São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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Exportação a emergentes se estabiliza

Commodities lideram embarques, impulsionadas por preços em alta

País desenvolvido defende mais a própria economia; EUA reduzem importação de soja do Brasil em 89,65% no ano passado, diz ministério

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento do Ministério do Desenvolvimento, a pedido da Folha, mostra que a fatia de exportações para destinos considerados não-tradicionais vem seguindo estável nos últimos anos, apesar da ampliação das vendas para muitos países. Segundo os dados, a venda para mercados não-tradicionais passou de 37,81% a 38,82% de 2005 ao fim de 2007.
A lista dos principais produtos também indica que as commodities seguem como ponta de lança da pauta brasileira, impulsionadas pela alta recorde nos preços de muitas delas.
Se os emergentes compram mais, os mais desenvolvidos protegem mais suas economias. As vendas de soja para os Estados Unidos, por exemplo, caíram 89,65% no ano passado.
Na avaliação do governo, a estabilidade econômica vem provocando dois fenômenos no setor produtivo. Primeiro, o aumento da eficiência de setores com forte tendência exportadora, como as commodities agrícolas e metálicas. Segundo, migração da exportação de países desenvolvidos para mercados de menor potência.
"Uma conseqüência dessa política de governo é que a crise americana não nos afetou. Os produtores com experiência em exportar para os países tradicionais passam a exportar para os não-tradicionais", disse o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
Para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o setor de carnes será o protagonista de novos avanços nas vendas brasileiras nos próximos anos. "Não estou brincando. Se não houver programação, vai faltar boi. Quem quiser expandir a produção daqui a seis anos precisa começar agora", afirmou.

Preços
A venda de produtos básicos ou semimanufaturados impulsionou a entrada brasileira em mercados bastante diversos. Petróleo, ouro, prata, chumbo, urânio, carne, cacau e milho alcançaram preços altos em 2007. As cotações do trigo e da soja aumentaram 70% somente no ano passado.
De 2005 a 2007, enquanto as exportações brasileiras cresceram 35,49%, as vendas para Oriente Médio (49,22%), África (43,42%), Sudeste Asiático (47,11%), Ásia oriental (41,04%) e América Latina (35,64%) superaram essa taxa. Europa oriental (28,28%) e Caribe (19,6%) cresceram menos.
O professor de economia da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli avalia como positiva a diversificação das exportações brasileiras e considera bom o patamar de 40% das vendas se destinarem a mercados não-tradicionais. Mas alerta para um teto nas vendas e contaminação em eventual recessão da economia mundial.
"Não sei se dá para ampliar muito mais as vendas para esses países. A dimensão econômica deles é modesta, mas o risco não é só direto, é indireto também", disse Piscitelli.
Indagado sobre um teto nas vendas para países menores, Barral afirmou que o Brasil "está longe disso". "Nestes mercados, o exportador brasileiro enfrenta menos barreiras e tem maior competitividade", disse.


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