São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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PETRÓLEO
Desvalorização do real motivou reajuste; consumidor vai pagar a conta, segundo associação dos postos de SP
Combustíveis aumentam 6,5% no dia 11

da Sucursal de Brasília

O governo anunciou ontem um aumento generalizado no preço dos combustíveis, que entra em vigor a partir da 0h do próximo dia 11. O reajuste é uma decorrência da desvalorização do real.
Gasolina, óleo diesel, GLP (gás de cozinha) e outros óleos combustíveis serão reajustados nas refinarias em 11,5%. O querosene de aviação terá reajuste de 20%, também no preço praticado pelas refinarias. O álcool não subirá.
A equipe econômica acredita que, para o consumidor, o impacto do reajuste será de 6,5%, em média. Em relação ao óleo diesel, o reajuste será de 7,2%, em média.
Esses percentuais são uma simples estimativa do governo, pois os preços praticados pelos postos estão liberados desde 96.
Segundo Victor Ramalho Pedro, presidente da Associação Paulista do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de São Paulo, desta vez o reajuste terá de ser repassado totalmente ao preço final.
"O consumidor vai pagar o aumento. Nas outras vezes até que deu para segurar parte do reajuste. Agora não será possível -o que a distribuidora cobrar a mais será jogado no preço final."
Além do reajuste dos combustíveis, os postos vão ter outro custo adicional, segundo Ramalho: é o dissídio coletivo dos frentistas, a partir de 1º deste mês.

Mais 0,26% de inflação
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Cláudio Considera, disse que o preço dos combustíveis poderá ser reajustado novamente caso a cotação do dólar fique próxima de R$ 2,10.
Esse é o segundo reajuste dos preços dos combustíveis neste ano. No início de fevereiro, os postos reajustaram seus preços em aproximadamente 3% por causa do aumento da alíquota da Cofins de 2% para 3%.
Em dezembro de 98, o governo reajustou o preço das refinarias em 10%, com impacto médio de 5% no preço praticado pelos postos. Na última sexta-feira, a nafta (matéria-prima do setor petroquímico) foi reajustada em 25,82%.

Impacto da desvalorização
A desvalorização do real levou ao reajuste do preço dos combustíveis por causa da PPE (Parcela de Preço Específico), um mecanismo contábil da Petrobrás que registra o lucro da estatal com a compra de petróleo no exterior e a venda de combustível no pais.
Com a queda do real em relação ao dólar, a PPE foi afetada -40% do petróleo é importado- e comprometeu a meta de produzir um ganho de R$ 4,9 bilhões para o Tesouro no contexto do esforço fiscal que o governo tenta implementar.
Com o reajuste anunciado ontem, a equipe econômica pretende recompor a PPE. "Esses aumentos são necessários por causa da mudança do regime cambial. A recomposição da PPE serviu de base para o reajuste", disse Considera.
O secretário se recusou a revelar o impacto da desvalorização do real na PPE e, consequentemente, qual será o ganho com o reajuste anunciado ontem.
A PPE também é utilizada para custear os subsídios à produção de álcool e ao transporte de combustível a algumas regiões do país.
Considera também não revelou que cotação do dólar a equipe econômica utilizou para determinar o reajuste. Apenas disse que foi menor do que R$ 1,70.


Colaborou a Reportagem Local



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