São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Obama limita salário de executivo que recebe ajuda

Dirigente de empresa socorrida pelo governo só poderá ganhar até US$ 500 mil/ ano

Ganho de executivos de bancos americanos que agora recebem bilhões em ajuda oficial chegou a dezenas de milhões por ano


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os principais executivos de empresas nos EUA que receberem daqui em diante ajuda governamental terão o salário limitado a US$ 500 mil ao ano (ou R$ 133 mil ao mês).
A decisão foi anunciada ontem pelo presidente americano, Barack Obama. Trata-se de uma antecipação ao novo pacote bilionário de ajuda a bancos e empresas a ser anunciado nos próximos dias.
Até agora, mais de 200 bancos e empresas receberam verbas públicas equivalentes a cerca de US$ 350 bilhões. Por enquanto, ficaram de fora da nova regra, que valerá só para as ajudas adicionais. A limitação não precisa ser aprovada pelo Congresso para entrar em vigor.
A nova regra vale para os principais executivos de cada companhia que receberá dinheiro público e bane o chamado "paraquedas de ouro" (altos bônus em caso de afastamento ou demissão) para os cinco principais responsáveis.
Outros US$ 350 bilhões, pelo menos, estão a caminho para socorrer o setor bancário e industrial nos EUA. A expectativa é que as novas regras e os detalhes da ajuda sejam anunciados no início da semana que vem.
"Vivemos na América. Não renegamos a riqueza e não invejamos quem consegue ser bem-sucedido. E acreditamos que o sucesso deva ser recompensado. Mas a América renega os executivos recompensados pelo seu fracasso, especialmente os subsidiados pelos contribuintes, que estão pessoalmente passando por tempos difíceis", disse Obama.
O anúncio foi feito ao lado do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, que deixou de recolher milhares de dólares em impostos e que quase teve sua indicação rejeitada pelo Senado. Outros dois assessores de Obama indicados para cargos importantes desistiram do posto pelo mesmo motivo: sonegação de impostos.
Sobre os episódios, Obama reconheceu que "screwed up" (fez uma ""grande besteira"). Mas eles têm sido representativos dos novos tempos nos EUA. A recessão já produziu 2,6 milhões de desempregados só no ano passado, e o Estado pretende gastar bilhões de dólares dos contribuintes para recuperar a economia.

Salários
Nos EUA, a média salarial de um funcionário do setor privado industrial no final do ano passado estava em cerca de US$ 36,7 mil ao ano (R$ 84,4 mil, ou R$ 7.000 mensais). Isso considerando uma jornada de 40 horas semanais (nos EUA, ela é geralmente maior).
Ou seja: os operários norte-americanos ganham hoje anualmente pouco mais de 7% do que Obama quer pagar aos principais executivos das empresas assistidas com dinheiro público.
Os US$ 500 mil anuais ainda são, porém, apenas uma fração do que os principais executivos de bancos (hoje praticamente falidos) receberam nos últimos anos.
Kenneth Lewis, executivo-chefe do Bank of America (banco já beneficiado com US$ 45 bilhões, quase 25% das reservas em dólares do Brasil), recebeu mais de US$ 20 milhões em 2007 (US$ 5,75 milhões em dinheiro).
Vikram S. Pandit, que se tornou chefe do Citigroup (US$ 45 bilhões) em dezembro de 2007, embolsou US$ 3,1 milhões. E Rick Wagoner, principal executivo da General Motors, recebeu US$ 1,6 milhão em salário, além de US$ 14.4 milhões em ações e outros benefícios.


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