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ANÁLISE
Fim de incentivo não alivia pressão
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por mais que o Ministério da
Fazenda acene com medidas
que tentam minimizar pressões sobre os preços ao longo
de 2010 -como aconteceu nesta semana com a redução de tributo para compensar mudanças na composição da gasolina-, o Banco Central está convencido de que os riscos para a
inflação aumentaram.
A retirada de incentivos fiscais dados no auge da crise financeira, já confirmada pelo
ministro Guido Mantega (Fazenda), também não é garantia
de alívio nos preços para o BC.
Ao contrário, nos cálculos
dos diretores que integram o
Copom, se for integralmente
confirmado o fim desses benefícios, os efeitos só serão plenamente sentidos no final do terceiro trimestre. E, ainda assim,
há dúvidas sobre esse efeito.
Com a economia crescendo de
forma acelerada, é difícil medir,
hoje, o impacto dessa medida.
Quando foram concedidos os
incentivos, a economia estava
em baixa, assim como o mercado de crédito. Agora, a situação
se inverteu e uma alta nos preços por causa do fim dos benefícios fiscais pode não ser traduzida necessariamente em redução brusca das vendas.
Por isso, enquanto parte do
governo pressiona para que o
BC não eleve os juros neste ano,
o banco discute o "timing" para
subir a taxa. Postergar algo que
é tido como inevitável só pode
gerar mais complicação, sobretudo num ano eleitoral, na avaliação do BC. Os diretores sabem que, se o feijão disparar ao
longo do ano, a culpa será do
BC. E o peso do preço dos produtos no bolso do consumidor
tem muito mais relevância do
que uma alta na taxa Selic.
Com a perspectiva de empresários e analistas financeiros de
que a inflação em 2010 superará o centro da meta de 4,5%, o
BC está de olho muito mais no
comportamento dos preços no
final do ano e no início de 2011
do que no mês que vem. Até
porque uma alta de juros leva
tempo para fazer efeito integral
na economia real.
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