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Itaipu perde participação no fornecimento de energia ao país
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Diante de limitações operacionais nas linhas de transmissão de Furnas, Itaipu perdeu
espaço no fornecimento da
energia consumida no país neste período de recordes de consumo. Se, em dezembro e janeiro, a usina vinha fornecendo
14% da energia consumida,
agora fornece pouco mais de
12%, segundo o ONS (Operador
Nacional do Sistema Elétrico).
Não que a usina esteja produzindo menos. Relatórios do
ONS mostram que a energia
fornecida pela hidrelétrica está
na mesma faixa de antes, entre
7.500 e 8.000 MW médios.
No entanto, conforme o diretor geral do ONS, Hermes
Chipp, a decisão visa a aliviar o
sistema, restringindo o risco de
uma sobrecarga.
Isso porque o fluxo em algumas linhas de transmissão que
trazem energia de Itaipu vem
sendo reduzido para que Furnas faça manutenções, o que foi
intensificado desde o último
apagão, em novembro. Uma
das possíveis causas apontadas
para o blecaute, na época, foi a
falha de equipamentos, chamados isoladores, por causa da
chuva, em três linhas.
Assim, a participação das usinas termelétricas, que era de
aproximadamente 2,5% no fornecimento da energia consumida no país, atingiu 4,12% na
última quarta-feira.
O problema de usar menos
Itaipu é que a energia da hidrelétrica é mais barata do que a
das termelétricas. Chipp estima que esse uso emergencial
custará R$ 80 milhões, a serem
repassados ao consumidor.
A precaução adicional com o
sistema, adotado pelo ONS, é
uma consequência do último
apagão. Desde então, o ONS
vem trabalhando com o critério
de "contingência tripla". Em
outras palavras, o planejamento da segurança da rede de
transmissão passou a ser feito
de forma a considerar alternativas para evitar blecaute na hipótese de três linhas de transmissão entrarem em curto ao
mesmo tempo.
O procedimento padrão de
segurança para o trecho onde
se originou o apagão é considerar a hipótese de saída de até
duas linhas, se o sistema está
funcionando de forma satisfatória. O problema é que, quando houve o apagão, saíram três
linhas, algo que, de acordo com
especialistas, é praticamente
impossível de acontecer em
condições normais.
"A decisão impõe um custo
adicional ao despachar essas
térmicas com o propósito de
precaução contra outro apagão,
devido aos problemas nos isoladores de Furnas. Mas deveríamos, consumidores e órgão
regulador [a Agência Nacional
de Energia Elétrica], avaliar
com mais cuidado esta atitude", diz o engenheiro eletricista
José Marangon, professor da
Universidade de Itajubá.
Não seria necessário ligar
térmicas para diminuir o fluxo
de eletricidade no trecho onde
houve o apagão, caso Furnas tivesse tomado as providências
há mais tempo, segundo o especialista. Procurada, Furnas não
quis comentar o assunto.
Importação
Ontem, o país atingiu, pelo
quarto dia, pico em geração de
energia. Foram solicitados, das
usinas do país, 70.654 MW, às
14h49, acima dos 70.400 MW
do dia anterior. E, pelo segundo
dia seguido, o país importou
energia da Argentina. Na quarta-feira, o vizinho forneceu 69
MW médios entre 13h38 e
16h57, o equivalente a 0,11% do
consumo brasileiro, energia suficiente para abastecer uma cidade com 200 mil habitantes.
Ontem também houve importação de energia, mas o ONS
não informou quanto. Antes
disso, não havia ocorrido, este
ano, nenhum episódio de importação do insumo do vizinho.
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