São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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INDÚSTRIA
Montadoras venderam no mercado interno em fevereiro apenas 36 mil unidades, 51,6% menos do que em janeiro
Venda de automóveis recua ao nível de 92

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

As vendas no atacado da indústria automobilística registraram em fevereiro passado o pior resultado desde março de 92.
As montadoras venderam no mercado interno durante o mês passado apenas 36 mil unidades, 51,6% menos do que em janeiro.
Em relação a fevereiro do ano passado, quando foram comercializados no atacado 84 mil veículos, a queda nas vendas chega a 57%. Foi o pior mês de fevereiro desde 1971, ou seja, em 28 anos.
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), José Carlos Pinheiro Neto, explicou que a queda nas vendas ocorreu em grande parte pela expectativa criada em torno do acordo emergencial do setor automotivo, que vai abaixar os preços dos veículos por meio de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
A produção de veículos em fevereiro ficou em 83,9 mil unidades, 4% abaixo do nível de janeiro e 31% menor do que no mesmo mês do ano passado.
Grande parte da produção das montadoras não foi faturada para as concessionárias. As empresas aguardaram o fechamento do acordo emergencial, que ocorreu em 27 de fevereiro, para se beneficiarem da alíquota menor de IPI.
O resultado foi o aumento do estoque de veículos nos pátios das montadoras, que passou de 36 mil unidades, em janeiro, para 73 mil em fevereiro. Esse volume corresponde a aproximadamente dois meses de vendas.
Nas concessionários, houve o movimento contrário. O estoque em poder da rede caiu de 80 mil unidades, em janeiro, para 67 mil unidades.
O estoque total de veículos chegou a somar 140 mil unidades, que equivale a 107 dias de venda, um dos maiores dos últimos anos.
A desvalorização cambial, que deveria tornar o carro produzido no Brasil mais competitivo no exterior, ainda não causou o efeito esperado nas vendas ao mercado internacional.
Foram vendidas ao exterior 12.942 unidades em fevereiro, 5,2% a mais do que em janeiro.
Esse resultado, entretanto, é 64% menor do que as exportações de fevereiro do ano passado.
O valor obtido com as exportações em fevereiro, de US$ 231,8 milhões, ficou praticamente estável em relação ao mês anterior.
Pinheiro Neto afirmou que as montadoras estavam prevendo um aumento de 10% nas exportações deste ano, que deverão proporcionar uma receita de US$ 5,5 bilhões caso sejam confirmadas.
"Todas montadoras estarão exportando mais já em março e abril", disse Pinheiro Neto.
As montadoras calculam que, para uma desvalorização de 40% do real em relação ao dólar, o preço do carro nacional fica cerca de 20% mais barato.
O fim do regime especial de crédito de IPI aos exportadores, anunciado anteontem, pode prejudicar as exportações.
A Anfavea também está prevendo uma nova rodada de negociações com as montadoras instaladas na Argentina, de forma a encontrar soluções para evitar um desequilíbrio significativo no comércio bilateral de veículos.
A maior parte da produção argentina de veículos destinava-se ao Brasil e a desvalorização cambial praticamente inviabiliza as exportações do país vizinho.
"O importante é que esta discussão seja realizada em um fórum específico, para não travar outras negociações no âmbito do Mercosul", avalia Pinheiro Neto.


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