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PETRÓLEO
Desvalorização do real motivou reajuste; consumidor vai pagar a conta, segundo associação dos postos de SP
Combustíveis aumentam 6,5% no dia 11
da Sucursal de Brasília
O governo anunciou ontem um
aumento generalizado no preço
dos combustíveis, que entra em vigor a partir da 0h do próximo dia
11. O reajuste é uma decorrência da
desvalorização do real.
Gasolina, óleo diesel, GLP (gás de
cozinha) e outros óleos combustíveis serão reajustados nas refinarias em 11,5%. O querosene de
aviação terá reajuste de 20%, também no preço praticado pelas refinarias. O álcool não subirá.
A equipe econômica acredita
que, para o consumidor, o impacto
do reajuste será de 6,5%, em média. Em relação ao óleo diesel, o
reajuste será de 7,2%, em média.
Esses percentuais são uma simples estimativa do governo, pois os
preços praticados pelos postos estão liberados desde 96.
Segundo Victor Ramalho Pedro,
presidente da Associação Paulista
do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de São Paulo,
desta vez o reajuste terá de ser repassado totalmente ao preço final.
"O consumidor vai pagar o aumento. Nas outras vezes até que
deu para segurar parte do reajuste.
Agora não será possível -o que a
distribuidora cobrar a mais será
jogado no preço final."
Além do reajuste dos combustíveis, os postos vão ter outro custo
adicional, segundo Ramalho: é o
dissídio coletivo dos frentistas, a
partir de 1º deste mês.
Mais 0,26% de inflação
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Cláudio Considera, disse
que o preço dos combustíveis poderá ser reajustado novamente caso a cotação do dólar fique próxima de R$ 2,10.
Esse é o segundo reajuste dos
preços dos combustíveis neste
ano. No início de fevereiro, os postos reajustaram seus preços em
aproximadamente 3% por causa
do aumento da alíquota da Cofins
de 2% para 3%.
Em dezembro de 98, o governo
reajustou o preço das refinarias em
10%, com impacto médio de 5% no
preço praticado pelos postos. Na
última sexta-feira, a nafta (matéria-prima do setor petroquímico)
foi reajustada em 25,82%.
Impacto da desvalorização
A desvalorização do real levou ao
reajuste do preço dos combustíveis por causa da PPE (Parcela de
Preço Específico), um mecanismo
contábil da Petrobrás que registra
o lucro da estatal com a compra de
petróleo no exterior e a venda de
combustível no pais.
Com a queda do real em relação
ao dólar, a PPE foi afetada -40%
do petróleo é importado- e comprometeu a meta de produzir um
ganho de R$ 4,9 bilhões para o Tesouro no contexto do esforço fiscal
que o governo tenta implementar.
Com o reajuste anunciado ontem, a equipe econômica pretende
recompor a PPE. "Esses aumentos
são necessários por causa da mudança do regime cambial. A recomposição da PPE serviu de base
para o reajuste", disse Considera.
O secretário se recusou a revelar
o impacto da desvalorização do
real na PPE e, consequentemente,
qual será o ganho com o reajuste
anunciado ontem.
A PPE também é utilizada para
custear os subsídios à produção de
álcool e ao transporte de combustível a algumas regiões do país.
Considera também não revelou
que cotação do dólar a equipe econômica utilizou para determinar o
reajuste. Apenas disse que foi menor do que R$ 1,70.
Colaborou a Reportagem Local
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