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Obama limita salário de executivo que recebe ajuda
Dirigente de empresa socorrida pelo governo só poderá ganhar até US$ 500 mil/ ano
Ganho de executivos de bancos americanos que agora recebem bilhões em ajuda oficial chegou a dezenas de milhões por ano
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Os principais executivos de
empresas nos EUA que receberem daqui em diante ajuda governamental terão o salário limitado a US$ 500 mil ao ano
(ou R$ 133 mil ao mês).
A decisão foi anunciada ontem pelo presidente americano, Barack Obama. Trata-se de
uma antecipação ao novo pacote bilionário de ajuda a bancos e
empresas a ser anunciado nos
próximos dias.
Até agora, mais de 200 bancos e empresas receberam verbas públicas equivalentes a cerca de US$ 350 bilhões. Por enquanto, ficaram de fora da nova
regra, que valerá só para as ajudas adicionais. A limitação não
precisa ser aprovada pelo Congresso para entrar em vigor.
A nova regra vale para os
principais executivos de cada
companhia que receberá dinheiro público e bane o chamado "paraquedas de ouro" (altos
bônus em caso de afastamento
ou demissão) para os cinco
principais responsáveis.
Outros US$ 350 bilhões, pelo
menos, estão a caminho para
socorrer o setor bancário e industrial nos EUA. A expectativa
é que as novas regras e os detalhes da ajuda sejam anunciados
no início da semana que vem.
"Vivemos na América. Não
renegamos a riqueza e não invejamos quem consegue ser
bem-sucedido. E acreditamos
que o sucesso deva ser recompensado. Mas a América renega
os executivos recompensados
pelo seu fracasso, especialmente os subsidiados pelos contribuintes, que estão pessoalmente passando por tempos difíceis", disse Obama.
O anúncio foi feito ao lado do
secretário do Tesouro dos EUA,
Timothy Geithner, que deixou
de recolher milhares de dólares
em impostos e que quase teve
sua indicação rejeitada pelo Senado. Outros dois assessores de
Obama indicados para cargos
importantes desistiram do posto pelo mesmo motivo: sonegação de impostos.
Sobre os episódios, Obama
reconheceu que "screwed up"
(fez uma ""grande besteira").
Mas eles têm sido representativos dos novos tempos nos EUA.
A recessão já produziu 2,6 milhões de desempregados só no
ano passado, e o Estado pretende gastar bilhões de dólares dos
contribuintes para recuperar a
economia.
Salários
Nos EUA, a média salarial de
um funcionário do setor privado industrial no final do ano
passado estava em cerca de
US$ 36,7 mil ao ano (R$ 84,4
mil, ou R$ 7.000 mensais). Isso
considerando uma jornada de
40 horas semanais (nos EUA,
ela é geralmente maior).
Ou seja: os operários norte-americanos ganham hoje
anualmente pouco mais de 7%
do que Obama quer pagar aos
principais executivos das empresas assistidas com dinheiro
público.
Os US$ 500 mil anuais ainda
são, porém, apenas uma fração
do que os principais executivos
de bancos (hoje praticamente
falidos) receberam nos últimos
anos.
Kenneth Lewis, executivo-chefe do Bank of America (banco já beneficiado com US$ 45
bilhões, quase 25% das reservas
em dólares do Brasil), recebeu
mais de US$ 20 milhões em
2007 (US$ 5,75 milhões em dinheiro).
Vikram S. Pandit, que se tornou chefe do Citigroup (US$ 45
bilhões) em dezembro de 2007,
embolsou US$ 3,1 milhões. E
Rick Wagoner, principal executivo da General Motors, recebeu US$ 1,6 milhão em salário,
além de US$ 14.4 milhões em
ações e outros benefícios.
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