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INDÚSTRIA
Montadoras venderam no mercado interno em fevereiro apenas 36 mil unidades, 51,6% menos do que em janeiro
Venda de automóveis recua ao nível de 92
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
As vendas no
atacado da indústria automobilística registraram em fevereiro passado o
pior resultado
desde março de
92.
As montadoras venderam no
mercado interno durante o mês
passado apenas 36 mil unidades,
51,6% menos do que em janeiro.
Em relação a fevereiro do ano
passado, quando foram comercializados no atacado 84 mil veículos,
a queda nas vendas chega a 57%.
Foi o pior mês de fevereiro desde
1971, ou seja, em 28 anos.
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores), José Carlos Pinheiro Neto, explicou que a
queda nas vendas ocorreu em
grande parte pela expectativa criada em torno do acordo emergencial do setor automotivo, que vai
abaixar os preços dos veículos por
meio de redução do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados).
A produção de veículos em fevereiro ficou em 83,9 mil unidades,
4% abaixo do nível de janeiro e
31% menor do que no mesmo mês
do ano passado.
Grande parte da produção das
montadoras não foi faturada para
as concessionárias. As empresas
aguardaram o fechamento do
acordo emergencial, que ocorreu
em 27 de fevereiro, para se beneficiarem da alíquota menor de IPI.
O resultado foi o aumento do estoque de veículos nos pátios das
montadoras, que passou de 36 mil
unidades, em janeiro, para 73 mil
em fevereiro. Esse volume corresponde a aproximadamente dois
meses de vendas.
Nas concessionários, houve o
movimento contrário. O estoque
em poder da rede caiu de 80 mil
unidades, em janeiro, para 67 mil
unidades.
O estoque total de veículos chegou a somar 140 mil unidades, que
equivale a 107 dias de venda, um
dos maiores dos últimos anos.
A desvalorização cambial, que
deveria tornar o carro produzido
no Brasil mais competitivo no exterior, ainda não causou o efeito
esperado nas vendas ao mercado
internacional.
Foram vendidas ao exterior
12.942 unidades em fevereiro,
5,2% a mais do que em janeiro.
Esse resultado, entretanto, é 64%
menor do que as exportações de
fevereiro do ano passado.
O valor obtido com as exportações em fevereiro, de US$ 231,8 milhões, ficou praticamente estável
em relação ao mês anterior.
Pinheiro Neto afirmou que as
montadoras estavam prevendo
um aumento de 10% nas exportações deste ano, que deverão proporcionar uma receita de US$ 5,5
bilhões caso sejam confirmadas.
"Todas montadoras estarão exportando mais já em março e
abril", disse Pinheiro Neto.
As montadoras calculam que,
para uma desvalorização de 40%
do real em relação ao dólar, o preço do carro nacional fica cerca de
20% mais barato.
O fim do regime especial de crédito de IPI aos exportadores,
anunciado anteontem, pode prejudicar as exportações.
A Anfavea também está prevendo uma nova rodada de negociações com as montadoras instaladas na Argentina, de forma a encontrar soluções para evitar um
desequilíbrio significativo no comércio bilateral de veículos.
A maior parte da produção argentina de veículos destinava-se ao
Brasil e a desvalorização cambial
praticamente inviabiliza as exportações do país vizinho.
"O importante é que esta discussão seja realizada em um fórum específico, para não travar outras negociações no âmbito do Mercosul", avalia Pinheiro Neto.
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