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MUNDO VIRTUAL
Site projeta um futuro diferente para a rua 25 de Março, ponto tradicional do atacado paulistano
Comércio popular cria "sacoleiro.com"
CÁTIA LASSALVIA
da Reportagem Local
As idas e vindas à rua 25 de Março -tradicional ponto dos "sacoleiros" e do comércio atacadista
da cidade de São Paulo- podem
estar com os dias contados.
Apesar de a Internet ainda ser
um artigo de luxo, sua popularização tende a se acelerar nos próximos anos, aproximando interesses e encurtando distâncias.
Lançado há dois meses, o site
"www.lotes25demarco.com.br"
nasceu de uma parceria entre os
amigos Wyllie Dachtelberg, comerciante há mais de seis anos, e
o engenheiro Andrés Natenzon.
"Nossa idéia foi tentar dinamizar o que já fazíamos: facilitar o
negócio de quem vende e de
quem compra no atacado", explica Dachtelberg.
O comprador pode ser um
grande atacadista, uma pequena
empresa ou até mesmo o "sacoleiro" que viaja dias para buscar
bons preços nas imediações da
rua 25 de Março.
"Quem determina preço, quantidade mínima e exigências em relação ao cliente é o fornecedor,
que anuncia gratuitamente todos
os produtos que quiser", conta
Natenzon. "Se o negócio for fechado, ganhamos 5%."
Fácil visualização
Os empresários investiram cerca de US$ 50 mil para colocar o site em funcionamento, criar um
banco de dados e manter uma estrutura de atualização diária. "O
negócio começou em janeiro e já
perdemos a noção do retorno,
pois cresceu além do esperado",
diz Natenzon.
O site foi concebido para ser fácil de navegar e não inibir o comprador pequeno, sem traquejo
virtual. Cada lote de produtos tem
uma foto e os dados em uma ficha. "Além disso, quando uma
pessoa tem uma loja ou uma banca com produtos de R$ 1,99, ela
faz um cadastro gratuito e recebe
diariamente as ofertas de venda
que entram com esse perfil", diz
Dachtelberg. "Isso vale para os 43
itens existentes e funciona como
uma auto-alimentação do site."
Distância
"Não podemos escapar da Internet. Pretendo comprar um
computador em breve", diz Belmiro Pereira Lopes, que carrega
mais sacolas do que pode, debaixo do sol intenso na rua 25 de
Março.
"Eu e minha mulher gastamos
R$ 60 para vir de Pindamonhangaba a cada 15 dias para fazer
compras. Pena que ainda não tenho condições de negociar pela
Internet", disse Lopes, que revende artigos de papelaria em sua cidade desde que perdeu o emprego de metalúrgico em 90.
O importador de alimentos Yoseph Hanoch teve boas impressões do comércio virtual. "Vendi
em 24 horas um lote com 750 bolos que não podia repassar a meus
clientes -grandes atacadistas para classe A- devido à data de validade estar muito próxima", conta Hanoch, proprietário da Beni
and Soonsfood Corporation.
Hanoch acha que o site tem a
grande vantagem de ser democrático. "Se o fornecedor permitir,
qualquer microrrevendedor pode
comprar sem necessidade de ter
cartão de crédito e de passar por
muita burocracia", diz ele.
Interessado em ampliar seu
rendimento, Osvaldo Reis e Silva,
dono de uma pequena livraria na
periferia de Olinda (PE), se cadastrou no site na sexta-feira. "Estou
interessado em comprar produtos bem baratos, do tipo R$ 1,99,
para colocar em uma banca na
frente da loja", conta Silva.
"Comprei o computador para
me divertir e, mesmo sem saber
usá-lo direito, acho que é uma
maneira confortável e rápida de
pesquisar coisas que preciso comprar."
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