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TURBULÊNCIA GLOBAL
Investidor deve manter sangue-frio, dizem especialistas
Analistas lembram que os movimentos das Bolsas de Valores são cíclicos e que aplicações sempre trazem riscos
Vender ações e fugir do mercado nesse momento significa prejuízos, pois ninguém pode prever até quando vai a instabilidade
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro mundial sofreu um forte solavanco
na semana passada. Para a Bolsa de Valores de São Paulo, o resultado foi amargo, o que assustou os investidores que têm encontrado no mercado acionário
um destino para parte de suas
economias.
Sangue-frio é o principal
conselho que os analistas e gestores dão aos investidores em
um momento como esse. Ninguém pode prever quando a
Bolsa retomará a rota de alta
nem o quanto o mercado ainda
pode cair. Mas vender ações e
fugir do mercado significa ter
que assumir os prejuízos.
Apenas na semana passada, a
Bovespa acumulou uma desvalorização de 7,92%.
"Nesses movimentos bruscos, não é indicado que o investidor fuja do mercado. Se fizer
isso, vai ter de aceitar o prejuízo", afirma o administrador de
investimentos Fábio Colombo.
No último dia 22, a Bovespa
comemorava a quebra de mais
um recorde, ao encerrar o pregão com inéditos 46.452 pontos. Na última sexta-feira, registrava 42.369 pontos -ou
8,8% a menos. Os pontos oscilam de acordo com o valor das
ações mais negociadas.
"O problema é que muita
gente acaba por entrar na Bolsa
quando ela está em seus mais
altos níveis. Se tem de enfrentar um momento de turbulência como o atual, acaba por se
assustar com a queda repentina
e sai", diz Colombo.
Dados computados pela Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento) mostram que os fundos de ações
não sofreram uma correria de
saques na terça, pior dia do
mercado na semana passada,
como muitos temiam. Pelo
contrário.
Naquela terça negra -quando a Bolsa caiu 6,63% e teve seu
pior pregão desde a semana dos
atentados de 11 de setembro de
2001- os fundos de ações registraram captação líquida positiva de R$ 30,78 milhões. A
captação líquida é a diferença
entre o sacado e o aplicado.
O que chama a atenção é que
os fundos PIBB (aplicações
montadas com ações do
BNDES) tiveram captação líquida negativa, sendo a categoria, dentro do mercado acionário, que mais sofreu perdas de
recursos no dia. E esses fundos
foram montados para atender o
pequeno investidor.
Os fundos PIBB (Papéis Índice Brasil Bovespa) sofreram saques líquidos de R$ 24,95 milhões na terça passada.
"Às vezes, as pessoas se esquecem do fato de que mercado
de ações sempre vai carregar
riscos. A semana foi uma mostra do que pode ocorrer na Bolsa", diz Mauro Halfeld, economista e professor da Universidade Federal do Paraná.
Os analistas lembram que os
movimentos das Bolsas de Valores são cíclicos. Há períodos
de valorizações rápidas e fortes,
acima de outros investimentos,
e outros em que bruscas quedas
estragam os resultados.
Alguns exemplos recentes
mostram essa montanha-russa
que caracteriza o mercado
acionário: em 98 a Bovespa caiu
33,4%; em 99 subiu 151,9%; em
2002 perdeu 17%; e em 2003
teve alta de 97%.
"Para quem está na Bolsa há
mais tempo, entrou nos últimos dois ou três anos, essa queda atual não é o fim do mundo.
Pode até relaxar um pouco
mais", avalia Halfeld.
Um fato importante é que as
perdas recentes da Bovespa
não estão ligadas a problemas
brasileiros. A baixa dos últimos
dias abalou todo o mercado
acionário, sendo uma correção
técnica global.
"Mas para quem estava com
uma parcela muito elevada de
suas economias aplicadas em
ações, talvez seja bom reavaliar
suas opções e mesmo aceitar
parte do prejuízo", diz Halfeld.
Analistas aconselham que o
investidor mantenha algo em
torno de até 30% de suas economias aplicadas no mercado
acionário como forma de proteger seus recursos.
Nesses dias em que a queda
do mercado acionário tem sido
constantemente noticiada, o
investidor deve estar atento aos
resultados de suas aplicações.
É que o resultado de cada
fundo é diferente, dependendo
dos papéis que o formam.
O resultado final do mês de
fevereiro ilustra bem isso. Mesmo com a maioria dos fundos
de ações tendo amargado perdas no mês recém-encerrado,
houve resultados positivos.
Os fundos FGTS/Vale do Rio
Doce, por exemplo, viram sua
rentabilidade encolher nos últimos dias de fevereiro, mas
conseguiram terminar o mês
com rentabilidade média bastante positiva, de 2,25%, segundo o site Fortuna.
Já os fundos FGTS/Petrobras ficaram na outra ponta e
terminaram fevereiro com desvalorização de 6,84%.
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