz do Brasil o país com o
maior juro real do planeta.
Ao menos para quem aplica
suas economias em fundos de
renda fixa e em CDB, esse cenário é interessante.
"Independentemente do cenário de redução de juros que
se projeta para este ano, aplicações como renda fixa, DI e CDB
vão se manter com retornos
bem atrativos", diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da
UpTrend Consultoria Econômica. Os CDBs (Certificados de
Depósito Bancário) são emitidos pelos bancos e oferecidos a
seus clientes. Ao aplicar em um
CDB, o cliente está, na realidade, emprestando dinheiro para
a instituição financeira. Para
tanto, recebe uma taxa de juros.
No ano passado, os bancos
estavam com dificuldades para
captar recursos no mercado de
capitais e passaram a oferecer
taxas de juros mais interessantes aos clientes, o que fez com
que muita gente saísse dos fundos de renda fixa para investir
em CDBs.
Como os bancos não devem
passar a conseguir recursos
com maior facilidade, tanto no
mercado local como no internacional, os juros dos CDBs devem se manter elevados por algum tempo. Na média, os CDBs
pagaram 11,8% em 2008.
Os fundos de renda fixa, que
são a maior categoria da indústria de fundos, renderam aproximadamente 12,8% em 2008.
Essas aplicações também pagam juros aos investidores.
Uma das vantagens dos
CDBs é que não cobram taxa de
administração -presente nos
fundos e que custam normalmente entre 1% e 4% ao ano.
Dólar
O dólar, apesar de ter se destacado no ano passado com valorização de 31,3%, pouco tem
sido buscado como forma de investimento. Nem mesmo os
fundos cambiais, que acompanham a oscilação da moeda,
têm atraído os investidores.
E, se depender da projeção
do mercado, a apreciação da
moeda americana não vai se
sustentar. A última pesquisa
realizada pelo Banco Central
mostra que a expectativa do
mercado financeiro é que o dólar esteja a R$ 2,25 no final de
2009 -na sexta-feira, a moeda
encerrou vendida a R$ 2,33.
A caderneta de poupança,
que rendeu 7,9% em 2008,
mantém-se como indicação aos
investidores mais conservadores, que não querem correr riscos nem buscar aplicações com
que não estão acostumados.
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