São Paulo, terça, 5 de janeiro de 1999

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TRABALHO
Decisão é ocupar a Ford hoje
Metalúrgicos vão resistir às demissões

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Os funcionários demitidos pela Ford em São Bernardo, na região do ABC paulista, poderão ocupar a fábrica da montadora hoje pela manhã, quando os empregados restantes retornam do período de férias coletivas.
Essa é a estratégia que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, escolheu para protestar contra as 2.800 demissões na empresa e forçar a montadora a abrir negociações para rever os cortes.
O número de demitidos representa 41% do efetivo da fábrica de São Bernardo.
O sindicato não descarta, por exemplo, negociar um acordo de redução de jornada e salários em troca da garantia de emprego, como aconteceu com a Volkswagen em dezembro.
As demissões foram anunciadas pela Ford antes do Natal e deveriam ter ocorrido ontem, mas o sindicato orientou os funcionários desligados a não seguirem as determinações da empresa.
Segundo sindicalistas, a montadora alugou um escritório em Santo André para a realização do exame médico nos demitidos e fazer o registro na carteira de trabalho.
"Somente poucos desavisados compareceram ao local", afirmou o presidente do sindicato dos metalúrgicos, Luiz Marinho.
A decisão de ocupar a fábrica hoje pela manhã foi tomada ontem.
A intenção é que todos os metalúrgicos de fábrica de São Bernardo (demitidos e empregados) estejam prontos para trabalhar normalmente em suas funções.
O sindicato não revela por quanto tempo eles ficarão na fábrica.
Também não foi revelado o que será feito se a segurança da montadora quiser impedir a entrada dos funcionários demitidos.
As decisões foram tomadas em uma reunião ontem na sede da entidade, da qual participaram sindicalistas e a maioria dos 2.800 demitidos, segundo Marinho.
A forma de protesto era para ter sido definida na assembléia realizada ontem pela manhã na porta da fábrica, na volta das férias coletivas, mas a montadora adiou o retorno para hoje e esvaziou o protesto, disse Marinho.
Para fazer a assembléia, os sindicalistas tiveram que abrir à força um portão do pátio da Ford que estava fechado.
Cerca de 3.000 metalúrgicos (a maioria demitidos) participaram da assembléia em São Bernardo, que contou com a participação do presidente nacional da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
De acordo com Luiz Marinho, a Ford chegou a instalar catracas eletrônicas na portaria da fábrica de São Bernardo.
O sindicalista espera que a empresa não tente bloquear a entrada de todos os empregados.
O sindicato tentou ontem entrar em contato com a direção da Ford, mas não obteve sucesso.
A assessoria de imprensa da Ford afirma que a empresa não tem nada a acrescentar ao comunicado enviado à imprensa em dezembro, quando anunciou as demissões.



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