São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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entrevista

Consumo do país precisa crescer, afirma professor

DE PEQUIM

A China precisa fazer um grande ajuste para reduzir sua "capacidade excessiva de produção". "Se continuar a produzir tanto e a exportar tudo, haverá uma guerra comercial", disse à Folha o economista americano Michael Pettis, 50, professor da Universidade de Pequim.
O economista se diz pessimista. Ele acha que serão necessários muitos anos para que a China se transforme em um grande mercado consumidor e que o pacote de estímulo não pode mais uma vez focar na produção e nas obras de infraestrutura.
"Os EUA e a China são as duas pontas de um sistema que precisa ser ajustado."
Há sete anos na China, Pettis também é conhecido por ter criado a principal casa de shows de rock de Pequim, a D22. Ele recebeu a Folha em seu escritório na Universidade de Pequim. (RAUL JUSTE LORES)

 


OPOSTO DOS EUA
A China sofre por ser o reverso dos EUA. Os americanos tiveram crédito infinito para seus consumidores, que não pararam de gastar, enquanto os chineses tiveram crédito infinito para produzir. Agora, houve um colapso do comércio, dos mercados para os quais a China vende, mas não há consumo interno para absorver essa produção excessiva. O risco é a China querer exportar o excedente de qualquer jeito e provocar um protecionismo contra o país em escala global.

CONTRAÇÃO GLOBAL
Como na Grande Depressão, de 1929, o mundo vive uma contração. A balança global de pagamentos precisa ser ajustada. Como atores-chave desse desequilíbrio, os EUA e a China precisam reconhecer seus papéis para resolver a crise. Os EUA precisam reduzir o gasto e seu consumo excessivo e a China precisa reduzir sua capacidade produtiva excessiva.

NOVO BRASIL
Na gestão do presidente Hu Jintao, a renda rural cresce, mas a diferença entre a vida no campo e na cidade é enorme. Talvez a China já seja hoje até mais desigual que o Brasil, o que é incrível. A porcentagem do PIB que fica nas mãos dos trabalhadores diminuiu na última década.


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