São Paulo, sexta-feira, 05 de fevereiro de 2010

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Cresce temor com a dívida de países da zona do euro

Situação de Grécia, Portugal e Espanha preocupa investidores, e EUA têm dados ruins de emprego

DO "FINANCIAL TIMES"

Os abalos nos mercados mundiais ontem foram gerados novamente entre os países desenvolvidos, com dúvidas em relação a economias da zona do euro e à recuperação dos EUA.
Os mercados de Portugal, da Grécia e da Espanha foram os mais prejudicados, enquanto os temores dos investidores quanto às dívidas públicas cada vez mais altas desses países solapavam a confiança em suas economias e a capacidade de seus governos para custear crescente deficit orçamentário.
O dólar disparou para sua mais alta cotação ante o euro em mais de sete meses, US$ 1,37 (alta de 1,1%), enquanto os preços dos títulos do Tesouro dos EUA subiam. O índice Vix, que acompanha a volatilidade do índice S&P 500 de Nova York e costuma ser descrito como o barômetro do medo em Wall Street, saltou 17%.
As tentativas de Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), de estimular a confiança nas finanças públicas da região não funcionaram. Segundo Trichet, o deficit dos EUA deve atingir 10% do PIB do país neste ano, ante 6% na zona do euro.
Em semanas, os temores dos investidores, inicialmente concentrados na Grécia, espalharam-se para Portugal e Espanha e chegaram aos mercados de câmbio de EUA e Reino Unido, com forte queda nas Bolsas.
Os mercados de dívidas das chamadas economias periféricas europeias também sofrem pressão, com o alargamento considerável do ágio entre seus títulos e os da Alemanha, que são a referência de mercado.
Gary Jenkins, da Evolution Securities, disse que "os resultados das empresas podem estar fortes [nos EUA], mas os investidores estão preocupados com a possível moratória de um país europeu". Também preocupam as implicações do fim dos programas de ajuda nos EUA e no Reino Unido.
E números ruins do emprego nos EUA divulgados ontem elevaram os temores de que a recuperação pode ser mais lenta. O número de pedidos iniciais de seguro-desemprego cresceu para 480 mil na semana passada -a expectativa era de queda.
As preocupações continuam hoje, quando sai a pesquisa mensal de emprego nos EUA. Analistas estimam que 15 mil vagas foram criadas em janeiro, em um país que precisa criar 100 mil postos mensais só para atender as pessoas que ingressam no mercado de trabalho.
Além disso, o governo deve anunciar uma revisão nos dados de emprego nos últimos meses, que devem apontar que muito mais vagas foram eliminadas desde o início da recessão, no fim de 2007. Estima-se que o novo cálculo vai apontar que mais 800 mil vagas foram perdidas, totalizando 8 milhões a partir de dezembro de 2007.


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