São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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Já se fala sobre saída de ministros

DE BUENOS AIRES

O governo do presidente Eduardo Duhalde mal acabou de completar dois meses e as especulações sobre mudanças iminentes em seu gabinete ganham força a cada dia. Jorge Capitanich, chefe de gabinete, e José Ignácio de Mendiguren, ministro da Produção, são os mais cotados para deixar o governo.
O fato de Capitanich ter sido deixado de fora das negociações do novo pacto fiscal com as províncias, realizadas na semana passada, foi encarado pelos analistas políticos consultados pela Folha como um forte sinal da falta de prestígio que o chefe de gabinete enfrenta atualmente.
"O governo tem de analisar com muito cuidado uma mudança no gabinete neste momento, que pode ser negativa para sua imagem. Não podemos esquecer que o governo ainda vai iniciar a negociação com o FMI para conseguir um pacote de socorro econômico que é vital", afirma o analista político Ricardo Rouvier.
Além da falta de pulso, Capitanich tem sido criticado por aparecer excessivamente na mídia. A vaga de senador do ministro continua à sua espera, pois o Senado não chegou nem a votar a licença que ele solicitou.

Colônia
"Há setores que têm um forte desejo de que eu fracasse. Alguns bancos estrangeiros jogam para que a Argentina seja uma colônia por meio da dolarização da economia. Não sou um homem da política. Estou cumprindo uma função a pedido do presidente", afirmou Mendiguren ao ser questionado sobre sua permanência no governo.
Para o lugar de Capitanich, o governador de Córdoba, José Manoel de la Sota, tem sido lembrado. Essa seria uma forma de o governo acalmar De la Sota, que tem aparecido como o principal panfletário do adiantamento das eleições para presidente, marcada para setembro de 2003.
Quando Duhalde ainda formava seu gabinete, no início do ano, o governador de Córdoba foi cogitado para assumir a vaga que ficou com Capitanich.
A rápida definição do acordo fiscal com as províncias e a chegada da missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) deram novo fôlego ao ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov.
Mais de uma vez, na semana passada, o ministro se sentiu obrigado a afirmar que não renunciaria a seu cargo.
O ministro do Interior, Rodolfo Gabrielli, também tem sido cotado como um forte candidato a ser dispensado do governo.
A favor de sua permanência na administração, Gabrielli conta com sua participação ativa na negociação realizada com as províncias, ao lado de Lenicov. (FV)


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