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PAC concluiu só 40% das obras previstas em 3 anos
Em recursos liberados, índice foi de 63,3%, segundo balanço feito por Dilma
Para cumprir o planejado no lançamento do programa, em 2007, o governo Lula terá que aplicar, até o final deste ano, R$ 235 bilhões
LEILA COIMBRA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três anos depois do seu lançamento, o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
teve 63,3% de seus recursos liberados, um total de R$ 403,8
bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo governo.
Segundo o governo, 40,3%
das ações previstas foram concluídas, mas levantamento do
site Contas Abertas aponta que,
quando se leva em conta o número de obras prontas -dado
que não consta do balanço-, o
índice de conclusão chega a
10% dos cerca de 1.230 empreendimentos.
O balanço de três anos do
programa -criado em 2007 e
provavelmente o último apresentado pela ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência da República- mostra um avanço em
relação à divulgação anterior,
em outubro, que apontava o
cumprimento de apenas 32,9%
do planejado, com investimento de R$ 208,9 bilhões.
Apesar do avanço, para cumprir o planejado o governo terá
que chegar até o final do ano
com um investimento no PAC
de R$ 638 bilhões -R$ 235 bilhões, ou 36,7% do total, teriam
que ser aplicados nos próximos
11 meses. Significa um desembolso 74% maior do que foi realizado, em média, nos primeiros três anos do programa.
No início deste ano, de eleições presidenciais, os investimentos aceleraram: números
do Orçamento da União mostram que em janeiro o ritmo do
chamado PAC "orçamentário"
-o programa também inclui
recursos privados- foi bem
mais forte do que no mesmo
período do ano passado.
Nos primeiros 31 dias de
2010, o governo federal desembolsou quase R$ 1,2 bilhão em
empreendimentos do programa, duas vezes mais do que o
mesmo período de 2009.
Ontem, Dilma adotou um
tom de realizações, voltou a rebater as críticas da oposição e
disse que o governo Lula deixará com o PAC um "legado", um
"horizonte para o futuro".
A ministra disse que estava
satisfeita com o andamento das
obras, mas evitou prever em
quantos anos o governo atingirá 100%. Nas áreas de habitação e saneamento, disse Dilma,
o total de investimentos liberados superou a programação.
Do volume total aplicado em
todo o programa, R$ 126,3 bilhões foram investimentos do
governo e R$ 88,8 bilhões, do
setor privado. O setor mais
adiantado é o de habitação e saneamento, com obras concluídas que representam 66,4% dos
recursos previstos. Para a área
de logística e de energia, esse
índice foi de apenas 27,6%
O governo espera lançar a segunda fase do programa no final de março. Na prática, o PAC
2 será um pacote que vai amarrar projetos novos e velhos. Terá foco em grandes cidades.
Prática antiga
O balanço divulgado ontem
mantém a prática dos anúncios
anteriores de incluir no PAC
obras que já estavam em fase
avançada ou quase concluídas
quando o programa foi lançado,
em 2007. Além disso, recorre a
uma antiga maquiagem (a prorrogação dos cronogramas) para
colocar obras atrasadas na categoria das que estão no prazo.
A construção do trem de alta
velocidade entre Campinas
(SP) e Rio, por exemplo, tinha
leilão previsto em fevereiro de
2009 de acordo com o balanço
do início de 2008. Ontem, o leilão estava previsto para o segundo trimestre deste ano.
Dilma disse que o trem-bala
está garantido para as Olimpíadas de 2016, mas que pode ter
apenas trechos concluídos na
Copa de 2014. "Seguramente
[estará pronto] para a Olimpíada. Para a Copa, depende de
quem ganhar a licitação. Os
asiáticos têm uma prática, uma
cultura de fazer em tempo menor. Então, depende de quem
ganhar", afirmou a ministra.
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