|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Decisão é ocupar a Ford hoje
Metalúrgicos vão resistir às demissões
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
Os funcionários demitidos pela
Ford em São Bernardo, na região
do ABC paulista, poderão ocupar a
fábrica da montadora hoje pela
manhã, quando os empregados
restantes retornam do período de
férias coletivas.
Essa é a estratégia que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, escolheu para protestar
contra as 2.800 demissões na empresa e forçar a montadora a abrir
negociações para rever os cortes.
O número de demitidos representa 41% do efetivo da fábrica de
São Bernardo.
O sindicato não descarta, por
exemplo, negociar um acordo de
redução de jornada e salários em
troca da garantia de emprego, como aconteceu com a Volkswagen
em dezembro.
As demissões foram anunciadas
pela Ford antes do Natal e deveriam ter ocorrido ontem, mas o
sindicato orientou os funcionários
desligados a não seguirem as determinações da empresa.
Segundo sindicalistas, a montadora alugou um escritório em Santo André para a realização do exame médico nos demitidos e fazer o
registro na carteira de trabalho.
"Somente poucos desavisados
compareceram ao local", afirmou
o presidente do sindicato dos metalúrgicos, Luiz Marinho.
A decisão de ocupar a fábrica hoje pela manhã foi tomada ontem.
A intenção é que todos os metalúrgicos de fábrica de São Bernardo (demitidos e empregados) estejam prontos para trabalhar normalmente em suas funções.
O sindicato não revela por quanto tempo eles ficarão na fábrica.
Também não foi revelado o que
será feito se a segurança da montadora quiser impedir a entrada dos
funcionários demitidos.
As decisões foram tomadas em
uma reunião ontem na sede da entidade, da qual participaram sindicalistas e a maioria dos 2.800 demitidos, segundo Marinho.
A forma de protesto era para ter
sido definida na assembléia realizada ontem pela manhã na porta
da fábrica, na volta das férias coletivas, mas a montadora adiou o retorno para hoje e esvaziou o protesto, disse Marinho.
Para fazer a assembléia, os sindicalistas tiveram que abrir à força
um portão do pátio da Ford que estava fechado.
Cerca de 3.000 metalúrgicos (a
maioria demitidos) participaram
da assembléia em São Bernardo,
que contou com a participação do
presidente nacional da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
De acordo com Luiz Marinho, a
Ford chegou a instalar catracas eletrônicas na portaria da fábrica de
São Bernardo.
O sindicalista espera que a empresa não tente bloquear a entrada
de todos os empregados.
O sindicato tentou ontem entrar
em contato com a direção da Ford,
mas não obteve sucesso.
A assessoria de imprensa da Ford
afirma que a empresa não tem nada a acrescentar ao comunicado
enviado à imprensa em dezembro,
quando anunciou as demissões.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|