São Paulo, sexta-feira, 05 de fevereiro de 2010

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ANÁLISE

Fim de incentivo não alivia pressão

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por mais que o Ministério da Fazenda acene com medidas que tentam minimizar pressões sobre os preços ao longo de 2010 -como aconteceu nesta semana com a redução de tributo para compensar mudanças na composição da gasolina-, o Banco Central está convencido de que os riscos para a inflação aumentaram.
A retirada de incentivos fiscais dados no auge da crise financeira, já confirmada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), também não é garantia de alívio nos preços para o BC.
Ao contrário, nos cálculos dos diretores que integram o Copom, se for integralmente confirmado o fim desses benefícios, os efeitos só serão plenamente sentidos no final do terceiro trimestre. E, ainda assim, há dúvidas sobre esse efeito. Com a economia crescendo de forma acelerada, é difícil medir, hoje, o impacto dessa medida.
Quando foram concedidos os incentivos, a economia estava em baixa, assim como o mercado de crédito. Agora, a situação se inverteu e uma alta nos preços por causa do fim dos benefícios fiscais pode não ser traduzida necessariamente em redução brusca das vendas.
Por isso, enquanto parte do governo pressiona para que o BC não eleve os juros neste ano, o banco discute o "timing" para subir a taxa. Postergar algo que é tido como inevitável só pode gerar mais complicação, sobretudo num ano eleitoral, na avaliação do BC. Os diretores sabem que, se o feijão disparar ao longo do ano, a culpa será do BC. E o peso do preço dos produtos no bolso do consumidor tem muito mais relevância do que uma alta na taxa Selic.
Com a perspectiva de empresários e analistas financeiros de que a inflação em 2010 superará o centro da meta de 4,5%, o BC está de olho muito mais no comportamento dos preços no final do ano e no início de 2011 do que no mês que vem. Até porque uma alta de juros leva tempo para fazer efeito integral na economia real.


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