São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

"Spread" desvia foco da Selic, diz Tendências

Ao colocar em evidência a discussão sobre os "spreads" bancários, o governo tenta transferir a responsabilidade sobre os altos juros praticados no Brasil da política monetária do Banco Central para o setor bancário. A afirmação é de Márcio Nakane, coordenador técnico da Tendências.
Para ele, a alta do "spread" bancário nos últimos meses, mesmo sem a elevação da taxa básica de juros, é justificável pela crise econômica.
"Isso não é uma surpresa dada a conveniência política de tirar o foco da discussão da crise dos ombros do governo e jogar a responsabilidade para um setor que nunca gozou de grande popularidade na sociedade." Segundo Nakane, a redução da oferta de crédito e o aumento do risco dos empréstimos provocados pela crise tornam "plenamente justificável" a elevação do "spread" -diferença entre o custo para captação de recursos e as taxas pagas pelos clientes nos empréstimos bancários-, inclusive nos bancos públicos.
"A falta de liquidez fez com que os bancos cobrassem um prêmio de risco maior para emprestar", diz Nakane.
O economista ressalta que há efetivamente uma correlação entre a Selic e os "spreads". Portanto, os altos "spreads" praticados no Brasil são, em parte, consequência da elevada taxa básica de juros do país.
"Ao focar no "spread", o governo procura desviar a atenção da política monetária em geral e da Selic em particular."
Mesmo com a redução de um ponto percentual na taxa básica de juros feita na última reunião do Copom, Nakane não vê perspectivas para uma redução imediata nos "spreads".
"A situação de incerteza na economia não abre espaço para uma queda nos "spreads" bancários no curto prazo", afirma Nakane.
Segundo ele, a Tendências trabalha com uma estabilização dos "spreads" no primeiro trimestre deste ano no atual patamar de 30%. A expectativa da consultoria é que haja uma redução nas taxas bancárias a partir do segundo trimestre.
A projeção da Tendências é que os "spreads" encerrem 2009 em 25%.

"A situação de incerteza na economia não abre espaço para uma queda nos "spreads" bancários no curto prazo"
MÁRCIO NAKANE
coordenador técnico da Tendências


CARRO

Com exceção do GNV, a média de preços nacional dos combustíveis caiu em janeiro em relação a dezembro do ano passado, aponta levantamento da Ticket Car em 8.000 postos nos 27 Estados brasileiros. O álcool manteve a trajetória de queda dos últimos seis meses, que somam 2% de redução no valor médio cobrado, e fechou o mês cotado a R$ 1,811/litro -0,8% menos que em dezembro. O preço médio de gasolina, diesel e biodiesel também caiu em janeiro na comparação com dezembro e encerrou o mês com o litro ao custo de R$ 2,690, R$ 2,205 e R$ 2,202, respectivamente. O GNV manteve sua trajetória de alta, com aumento de 0,38% no mês e preço médio de R$ 1,824 por metro cúbico.

PETRÓLEO
Paulo Hartung, governador do Espírito Santo, contou a um grupo de empresários que não há mais armazéns no Estado disponíveis para guardar equipamentos para pesquisa de petróleo no Parque das Baleias. Segundo ele, falta até vaga nos portos para receber os navios que não param de chegar. "O pré-sal vai ser um importante impulso para o Estado", afirmou Hartung.

FAXINA
Circulam fortes rumores no mercado de que o banco Safra vai dispensar 400 pessoas hoje.

TRABALHO
A Odebrecht fecha hoje parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social para a qualificação profissional de beneficiários do Bolsa Família. A ideia é oferecer oportunidade de emprego nos canteiros de obras da Odebrecht no país, a começar pela usina Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, que no ponto mais alto de suas obras empregará 9.000.

TABU
Eduardo Anizelli/Folha Imagem
Marli Pereira da Silva, sócia da consultoria Logos Desenvolvimento Profissional, em São Paulo

As demissões em massa ainda estão longe do fim. A opinião é de Marli Pereira da Silva, sócia da consultoria Logos Desenvolvimento Profissional, que criou um programa para motivar os funcionários que permanecem empregados após os cortes. O programa, porém, não despertou interesse imediato. Para Silva, trata-se de um sinal de que muitas empresas ainda planejam fazer novas demissões. "Está acontecendo um tabu no mercado para falar do assunto. As empresas estão se fechando e cada uma dizendo que seu corte chegou ao fim, mas que ainda não há clima para fazer a motivação dos que ficaram."

TOMADA
A CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), associação civil de agentes das categorias de geração, distribuição e comercialização, contabilizou, desde setembro de 2000, 3.159.890 GWh de geração. Desde 2001, foram negociados por meio de leilões mais de R$ 453 bilhões. No mercado de curto prazo foi liquidado, de 2002 a 2008, um montante de R$ 15,3 bilhões.

GARFO
A IRB (Internacional Restaurantes do Brasil), que completa dez anos na gestão da Pizza Hut na Grande São Paulo, renova por mais dez anos o contrato de franquia com a Yum!. A empresa fechou 2008 com faturamento de R$ 50 milhões e espera aumentar o resultado em 15% neste ano.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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