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China diz que estímulo fará país crescer 8% neste ano
Premiê vai ao Congresso Nacional do Povo detalhar medidas para acelerar a economia
Previsão de crescimento do governo supera a dos economistas; expectativa em relação a novas medidas animou Bolsas pelo mundo
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O primeiro-ministro chinês,
Wen Jibao, afirmou que a economia da China deverá crescer
8% neste ano, a despeito da crise global. O anúncio foi feito
hoje pela manhã (horário da
China), na abertura do encontro do Congresso Nacional do
Povo, o Legislativo chinês, que
se reúne uma vez por ano.
Havia a expectativa de que o
governo dobrasse o pacote de
estímulo de 4 trilhões de yuans
(R$ 1,39 trilhão, ou três vezes o
total das exportações brasileiras em um ano), anunciado em
novembro. Os rumores da duplicação e de que saísse a previsão de mais investimentos em
infraestrutura foram dois dos
motivos para a valorização ontem das principais Bolsas no
mundo (leia à pág. B10).
Até o fechamento desta edição, no entanto, a ampliação do
pacote não havia sido anunciada no início do encontro anual.
A estimativa de crescimento
da economia feita pelo primeiro-ministro é maior que os 6%
ou 7% previstos pela maioria
dos economistas, mais pessimistas. Oito é número da sorte
e da fortuna para os chineses. O
governo costuma dizer que, se a
economia cresce abaixo desse
número, é impossível gerar empregos para os 15 milhões de
chineses que trocam o campo
pelas cidades por ano e para os
7 milhões que se formam na
universidade anualmente.
Jiabao também disse ontem
que o déficit orçamentário do
país deve crescer para 950 bilhões de yuans (US$ 138 bilhões), quase 3% do PIB chinês.
A economia chinesa, a terceira maior do mundo, deve ser a
única entre as grandes a crescer
neste ano entre 6% e 8%, bem
abaixo dos 11,9% de 2007.
As exportações caíram 17,5%
em janeiro em relação a 2008 e
devem continuar a cair, segundo economistas, com a recessão
nos mercados americano e europeu, responsáveis por mais
de 50% das vendas chinesas.
O BC chinês baixou cinco vezes a taxa de juros desde setembro, e o número de empréstimos em fevereiro deve ser recorde -US$ 161 bilhões.
"Houve mais venda de apartamentos em fevereiro e alguns
preços de matérias-primas voltaram a subir, mas é cedo para
falar de recuperação. O consumo privado e os investimentos
ainda estão em queda", diz o
economista Ben Simpfendorfer, do RBS, em Hong Kong.
Consumo e transparência
Apesar de a discussão no
Congresso chinês ser meramente formal -a agenda é estabelecida pelo Partido Comunista, responsável pela aprovação dos 2.987 delegados, que
sempre dizem sim ao que a liderança sugere-, o pacote provocou forte debate no partido.
Lideranças comunistas sugerem investimentos em grandes
obras de infraestrutura para
empregar parte dos 20 milhões
de migrantes rurais que perderam o emprego no ano passado
pela crise na construção civil e
nas indústrias exportadoras.
Mas diversos economistas
criticam em público tal "receita
velha". A economia chinesa deveria ser menos dependente de
investimentos e exportações,
com o comércio global em contração, e tentar fortalecer o
consumo doméstico. Preocupado com a corrupção, um grupo de veteranos do Partido Comunista escreveu ao presidente chinês, Hu Jintao, pedindo
transparência e responsabilidade na aplicação do pacote.
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